A gestão da reitora Rozana Naves e do vice-reitor Márcio Muniz completou seu primeiro ano em novembro. Ao longo dos primeiros doze meses de trabalho, a administração superior já registra diversas conquistas, que reforçam o compromisso da instituição com a democracia, a inclusão, a sustentabilidade e o desenvolvimento da ciência.
Um dos marcos deste período foi o processo de diálogo e construção coletiva que levou à renegociação dos preços das refeições no Restaurante Universitário (RU). Integrando as ações de fortalecimento, permanência e inclusão, a revisão dos preços e a manutenção da isenção para mais de 11 mil estudantes em vulnerabilidade é um grande avanço para a instituição.
“A renegociação dos preços do RU é uma das metas do nosso programa de gestão, que entregamos à comunidade nesse primeiro ano. Essa proposta tem como principal impacto ampliar a permanência estudantil”, salienta a reitora Rozana Naves. Para viabilizar o processo, um Grupo de Trabalho estruturado pela Reitoria instituiu uma comissão com representantes de diferentes setores.
O GT é composto por servidores técnico-administrativos, estudantes de graduação e pós-graduação e pela administração superior, e sua criação garantiu uma análise ampla e participativa da situação, possibilitando uma visão completa das necessidades e limitações envolvidas no processo de renegociação.
“O nosso maior desafio foi equilibrar a demanda legítima dos estudantes por refeições mais baratas, com a necessidade de manter a sustentabilidade financeira, diante do orçamento limitado”, conta Lucas Teles, assessor do Decanato de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional (DPO) e presidente do GT. Para ele, o entendimento mútuo foi crucial para avançar de forma colaborativa e chegar a uma proposta viável.
Desde 2018, quando os valores atuais foram estabelecidos, não havia negociações sobre o tema. Assim o GT elaborou três cenários, submetidos à votação estudantil, e o escolhido recebeu 49% dos votos. “Foi criada uma faixa adicional de preço para os estudantes que ingressaram por cotas e não estão contemplados na Política Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), além de terem sido ampliados os subsídios para todos os demais estudantes”, comenta a reitora.
Assim, o modelo de diálogo participativo tornou-se símbolo do compromisso da administração com a escuta ativa, a mediação de conflitos e de colaboração com comunidade acadêmica, ao permitir que o tema fosse analisado de forma técnica, transparente e com envolvimento estudantil. “Houve realmente uma mobilização estudantil e participação na escolha dos novos preços, dentro dos nossos grupos do RU”, afirma Amanda Oliveira, graduanda em História.
Ela e o amigo João Paulo, estudante de Contabilidade, costumam almoçar e jantar todos os dias no RU, pagando o valor de R$ 6,10 por refeição. "Por não ter condições de comer em outro local e não poder voltar para casa, nossa única opção é o RU. A redução vai tornar o preço muito mais acessível”, comenta a discente. Para João, sempre houve uma pressão sobre a reitoria para a redução dos valores, mas "houve um esforço da administração superior atual em dar espaço para escuta das críticas dos estudantes."
MUDANÇA – Com as alterações em vista, que tendem a ser aprovadas pelo Conselho de Administração (CAD) da UnB ainda em dezembro, aproximadamente 8,5 mil estudantes oriundos de escolas públicas sem vínculo com o Pnaes ou bolsistas de modalidades específicas pagarão R$ 1,50 no café da manhã e R$ 2,50 no almoço ou jantar. Para os demais estudantes, os novos valores serão R$ 2,00 e RS 4,50, respectivamente.
Atualmente, as refeições custam R$ 2,85 para o café e R$ 6,10 no almoço e jantar. Assim, a redução representa uma variação de 26% a 59%, dependendo do perfil do estudante e da refeição. Para garantir a sustentabilidade financeira do RU, mesmo com a redução das tarifas, foi realizada uma análise cuidadosa do orçamento, com aprimoramento da gestão dos recursos disponíveis.
“O foco principal foi orientar o orçamento discricionário da Universidade para aquilo que hoje representa a maior prioridade dos estudantes, que é a permanência estudantil”, afirma Lucas Teles. O servidor explica que foram aplicadas metodologias robustas de análise e estudos de sensibilidade, que permitiram avaliar o impacto financeiro das alternativas com maior precisão, o que garantiu que a proposta selecionada fosse equilibrada, responsável e alinhada à boa gestão dos recursos públicos.
A decisão implica aumento de R$ 2 milhões no subsídio anual do RU, custeado com recursos próprios da UnB. O montante foi viabilizado por meio da realocação de R$ 400 mil e de um aporte adicional de R$ 1,5 milhão, garantindo a sustentabilidade da medida em um cenário orçamentário adverso – marcado pela previsão de redução de R$ 5,5 milhões na Proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2026 em relação à Lei Orçamentária Anual (LOA) 2025 e pelos impactos da Desvinculação das Receitas da União (DRU). A reitora abordou os temas orçamentários em entrevista à UnBTV.
Lucas Teles acredita que o processo pode servir como modelo para outras decisões da Universidade, sobretudo pela forma como garantiu participação social qualificada e presença ativa dos estudantes em um grupo plural. “O formato trouxe transparência às discussões e está alinhado com as reais necessidades da UnB, inclusive pela decisão final ser feita por plebiscito, tornando o processo democrático e participativo do início ao fim”, comenta.
O processo já avançou de forma significativa, tendo a proposta sido analisada pela Câmara de Planejamento e Administração (CPLAD), no último dia 25 de novembro, com aprovação por unanimidade. O próximo passo é a análise pelo Conselho de Administração (CAD), agendado para 4 de dezembro. Então, sendo aprovada, os novos valores passam a valer oficialmente.
Enquanto isso, a Diretoria do Restaurante Universitário (DRU) já está mobilizada, em diálogo com os setores envolvidos, para garantir que, assim que houver a aprovação final, a implementação seja feita com a maior brevidade possível. A articulação prévia tem justamente o objetivo de evitar atrasos e assegurar uma transição rápida e eficiente para os novos preços.
