INSTITUCIONAL

Reestruturação de Casas de Cultura e dos Polos de Extensão abrem novas oportunidades na promoção da arte e no fortalecimento de vínculos

Jovens da Escola Classe 115 Norte visitam exposição na Casa da Cultura da América Latina (CAL), no Setor Comercial Sul. Foto: Beto Monteiro/Ascom GRE

 

O primeiro ano da gestão 2024-2028 à frente da UnB marcou a reestruturação das Casas de Cultura – Casa da Cultura da América Latina (CAL), Casa Niemeyer e Memorial Darcy Ribeiro – e dos Polos de Extensão da Universidade, que atuam em diferentes pontos de DF e Goiás, como Recanto das Emas, Paranoá, Estrutural, Planaltina, Chapada dos Veadeiros e território Kalunga. O Instituto Confúcio e o Espaço da Memória da UnB também integram a reestruturação.

 

Com as melhorias, que vão de pequenas obras de manutenção ao planejamento conjunto das atividades que ocorrem ao longo do ano, ações culturais e extensionistas ganharam nova dimensão. Em 2025, foram realizadas centenas de atividades, como exposições, oficinas, cursos e seminários com a participação de estudantes e comunidade externa. Geridos pelas diretorias de Difusão Cultural (DDC) e Desenvolvimento e Integração Social (DDIS) do Decanato de Extensão (DEX), os espaços, segundo os gestores, estão mais ativos, organizados e integrados, refletindo o compromisso com a valorização da cultura, da extensão e da função social da Universidade.

 

“Vimos a necessidade de a extensão cumprir a sua missão de conexão com a comunidade. Para isso, cuidamos primeiro da estrutura do decanato. A reestruturação teve início com a ampliação do espaço físico para atendimentos e trabalhos do DEX”, diz a decana de Extensão, professora Janaína Soares (IL). “O registro de ações extensionistas ocorre cotidianamente, assim como a busca por orientação sobre o Sigaa, ferramenta que tem ficado mais simples de ser utilizada com os esforços do DEX e da Secretaria de Tecnologia da Informação”, aponta.

 

A decana conta que manter as Casas Universitárias de Cultura abertas foi uma das principais preocupações. Assim, obras de conservação e renovação da estrutura física foram iniciadas este ano para aumentar o interesse do público externo em conhecer a riqueza cultural da UnB. No caso dos Polos de Extensão, a reestruturação priorizou adequar ações e propostas à realidade de comunidades em vulnerabilidade social com o cuidado de observar regiões próximas que ainda não haviam sido contempladas, como São Sebastião, Cidade Ocidental, Brazlândia, a região norte do DF, caso da Fercal, Sobradinho II e Planaltina, e o Setor Comercial Sul, que, assim como a FUP, passa a ser um polo de extensão. São esforços que, segundo a gestora, aumentam a visibilidade das ações culturais e sociais promovidas com a participação direta da comunidade interna e externa à UnB, algo importante na hora de captar investimentos necessários à manutenção e ampliação das atividades. 

A decana Janaína Soares está à frente do DEX. Foto: Beto Monteiro/Ascom GRE

 

“Imagino casas sempre abertas e em ação”, diz, otimista, em relação não só às casas de cultura mas também aos polos de extensão. Isso significa, destaca, criar um pressuposto de ações em que a relação com a comunidade seja constante e de qualidade. Uma relação em que arte, diferentes saberes e ciência estejam em sintonia e contínuo diálogo para impulsionar uma crescente força transformadora da sociedade. “Nosso desejo é que sociedade e universidade se entendam como uma relação intrínseca, em que não há nós e eles. A universidade só tem sentido em construção-relação com a comunidade, em ações protagonizadas pelos nossos estudantes”, reitera.

 

MOTIVAÇÃO – A reestruturação das Casas Universitárias de Cultura e da Rede de Polos de Extensão (REPE) tem guiado uma série de mudanças estruturais, programáticas e administrativas na Universidade de Brasília. As transformações, conduzidas pelas diretorias responsáveis – professor Gregório Soares (IdA), à frente das casas, e professora Fernanda Cruz (Face), gestora dos polos –, buscam fortalecer a presença da UnB nos territórios, ampliar o diálogo com comunidades locais e consolidar o papel formador, cultural e social da instituição.

 

Segundo Gregório Soares, a reestruturação das casas partiu de um diagnóstico institucional organizado em três eixos: melhorias de infraestrutura e fluxos processuais; articulação programática em torno de uma política ampliada de patrimônio cultural; e participação ativa do corpo discente. “Criamos uma força-tarefa para cada eixo, permitindo reorganizar processos, revitalizar espaços e ampliar nossa capacidade de atuação”, explica.

 

Nos polos de extensão, o movimento decorre do entendimento da extensão universitária como eixo estratégico para a missão social da UnB. Fernanda Cruz lembra que diretrizes nacionais recentes – como a obrigatoriedade de 10% da carga curricular dedicada à extensão e a política federal de Extensão em Participação Social – reforçaram a necessidade de ampliação. “Identificamos que a Universidade já possuía presença territorial importante, mas com margem para ampliar o impacto na redução de vulnerabilidades sociais”, afirma. Esse cenário impulsionou a criação de dois novos polos: um na Faculdade UnB Planaltina e outro na CAL, no Setor Comercial Sul.

