Cerca de 25 mil pessoas com deficiência e reabilitadas perderam seus empregos na pandemia durante o primeiro trimestre de 2021, aponta dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A estatística foi mote para discussão, em mesa-redonda promovida nesta segunda-feira (15), no auditório do Instituto de Geociências, sobre a necessidade de maior inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho e também nas universidades.
Organizado pela Diretoria de Acessibilidade do Decanato de Assuntos Comunitários (Daces/DAC) junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT), o evento foi o primeiro realizado no âmbito do Termo de Cooperação nº 1/2021, firmado entre UnB e MPT para implementar medidas conjuntas que visem ao desenvolvimento de ações de inclusão da comunidade universitária com deficiência. Durante a mesa-redonda, recursos de acessibilidade, como a audiodescrição dos participantes da mesa, foram adotados.
Convidado da atividade, o procurador do trabalho e gerente do projeto de acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência do Ministério Público do Trabalho (MPT), Piero Rosa Menegazzi, expôs a preocupação com o desemprego no período pandêmico. “Além de perderem seus empregos, muitas pessoas com deficiência não conseguiram retornar ao mercado de trabalho. Ou seja, são postos que foram extintos dentro do mercado de trabalho brasileiro”, destacou.
Outro ponto ressaltado pelo procurador foi a necessidade de não limitar as possíveis ocupações que este público pode assumir. “Com as devidas condições de acessibilidade, que devem ser garantidas obrigatoriamente pelos empregadores brasileiros, conforme descrito na Lei Brasileira de Inclusão, não existem funções inaptas”, comentou.
Ele ressaltou que o MPT tem atuado junto às empresas para que elas cumpram o dever de contratar pessoas com deficiência. “Nós atuamos para que seja cumprida a reserva de vagas prevista na legislação, para que sejam superadas as barreiras que venham impedir o acesso de cidadãos e cidadãs ao mercado de trabalho no Brasil”, reforçou Piero.
INCLUSÃO NA UNIVERSIDADE – Para a doutoranda em Direito da UnB Caroline Barbosa, a noção da falta de acessibilidade veio ao se perceber como pessoa com deficiência. Em 2017, ela foi diagnosticada com esclerose múltipla, e, dois anos depois, perdeu a visão do olho direito. “Eu acordei com a visão embaçada, como se eu estivesse em uma piscina, e, depois, ficou tudo preto. Ali, eu precisei reaprender a viver em várias pequenas coisas que até então eu não tinha pensado que seriam um problema, como noção de espaço ao subir um degrau”, relatou.
A visão da estudante voltou tempos depois, porém, em novembro de 2020, ela perdeu toda a sensibilidade do lado direito do corpo. “Eu tive uma virada de chave de ligar a minha pesquisa, a minha existência, a minha resistência, o meu trabalho em sala de aula às pessoas com deficiência”, contou a doutoranda. Durante sua trajetória na Universidade, ela precisou adaptar a rotina como estudante àquela nova realidade, e lembra que até contou com a ajuda de um professor para apresentar um trabalho do hospital.
“Ele me deu a autoridade de escolha naquele momento, e eu escolhi apresentar porque achei que era importantíssimo fazer aquilo. Fui incluída pelo professor, que acrescentou naquele processo todo mundo da minha turma.”
Caroline ressaltou ainda a importância de as pessoas com deficiência serem escutadas e lembrou que sua condição não retira sua capacidade de execução.
As experiências vivenciadas pela estudante na UnB soma-se a de outros discentes assistidos pela Diretoria de Acessibilidade. A unidade é responsável por garantir a inclusão de pessoas com deficiência à vida universitária a partir de iniciativas que atendam às necessidades deste público. A Daces também está à frente da implementação da Política de Acessibilidade da UnB, instituída em 2019 com medidas no âmbito acadêmico e administrativo.
Na avaliação da diretora de Acessibilidade da UnB, Sinara Zardo, trazer o debate sobre inclusão para o ambiente acadêmico contribui para garantir a continuidade de pessoas com deficiência no ensino superior. “Nós contabilizamos 265 estudantes com deficiência vinculados aos diferentes cursos de graduação [da UnB] e 25 à pós-graduação. Aqui na Universidade a acessibilidade é uma condição imprescindível para a permanência deles.”
A parceria entre UnB e MPT deve contribuir para alavancar essa discussão. A vice-procuradora Geral do MPT, Maria Aparecida Gugel, sinalizou a intenção de que a cooperação seja duradoura e que se estenda para outros ministérios públicos e outras instituições de ensino superior. “Este [a UnB] é um ambiente que educa e prepara para o mundo do trabalho. Daqui saem profissionais que farão parte de todo o mercado formal. Queremos oferecer um suporte que vá desde a adaptação dos currículos até o conhecimento de seus direitos”, assegurou.
INFORMAÇÕES ACESSÍVEIS – Acesse o conteúdo publicado no Portal UnB com recursos de acessibilidade. Basta clicar no ícone com o Símbolo Universal de Acessibilidade da Organização das Nações Unidas (ONU), que fica no canto superior direito da tela, ou usar as teclas Ctrl+U no teclado do seu computador.
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