O cientista Aaron Ciechanover, vencedor do prêmio Nobel de Química, vem à Universidade de Brasília no próximo dia 10 de agosto. No auditório da Associação dos Docentes da UnB (ADUnB), às 11 horas, ele vai compartilhar experiências e inquietações vividas em mais de quatro décadas dedicadas à carreira científica. A participação é gratuita e aberta a quaisquer interessados.
A visita do israelense, cuja pesquisa propõe tratamentos individualizados para o câncer, faz parte do programa Nobel Prize Inspiration Initiative (NPII) – que leva premiados pelo Nobel para universidades e centros de pesquisas a fim de inspirar e envolver jovens cientistas, comunidade científica e público.
A palestra de Ciechanover integra as comemorações dos 55 anos da UnB e coroa a campanha institucional Ciência e Ousadia.
No mesmo dia 10, às 15h, no auditório da Reitoria, o pesquisador será homenageado pela Universidade com o título de Doutor Honoris Causa. A decana de Pós-Graduação, Helena Shimizu, autora da proposta aprovada por aclamação na reunião do Conselho Universitário da última sexta-feira (7), destacou a relevância das pesquisas de Ciechanover.
"O professor Aaron foi um dos responsáveis por estudos de extrema importância sobre processos celulares, que abriram caminhos para o entendimento de doenças como o câncer. É um privilégio para nós recebê-lo na UnB. Tenho certeza de que a fala dele será inspiradora para nossos estudantes, professores e pesquisadores", afirmou a decana. Além da visita à Universidade de Brasília, parceria entre a biofarmacêutica global AstraZeneca e o Nobel Media, o laureado também fará palestras no Rio de Janeiro e em São Paulo.
PERFIL – Aaron Ciechanover nasceu em Haifa, Israel, em 1947. Ele é mestre em Ciências e doutor em Medicina pela Universidade Hebraica, em Jerusalém, além de professor honorário na Faculdade de Medicina do Instituto Israelense de Tecnologia (Technion), em Haifa. Entre as várias condecorações recebidas na carreira, destacam-se o Prêmio Albert Lasker, do ano 2000, o Prêmio Israel, de 2003, e o Prêmio Nobel de Química, de 2004.
Em seus estudos, Ciechanover, o também israelense Avram Hershko e o norte-americano Irwin Rose desvendaram um processo orgânico que identifica proteínas indesejadas, enviando-as a uma espécie de triturador de lixo celular, denominado proteassoma. O trio descobriu que as proteínas inativas são marcadas dentro da célula com o peptídeo ubiquitina, que funciona como sinal de destruição. Os pesquisadores chamaram esse sinal de "beijo da morte".
“Descobrimos um sistema – o ubiquitina – que tem como uma de suas maiores funções o descarte de dejetos de proteínas do corpo. Esse sistema identifica proteínas inúteis e modificadas, que são prejudiciais e devem ser, de maneira seletiva, removidas do corpo, mantendo todos os componentes saudáveis que continuam exercendo suas funções vitais", explica Ciechanover.
"Esta descoberta está diretamente relacionada ao câncer, pois, se algo dá errado com o sistema e proteínas anormais são acumuladas, infelizmente podemos ser acometidos pela doença. O mesmo é verdadeiro para muitas doenças neurodegenerativas como o Alzheimer, na qual proteínas que deveriam ser descartadas são acumuladas e levam à destruição de células saudáveis do cérebro”, completa o Nobel, ressaltando a importância do achado.
Hershko e Ciechanover começaram a trabalhar juntos nas pesquisas sobre o sistema ubiquitina quando o primeiro foi orientador da tese de doutorado do segundo, na Faculdade de Medicina do Technion. Atualmente, os estudos científicos desenvolvidos pela equipe são amplamente aplicados aos conceitos da medicina personalizada e ao desenvolvimento de medicamentos farmacêuticos.
SERVIÇO
Palestra com Aaron Ciechanover, ganhador do Nobel de Química
Data: 10 de agosto
Local: auditório da ADUnB (campus Darcy Ribeiro)
Horário: 11h