ENTREVISTA

Além de avanços na internacionalização, Universidade fortaleceu assistência estudantil e está simplificando processos. Orçamento ainda é o maior obstáculo

 

Olhos no futuro: reitora almeja ampliação do protagonismo da Universidade mesmo com progressivas reduções no orçamento. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Em 24 de novembro de 2016, a equipe da chapa Diálogo para Avançar assumia a gestão da Universidade de Brasília para o período 2016/2020. Exato um ano depois, a reitora Márcia Abrahão e a administração superior completam o primeiro grande ciclo do mandato fazendo um balanço deste tempo – de conquistas em meio a desafios – e vislumbrando uma continuidade de trabalho que dê ainda mais destaque à UnB nos âmbitos local, regional, nacional e internacional.

 

Apesar das dificuldades orçamentárias, importantes avanços foram registrados no dia a dia acadêmico e administrativo da instituição no período, como lançamentos de editais inéditos para acolhimento discente e fomento a pesquisa, criação de um novo decanato, fortalecimento da assistência estudantil e foco na agilidade de processos. Na primeira publicação de uma série especial sobre este primeiro ano, a Secretaria de Comunicação divulga entrevista com a reitora Márcia Abrahão.

 

"Tivemos muito sucesso com alguns programas de grande impacto na comunidade acadêmica", comemora a gestora. Ela aponta um futuro sem diminuição da qualidade acadêmica, mesmo com a realidade de limitações financeiras. "Se defendemos o aumento de recursos para ciência e tecnologia em nosso discurso, também temos que demonstrar isso na prática internamente." Confira a íntegra da entrevista:

 

Qual foi o principal desafio enfrentado neste primeiro ano?
Márcia Abrahão: Certamente, o orçamento. Apesar do repasse R$ 83 milhões inferior a 2016, implementamos medidas de austeridade, fazendo o possível para economizar recursos. Somente no contrato com o Restaurante Universitário, economizamos 15% ao ano, sem perda nutricional nas refeições nem demissões. Temos buscado nos adequar a essa realidade com priorização das nossas atividades-fim (ensino, pesquisa e extensão) e economia em outras áreas, quando e onde é possível. Também estamos atuando junto ao MEC para podermos utilizar mais dos nossos recursos próprios. A Universidade tem receita própria, mas não pode utilizá-la acima de um dado limite. É um grande desafio contornar a situação financeira, mas continuaremos a propor novas soluções.

 

A assistência estudantil fica ameaçada com os cortes de recursos?
De maneira alguma. Assistência estudantil é uma das prioridades da gestão. Se defendemos o aumento de recursos para ciência e tecnologia em nosso discurso, também temos que demonstrar isso na prática internamente. Então, nossa prioridade foi não reduzir recursos das unidades acadêmicas, além de manter e ampliar editais de assistência estudantil. Publicamos editais de auxílio-creche e monitoria, retomamos o vestibular indígena, garantimos acesso ao RU para estudantes em vulnerabilidade socioeconômica desde o primeiro dia de aulas, eliminando a necessidade da conclusão do estudo socioeconômico, que, aliás, teve sua validade estendida para dez semestres. Vamos continuar avançando dentro das nossas possibilidades. É uma prioridade.

 

Como você avalia as ações deste ano?
Tivemos muito sucesso com alguns programas de grande impacto na comunidade acadêmica, incluindo simplificação de processos, ampliação da assistência estudantil, aprovação da progressão funcional docente, flexibilização da jornada para técnicos, tudo dentro dos parâmetros estabelecidos em lei. 

Reitora Márcia Abrahão elegeu o programa de desburocratização Simplifica UnB como grande destaque no primeiro ano de gestão. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

E qual dessas ações você destaca como grande avanço?
A simplificação de processos que tem sido desenvolvida pela comissão Simplifica UnB, coordenada pelo vice-reitor Enrique Huelva. O grupo está responsável por pensar de forma integrada a realidade dos processos, como os de compra, de diárias e de passagens, buscando soluções que atendam às peculiaridades da Universidade. O mapeamento de processos tem sido feito de forma integrada entre vários setores e de ponta a ponta, em vez de centrado em uma unidade. Assim, evitamos o retrabalho e aumentamos a eficiência. Um dos grandes sucessos do Simplifica UnB foi a redução da burocracia no processo de contratação de professor visitante na Universidade. Isso abre portas, inclusive, para docentes estrangeiros lecionarem aqui.

 

Uma das grandes bandeiras defendidas pela gestão é a internacionalização. Nesse sentido, como foi o ano e quais os planos para o futuro?
Temos avançado muito nesse aspecto. Passamos a integrar o Grupo Coimbra e, só neste ano, finalizamos 55 acordos internacionais de cooperação. Ano passado foram 42. Um aumento de cerca de 30%. Para o futuro, queremos ampliar nosso protagonismo, de local e regional para a escala global. Além disso, organizamos a primeira feira de internacionalização da UnB, com muito sucesso. Também abrimos novas vagas de mestrado e doutorado e tivemos uma boa adesão de candidatos internacionais. Para os próximos anos, mesmo com poucos recursos, iremos ampliar nosso nível de internacionalização.

 

O processo de internacionalização pode ser continuado mesmo com a escassez de recursos?
Pode e será. Esses acordos, que trabalhamos tanto para finalizar, trazem recursos de organismos internacionais comprometidos com o progresso da ciência, que é o que buscamos. A internacionalização é uma maneira não só de melhorar a qualidade dos nossos estudantes e pesquisas, mas também de nos relacionarmos melhor no mundo globalizado. É importante continuarmos a priorizar a internacionalização para que nossos programas de pós-graduação sejam ainda melhores e formemos cientistas atentos às necessidades globais.

 

No último dia 21, os servidores técnico-administrativos da UnB deflagraram greve, em situação semelhante à do início de seu mandato. Qual é a posição da administração quanto a isso?
Nós apoiamos a greve. É uma reivindicação legítima que também é pauta da Universidade. Asseguro que nenhuma decisão será tomada sem conversa com os técnicos e o sindicato. Esse diálogo já tem acontecido.

 

Assista à entrevista da UnBTV com a reitora Márcia Abrahão:

 

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