Carlos Potiara Costa
O papel que a Amazônia desempenha, isoladamente, na política externa brasileira em fóruns ambientais globais é mais importante do que se poderia imaginar. E isso tem uma razão de ser. O Brasil é o país mais biodiverso do mundo. Estimativas do professor Thomas Lewinsohn, da Universidade Estadual de Campinas, mostram que temos no território nacional 13,1% de todas as espécies vivas do planeta, em particular na região norte.
A tabela abaixo dá uma dimensão da importância das florestas tropicais brasileiras e em particular da amazônica.
Tabela 1: Área de floresta tropical, por país
País | Superfície (em hectares) | |
1 | Brasil (Amazônia, território florestado original) |
519.191.600 (~ 420.000.000) |
2 | República Democrática do Congo (RDC) | 199.224.000 |
3 | Indonésia | 160.978.300 |
4 | Colômbia | 81.779.000 |
5 | Peru | 78.069.510 |
Fonte: Site Mongabay.org, 2016
Por esse motivo o país é conhecido como o G-1 da biodiversidade, o que lhe confere respeito e acesso a recursos e doações provenientes da cooperação internacional. Mas isso não expressa o resultado de uma prática, ou seja, de ações promovidas pela sociedade. A segunda grande floresta tropical brasileira, a Mata Atlântica, possui apenas 7,0% de seu território original remanescente. Sendo que uma parte significante está protegida porque é de difícil acesso, em regiões da Serra do Mar. E o processo de desmatamento continua ocorrendo.
O caso é que temos um problema sistêmico no Brasil com relação a questões ambientais, que coloca em dúvida a visão que transmite. Hoje, cerca de 34% do Cerrado ainda está conservado. Mas é preocupante o ritmo de sua transformação, que já chegou a 2% ao ano, em sua maior parte para plantio de grãos.
Nesse contexto, temos uma situação em que o Brasil chega a se assemelhar com países considerados vilões ambientais. E a Amazônia, dada sua dimensão, acaba servindo como um biombo que esconde a rapidez da degradação que os grandes vetores do desmatamento produzem em todo o território nacional.