OPINIÃO

Nagib Mohammed Abdalla Nassar é botânico, geneticista e professor emérito da Universidade de Brasília. Graduado pela Universidade do Cairo, mestre em Genética pela Universidade de Assiute e PhD em Genética (comajor em botânica) pela Universidade de Alexandria. Sua pesquisa concentra-se no melhoramento da mandioca.  É Fellow do Linnean Society-London (FLS). Recebeu em 2014 o prestigiado prêmio Kuwait International.

Nagib Nassar¹

 

O plano do governo de correr para dessalinizar a água do mar para irrigar o Nordeste é totalmente precipitado e feito sem planejamento nenhum.

 

Houve R$ 11,5 bilhões investidos por governos anteriores durante os últimos oito anos e que não deram ainda o resultado esperado. Seria bom aguardar o fruto desse investimento.

 

O processo de dessalinizar mostra que, quando aplicado por outras nações, há um gasto muito alto com menos rendimento do que se houvesse o aproveitamento dos rios já existentes, caso do Brasil. A energia usada é muito expansiva, e, se fosse atômica, seria mais ainda, além dos perigos ambientais de resíduos.

 

Para dessalinizar água salgada e salobra, esta é retirada do oceano e passa por uma sistema de dessalinização e purificação para resultar em água limpa e potável. Esse processo traz muitas repercussões ambientais.

 

Como em qualquer processo, a dessalinização tem subprodutos que devem ser atendidos. O processo de dessalinização requer uso de produtos químicos de limpeza, que são adicionados à água antes da dessalinização para tornar o tratamento mais eficiente e bem-sucedido. Esses produtos químicos incluem cloro, ácido clorídrico e peróxido de hidrogênio, e eles são usados por um período limitado de tempo. Quando perdem a capacidade de limpar a água, esses produtos químicos são despejados, o que se torna uma grande preocupação ambiental, porque eles encontram o caminho de volta ao oceano, onde envenenam a vida das plantas e animais.

 

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¹Professor Emérito da Universidade de Brasília. Graduado pela Cairo University, mestre em Genética pela Assiut University e PhD em Genética (co-major em botânica) pela Alexandria University. Sua pesquisa se concentra no melhoramento da mandioca. Tem experiência nos temas: botânica econômica, citogenética aplicada ao melhoramento de plantas, genética de plantas cultivadas. É Fellow do Linnean Society-London (FLS). Recebeu em 2014 o prestigiado prêmio Kuwait International.

 

Publicado originalmente no jornal Folha de S. Paulo em 1º/3/2019.

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