GESTÃO 2016/2020

Novo diretor da Casa da Cultura da América Latina, o professor Alex Calheiros adianta planos de expansão e de resgate às origens

 

Para abordar os desafios e as perspectivas de diferentes unidades acadêmicas e administrativas, a Secretaria de Comunicação entrevista gestores da Universidade de Brasília. O diretor da Casa da Cultura da América Latina (CAL), Alex Calheiros, planeja enfatizar o que a Casa tem de melhor e estender suas áreas de atuação.

 

Alex Calheiros planeja resgatar relevância da CAL para a cena cultural do DF. Foto: Beatriz Ferraz/Secom UnB

 

Vinculada ao Decanato de Extensão (DEX) da UnB, a Casa da Cultura da América Latina (CAL) existe há trinta anos. Criado em 1987 pelo então reitor da UnB Cristovam Buarque, o local deveria dar continuidade ao espírito cultural despertado durante o I Festival Latino-Americano de Arte e Cultura (FLAAC), que reuniu artistas internacionais na capital do Brasil. “A Casa se consolidou na história da cidade como espaço de artes visuais, sobretudo contemporânea. Mas se distanciou daquilo que foi sua ideia inicial, que era o contato com a América Latina”, afirma o diretor.

 

À frente da Casa desde janeiro, Alex Calheiros é professor da Faculdade de Filosofia e desenvolve estudos na área de cinema e suas relações com o marxismo italiano. Além disso, trabalhou como projecionista do cinema da USP. “Convivo desde muito tempo com aparelhos culturais universitários. Minha formação é na filosofia, acerca da relação estreita entre estética e política e, portanto, cultura”, descreve.

 

Atento ao tema internacionalização, bastante presente quando o assunto é o futuro das universidades, o diretor destaca o potencial da Casa. “Temos um aparelho que quase nenhuma outra universidade tem: uma casa da cultura da América Latina. Trata-se de um aparelho de extensão, que tem missão de promover intercâmbio cultural e internacional”, diz. Acerca da retomada da importância da CAL no cenário brasiliense, ele acrescenta: “O desafio de uma casa de cultura é deixar que as forças criativas da cidade aconteçam nela. Para isso, é preciso ter abertura. Tornar a CAL reconhecida novamente." Confira a entrevista:

 

Quais são os desafios da Casa da Cultura da América Latina (CAL)?

 

O primeiro, além de potencializar o que a CAL já oferece, é abrir outras frentes e voltar a ter esse contato com América Latina e Caribe. Ademais, estamos no Setor Comercial Sul. Embora haja movimento de revitalização, a Casa fica em um local emblemático, funciona de segunda a sexta, em horário comercial, em um lugar onde é difícil estacionar. Então, outro desafio é esse: temos uma casa de cultura que fica em um local que é difícil chegar e difícil permanecer. Estamos empreendendo uma reforma administrativa. Por exemplo, a Casa existe há 30 anos e vive das ideias de cada diretor que chega aqui. Precisamos vencer o personalismo e as vaidades. A CAL precisa de um conselho de curadores. De forma que a parte administrativa faça a Casa acontecer e, principalmente, deixe que outras pessoas, de forma colegiada, decidam o que vai acontecer aqui. Além disso, precisamos de uma associação de amigos que colabore mais efetivamente com as pequenas coisas. Nós temos de entender qual a função de um espaço cultural dentro de uma universidade. Nós não somos um espaço cultural financiado pelo mercado financeiro. Não somos um espaço que nasceu de uma iniciativa privada qualquer. Nós temos um papel. Eu acho que é, sobretudo, formativo. Então a Casa tem de se tornar, para além de um lugar de visitação, de contemplação, um espaço de produção cultural. Temos de produzir um ambiente propício para que a produção artística das cidades latino-americanas aconteça aqui. A partir dessa premissa geral, pensamos o que pode ser feito. 

 

A Casa tem projetos a respeito da gestão do seu espaço físico?

 

A CAL vai expandir seu espaço pouco a pouco, essa é uma novidade. Atualmente, temos o subterrâneo, o mezanino e o primeiro e segundo andares. Já vamos, imediatamente, ocupar o terceiro e quarto andares. E espero que o resto também. Acerca desse momento de arrocho de verbas, não temos muitas ilusões. Tenho de partir da ideia de como posso fazer bom uso deste espaço. Reacendê-lo, sem contar com projetos mirabolantes. Acho que este prédio tem vocação natural para residências artísticas. Estamos preparando os editais e eu estou me reaproximando dos agentes culturais da cidade, desde os adidos culturais – afinal somos a Casa da Cultura da América Latina – como também das galerias da cidade, dos outros espaços culturais públicos, de artistas, coletivos e de quem mais quiser ajudar. Para que esse espaço seja ocupado e se torne um ambiente propício à circulação de ideias e à produção simbólica é preciso que as pessoas venham para cá. Estamos convocando as pessoas para fazer parcerias, para produzir debates e obras aqui dentro. Esse é o projeto. A CAL tem um acervo razoável, que conta hoje com cerca de 2.500 obras, preservadas com competência. Nestes 30 anos, crescemos no aprendizado de organização, catalogação e preservação do material que recebemos. Desde doações de ex-professores, de pessoas que querem deixar guardado seu acervo. Aqui é o lugar ideal para preservar a memória do movimento cultural do DF, sobretudo a arte criada pelos movimentos de ocupação das ruas. Parece que há um movimento inerente ao brasiliense de ocupar a cidade.

 

A respeito do conselho curador, como deve funcionar?


Está em elaboração. Deve ser integrado por diversos professores da Universidade, das mais variadas procedências, e também por pessoas da cidade. Com razão, a CAL faz parte do Decanato de Extensão. Por isso, deve primar pelo diálogo de troca entre o que a UnB e a cidade podem oferecer. Não é só mostrar o que a UnB tem para a cidade, mas, sobretudo, compreender o que a cidade dá para instituição. Na primeira reunião da Câmara de Extensão, no início de março, deve ser apresentada a reestruturação administrativa da Casa, com a criação do Conselho. A ideia é que faça parte da estrutura fixa da CAL e que haja mandatos eletivos.


E o grupo de amigos?


É muito comum existir em casas de cultura. É de grande ajuda, porque traz muito mais liberdade para fazer coisas que a burocracia da universidade não deixa. Não é uma iniciativa da CAL, mas de pessoas, que, do ponto de vista afetivo, histórico, e de sua trajetória artística, estão ligados à Casa. É uma associação privada, sem fins lucrativos. Já estão se organizando e fazendo estatuto. Devem convocar uma assembleia em breve. Quem for envolvido com a arte no DF e tiver interesse em se associar, será bem-vindo.


A decana de Extensão, Olgamir Amancia, mencionou planos de levar a CAL para dentro dos campi. Como será isso?


Temos muitas ideias. Primeiramente, procuramos um espaço nosso dentro do campus Darcy Ribeiro. E estamos articulando para realizar atividades da CAL nos outros três campi. Ainda assim, não adianta importar coisas da Casa para os locais. Precisamos sentir o que acontece e o que interessa a cada lugar. A presença da CAL precisa partir das experiências locais. É muito cedo para dizer o que vamos fazer, mas estamos realizando aproximação com os campi para efetivar as ações.

 

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