 

RENOVAÇÃO – Entre as ações concretizadas nas casas de cultura está a reforma da CAL, com a inauguração de nova galeria de exposições e revitalização da fachada – primeira em quase quatro décadas. A medida, segundo Gregório, “melhorou significativamente o ambiente de trabalho, fortaleceu a atuação no circuito das artes e contribuiu para o movimento de transformação do Setor Comercial Sul em polo criativo”.

No ritmo da sussa, durante o IV Fórum Sociocultural Geral da REPE, na Semana Universitária 2025, a FUP foi anunciada como polo de extensão. Foto: Beto Monteiro/Ascom GRE

 

A reestruturação também incluiu novos fluxos administrativos, esboço de organograma, maior articulação com unidades acadêmicas e parceiros culturais, além de cursos, exposições e atividades abertas às comunidades. Um marco foi a criação da Convocatória Casa Aberta, que selecionou 15 bolsistas e 10 voluntários extensionistas. “Esse projeto ampliou nossa capacidade de ação em áreas estratégicas, especialmente mediação cultural, comunicação e pesquisa dos acervos”, destaca. 

 

Na REPE, a expansão territorial foi central. A criação dos polos na FUP e na CAL permitiu atendimento a regiões como Planaltina, Fercal, Brazlândia, Sobradinho II e SCS – áreas de alta vulnerabilidade social. O redesenho também ampliou o alcance de polos existentes: Paranoá/Itapoã passou a incluir São Sebastião; e o Recanto das Emas incorporou a Cidade Ocidental, contemplando ainda o Quilombo Mesquita. “Não havia nenhum polo na região norte do DF, e essa é uma inovação importante, que reinscreve geograficamente a atuação da REPE”, explica Fernanda.

 

PERSPECTIVAS – As Casas Universitárias de Cultura, observa Gregório, são “equipamentos estratégicos que articulam ensino, pesquisa e extensão por meio da preservação do patrimônio cultural, histórico e científico da UnB”. Para os próximos três anos, ele projeta estruturas mais sustentáveis, equipes consolidadas e agendas integradas, com reforço do papel formador da Universidade na cena cultural do Distrito Federal.

 

Para Fernanda, os polos representam espaços de encontro entre saberes acadêmicos e comunitários. “Os polos materializam a dialogicidade e promovem uma interdisciplinaridade profunda, situada e voltada para a cidadania”, afirma. Nos próximos anos, ela espera ampliar acordos de cooperação, fortalecer a estrutura de acolhimento às iniciativas e aprofundar o impacto territorial. A expectativa é que a REPE “se consolide como referência em extensão universitária e passe a ser objeto de estudos sobre efetividade de ações territoriais”.

 

RESULTADOS – Até novembro de 2025, as casas somaram cerca de 200 ações vinculadas a aproximadamente 100 projetos – representando o dobro de iniciativas em relação ao ano anterior. O aumento, explica Gregório, só foi possível graças à reorganização administrativa, melhorias físicas e maior atuação discente. 

A exposição Abolicionistas Brasileiras é uma das principais atrações da CAL em 2025 e está aberta para visitação. Imagem: Reprodução

 

A REPE acompanha 64 projetos distribuídos entre sete polos. Cada iniciativa desenvolve ações próprias, incluindo eventos, cursos, mostras, oficinas, fóruns socioculturais e atividades integradas durante a Semana Universitária. Fernanda estima que, ao longo do ano, “mais de uma centena de ações extensionistas significativas e articuladas foram realizadas”.

 

AÇÕES DE DESTAQUE – Entre as atividades marcantes das casas, Gregório destaca o seminário Que País é Este? A câmera de Jorge Bodanzky, realizado no Memorial Darcy Ribeiro em parceria com o Museu Nacional da República e o Instituto Moreira Salles. O evento homenageou o cineasta e ex-estudante da UnB. Outro marco foi a exposição Abolicionistas Brasileiras, com 25 artistas mulheres negras. “É nossa ação mais relevante até o momento. A mostra recoloca a CAL no debate público sobre racismo, artes e patrimônio histórico”, afirma.

 

Nos polos, Fernanda cita iniciativas que exemplificam a diversidade e profundidade das ações. Entre elas, orientação sobre uso de água potável em Santa Luzia (Estrutural), oficinas de programação em escolas do Recanto das Emas, apoio ao turismo de base comunitária na Chapada dos Veadeiros, cursinho popular em Sobradinho II com abordagem de letramento racial, ações de defesa de direitos de pessoas em situação de rua no SCS e projetos que articulam arte, cultura e saúde mental no Paranoá. “Por meio dos polos, a UnB colabora com o desenvolvimento local de maneira multidimensional”, resume.

 

RECONHECIMENTO – Gregório destaca que a reestruturação resultou em ambientes mais qualificados, abertos ao diálogo e construídos coletivamente. Ele agradece o apoio da gestão superior, servidores, estudantes, comunidade artística e da coordenação das casas. “Que as casas sigam abertas e melhores a cada ano!”, deseja.

 

Fernanda reforça o caráter humano da REPE. “Temos 146 bolsistas atuando ativamente. Esse número expressivo demonstra o compromisso da comunidade acadêmica”, afirma. Para ela, o sentimento de pertencimento vivenciado pelos estudantes é um dos maiores indicadores de impacto: “É comum ouvir deles que é na REPE onde se sentem mais felizes e mais parte da UnB”.

 

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