Tradicional no calendário acadêmico da UnB, a Semana Universitária (SemUni) iniciou sua 17ª edição na manhã desta segunda-feira (23). UnB 55 anos: ciência, ousadia e o futuro foi tema da palestra de abertura, ministrada pelo economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Márcio Pochmann. A atividade ocorreu no anfiteatro 9 do ICC Sul, no campus Darcy Ribeiro, e foi transmitida ao vivo pela UnBTV.
Pochmann se dedicou a analisar o atual contexto econômico e social do Brasil. Segundo o professor, o país tem passado por mudanças econômicas estruturais, que dizem respeito à transição da sociedade industrial para a voltada ao setor de serviços.
Tais condições, no entanto, têm se vinculado a um cenário de retrocessos nas perspectivas econômica e social. “A recessão destruiu parte significativa da indústria brasileira. Estamos vivendo uma perspectiva de transferência dos ativos brasileiros para o capital estrangeiro”, destacou. “Hoje, o Brasil tem 13 milhões de desempregados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e um a cada quatro brasileiros estão em condições de subemprego”, completou.
Ele comparou o momento a outros contextos similares de transformação no Brasil, como os vividos nas décadas de 1880 e 1930. O primeiro, marcado pela abertura ao capitalismo e a abolição da escravidão. O segundo, pelo abandono do projeto de um país agrário para a consolidação da modernização, sob uma perspectiva industrial e urbana.
Em ambos, os progressos experimentados vieram acompanhados de pautas regressivas pelos segmentos conservadores, as quais resultaram, sobretudo, no processo de exclusão social de uma parcela da população.
Pochmann considera importante compreender o panorama recente do país para a construção de um novo Brasil. “Se olharmos essas perspectivas de mudanças como um momento especial que diferentes gerações estão vivendo, temos a oportunidade de escrever nossa história com as próprias mãos”, avaliou. Para o economista, não basta que a população esteja insatisfeita: "é fundamental o congraçamento em torno de um projeto que traga unificação”.
INTERLOCUÇÃO – A programação teve início com a apresentação do cantor e compositor Marquinhos Monteiro. Durante a cerimônia, a decana de Extensão, Olgamir Amancia, destacou a construção coletiva e a integração como principais motes desta edição.
“O que viveremos durante esta semana surgiu de uma articulação feita pela Universidade a partir da definição de que nós deveríamos trabalhar para garantir a integração da UnB com a sociedade”, disse.
Para a reitora Márcia Abrahão, a aproximação entre academia e comunidade pode contribuir para apontar caminhos para os atuais desafios vividos pelo país.
“A universidade não pode estar distante da sociedade, principalmente neste momento de dificuldades gravíssimas, tanto para a ciência quanto para as instituições públicas de ensino superior”, salientou. “É fundamental termos uma semana para discutir o que temos feito e apresentar isso à comunidade”, acrescentou.
O estudante de filosofia Marcos Vinícios Ramos acompanhou a abertura e achou interessante a iniciativa da Universidade de extrapolar os limites de seus muros. “É importante, principalmente para globalizar a UnB, porque todo mundo pode vir”, comentou.
A programação da SemUni se estende até sexta-feira (27), com centenas de atividades gratuitas e abertas à comunidade, nos quatro campi da UnB. Participe!