OPINIÃO

Mário Angelo Silva é doutor em Psicologia Social (PUCSP), professor e pesquisador colaborador do Programa de Pós-Graduação em Política Social (PPGPS/UnB), coordenador do Polo de Prevenção DST e Aids/UnB e consultor do Ministério da Saúde.

Mário Angelo Silva

 

A principal forma de transmissão do HIV continua sendo as relações sexuais desprotegidas, sem o uso de preservativos.

 

Estudos comportamentais revelam que a maioria da população sexualmente ativa sabe dos riscos, mas não usa preservativos regularmente em todas suas relações sexuais. Os motivos são vários: esquecimento, incômodos, despreocupação com os riscos, banalização do sexo e das ISTs, demonstração de confiança e afeto em relacionamentos/namoros estáveis.

 

O aumento do número de pessoas infectadas pelo HIV observado nesses últimos anos está intimamente associado a esses motivos, e revela a complexidade dos fatores de vulnerabilidades a que estão expostas essas pessoas.

 

Outro motivo pode ser atribuído à falta de informações sobre os riscos, devido à escassez de campanhas e ações educativas visando a prevenção não só do HIV/aids, mas também da gravidez indesejada, principalmente entre adolescentes e adultos jovens.

 

No bojo da onda conservadora que atinge o Brasil nesse momento político, falar em sexo, sexualidades e questões de gênero nas escolas e nas famílias  tornou-se contravenção e pecado.

 

A estratégia denominada “Prevenção Combinada” adotada pelo Ministério da Saúde associa a ampliação da oferta de testes com diagnóstico rápido e a disponibilização de terapias antirretrovirais profiláticas baseadas em evidências de riscos, chamada Profilaxia Pós-Exposição (PEP) e Profilaxia Pré-Exposição (PreP). A primeira destina-se a pessoas que estiveram expostas à infecção pelo HIV logo após uma situação de risco (em até 72 horas) e a segunda para pessoas que convivem com o risco contínuo, por exemplo, parceiros fixos soronegativos de pessoas soropositivas.

 

A ampliação da disponibilização dos testes com resultados rápidos tem sido considerada uma importante estratégia de prevenção, já que facilita o acesso ao diagnóstico,  facilitando, portanto, o conhecimento do estado sorológico de pessoas que provavelmente estiveram expostas a riscos em algum momento de sua vida, sexual e/ou profissional. Nesse sentido, as pessoas com diagnóstico positivo terão a oportunidade de serem aconselhadas, orientadas e encaminhadas para unidades de saúde para seguimento clínico, podendo iniciar de imediato o tratamento antirretroviral, conforme protocolo do Ministério da Saúde, prevenindo assim a ocorrência das doenças oportunistas que configuram o quadro da aids.

 

O aconselhamento antes e depois da realização do teste rápido pode ser um momento privilegiado de escuta e fala, fundamental para a obtenção de informações fundamentais para a tomada de consciência de riscos, e de atitudes para a mudança de comportamentos visando a prevenção do HIV/aids.

 

Na Universidade de Brasília, o projeto de extensão Polo de Prevenção de DST e aids tem contribuído para a implementação da estratégia “Prevenção Combinada”: disponibiliza mensalmente cerca de 15 mil preservativos masculinos e femininos; 200 testagens rápida de HIV, sífilis e hepatites virais, além de material educativo e atendimentos de aconselhamento em todos os dias da semana.

 

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