CULTURA

Evento, do Decanato de Extensão e da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos, integra o 14º Seminário LGBT do Congresso Nacional

Exposição É tudo nosso aborda liberdade de expressão e afirmação de identidade. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

Ocupar os espaços públicos com arte para conquistar o respeito da sociedade e afirmar a condição de dignidade. Preencher com obras artísticas as galerias, bibliotecas, cinemas e rodoviárias. Essa é a proposta dos artistas engajados nas causas relacionadas ao universo LGBT. A afirmação comportamental é observada pela ótica estética de gays, lésbicas, transexuais e todo indivíduo que não se considera enquadrado nos padrões estabelecidos pela sociedade machista contemporânea brasileira. Invadir com cinema, escultura, pintura, literatura, música e outras formas de expressões artísticas são estratégias inteligentes para o ser humano manifestar a sua maneira de viver em sociedade. Dessa forma, a consolidação do respeito às diversidades constitui a base para convivência harmoniosa entre as pessoas, independentemente das escolhas. E promover essa “invasão artística” é o intuito da exposição É tudo nosso, que acontece na Casa da Cultura da América Latina da Universidade de Brasília (CAL/UnB).

 

Por meio da reunião de pinturas, vídeos e fotografias produzidas por artistas locais e nacionais, eles buscam, com sua arte, expor suas visões de mundo. As obras estão expostas na galeria da CAL até o dia 28 de junho. O evento, realização do Decanato de Extensão (DEX) da Universidade de Brasília e da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos, está inserido na programação do 14º Seminário LGBT do Congresso Nacional.

Clauder Diniz (à esquerda), curador da exposição, apresenta as obras à decana de Extensão e ao Diretor da CAL. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

O curador da exposição, Clauder Diniz, afirma que, para além de obras de arte, os trabalhos são verdadeiros exercícios de identidade e cidadania. Para ele, a arte tem o poder transformador cuja potência criativa pode contaminar, positivamente, os indivíduos mais resistentes e reacionários. “A poesia é uma forma sutil e afetuosa de tratar de assuntos sensíveis como a transfobia e o machismo. O artista tem a capacidade de oferecer, com criatividade, questões relacionadas aos preconceitos e discriminações diversas”, diz.

 

Uma das expositoras, a artista plástica Paula Petit, busca inspiração na proximidade do seu cotidiano. “Por ter amigos gays e lésbicas, procuro inspirar a minha arte nessas fontes que fazem parte do meu dia a dia”, comenta. Ela é estudante do Instituto de Artes da UnB.

Paula Petit exibe com satisfação sua arte. Foto: Beto Monteiro/Secom/UnB

 

COMPROMISSO – Criada em 1987, para promover e divulgar arte e cultura, a Casa da Cultura da América Latina se consolida como espaço destinado à promoção das culturas ibérica, latina e africana. Além da promoção de eventos, a CAL é um importante espaço de estudo e de preservação do patrimônio cultural e artístico da Universidade de Brasília.

 

"O objetivo da nossa gestão é recolocar a CAL no circuito cultural de Brasília”, afirma o diretor da Casa da Cultura da América Latina, Alex Sandro de Moura. Ele considera importante o fato de a Universidade apresentar, em suas exposições, temas sociais que provoquem discussões, como os relacionados às questões LGBT.

 

A decana de Extensão, professora Olgamir Amancia Ferreira, considera o respeito às diferenças e o apoio às artes como missões da Universidade. “Estamos sempre dispostos a tratar da diversidade em todos os ambientes acadêmicos. A CAL é um espaço ideal para as exposições artísticas livres e as manifestações do pensamento crítico elevado”, afirma.

Combate ao machismo é a proposta de Léo Tavares. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

MASCULINIDADE – O artista Léo Tavares expõe nas suas obras a indignação com uma sociedade que insiste em impor padrões de masculinidade. “Critico as práticas familiares que definem, de forma violenta, um determinado modelo como a única possibilidade de ser homem”, reflete. Ele está prestes a concluir o doutorado no Instituto de Artes da UnB.

 

Para o aluno de Artes Visuais Matheus Ka Opa, a realização de exposições como É tudo nosso, serve para promover a ruptura com os modelos formativos que engessam nossa sociedade. “É importante que todos os espaços herméticos, como galerias e bibliotecas, estejam disponíveis para dar visibilidade a questões de identidade de gênero e à possibilidade de trocas fluidas”, comenta. O estudante considera que a Universidade, como instituição pública, deve buscar minimizar o positivismo científico e eliminar o machismo que impera nos ambientes acadêmicos.

 

SIGLAS – A abreviatura LGBT se destina a promover a diversidade das culturas baseadas em identidade sexual e de gênero. Ela pode ser usada para se referir a qualquer um que não é heterossexual, ao invés de se referir, exclusivamente, às pessoas que são lésbicas, gays, bissexuais ou transgêneros. Atualmente, uma variante popular adiciona a letra Q para aqueles que questionam a sua identidade sexual, tornando a sigla, assim, LGBTQ. Há, ainda, aqueles que desejam incluir pessoas intersexuais nos grupos e sugerem a sigla prolongada LGBTQI. Finalmente, um sinal de + é por vezes adicionado ao final, para representar qualquer outra pessoa que não seja coberta pelas outras iniciais. Dessa forma, a sigla mais completa seria LGBTQI+.

 

Serviço

Exposição É Tudo Nosso

Local: Casa da América Latina – SCS quadra 4

Visitação: de segunda a sexta, das 9h às 19h; sábado, das 12h às 19h

Telefone: (61) 3321 5811


Classificação: 16 anos

Entrada franca

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