A internacionalização é um caminho sem retorno e não é um fim em si. É um meio de aprimorar o conhecimento, a pesquisa, de introduzir inovação e novas culturas. Assim avalia a professora Sabine Gorovitz, diretora da Assessoria de Assuntos Internacionais (INT) da UnB, uma das principais unidades relacionadas ao tema na instituição. Atento à relevância do assunto, o Decanato de Pós-Graduação (DPG), juntamente com outros setores da Universidade, está elaborando um plano para intensificar a internacionalização da pesquisa local.
Como parte da iniciativa em andamento, o DPG organizou, na última semana, uma aula inaugural para a pós-graduação dedicada ao tema. A palestra foi proferida pelo professor Yaoguo Li, da Colorado School of Mines (CSM) – Escola de Minas do Colorado, em tradução livre. Reconhecido pelo mérito dos trabalhos desenvolvidos na área de geofísica, o docente realiza pesquisas em petróleo, exploração mineral e recursos hídricos. Além disso, tem destacada atuação na formação de estudantes de graduação e pós-graduação.
Em razão desse leque de conhecimentos, a conferência concentrou-se nas ações de internacionalização realizadas na CSM, que podem servir de inspiração para a UnB. Criada em 1874, a CSM dedica-se a assuntos que estão além da mineração: adota abordagem interdisciplinar em aspectos da terra, energia e meio ambiente. A escola possui 15 departamentos atuando na graduação e pós-graduação, nas faculdades de Ciência Aplicada e Engenharia; Engenharia e Ciência da Computação; e Ciência de Recursos Naturais e Engenharia.
De acordo com o relato do professor Yaoguo Li, apesar de pequena, a CSM tem alta internacionalização, com professores, estudantes e colaboradores de origens diversas em todo o planeta. Dados de 2017 indicam que os estrangeiros são oriundos de 68 países e correspondem a 11,5% da comunidade universitária local.
Ainda há, contudo, trabalho a ser feito. Por exemplo, dos 4.757 estudantes de graduação, apenas 29% são mulheres. “A CSM trabalha para promover maior diversidade de gênero e étnica no campus”, assegura Li, que afirma haver lições para serem aprendidas no Brasil. “Acredito que a universidade brasileira está fazendo um trabalho melhor para garantir a diversidade no campus. Sem dúvidas esse é um ponto forte”, comentou.
Entre os programas de internacionalização da CSM, Li destacou o de graduação para o exterior – que tem programas de intercâmbio, em especial para Austrália, França, Hong Kong, Holanda e Reino Unido. Segundo o docente, a instituição desenvolve pesquisas por meio de parcerias com a indústria, laboratórios norte-americanos, outras universidades, agências de fomento e organizações internacionais. O foco está nas pesquisas de ponta com impacto no dia a dia da população, como pontos sensíveis da contemporaneidade: alimento, energia, água e clima.
INTERCÂMBIO – O docente encoraja estudantes da UnB a se candidatarem aos programas de intercâmbio como processo de aprendizado. Ele entende que estudantes brasileiros têm boa aceitação em universidades norte-americanas.
O geofísico Jadson Muniz, 25 anos, fez intercâmbio de oito meses na CSM, em 2015. Lá, trabalhou em projeto de pesquisa com o professor Yaoguo Li. De experiência, destaca a excelente qualidade do ensino. Hoje, cursa o mestrado em Geofísica na UnB, com base nas pesquisas que começou a desenvolver nos Estados Unidos.
Colega de pós-graduação de Jadson, Deusanvan Costa, 26 anos, também esteve na CSM em 2015. Na época, fez estágio em projeto de pesquisa. Para ele, o diferencial da escola é o foco dado às habilidades dos professores no exercício da docência.
"Precisamos aprender a fazer, o que é um ponto semelhante em relação às universidades brasileiras", opina. A aula inaugural da pós-graduação aconteceu no Auditório Lauro Morhy do Instituto de Química (IQ) da UnB, no dia 27 de março.