Luiz Vicente Gentil
Todo dia 204 milhões de brasileiros precisam de comida e ela vem das criações de animais e das lavouras de arroz, feijão, milho, mandioca e outros 200 produtos.
Para que chegue à mesa, é necessário capital, terra e trabalho da mesma forma de insumos até três vezes ao ano em sementes, óleo diesel, fertilizantes e defensivos animais e vegetais.
São os agrônomos como os saídos da Universidade de Brasília que ajudam a tratar disto para que haja comida abundante, barata, boa e de preço baixo.
Isto é chamado de segurança alimentar e tratado neste texto de forma verdadeira e sem desinformações.
Deve-se dizer que o produtor rural que leva às indústrias, às mesas e à exportação é o herói anônimo e sofrido que coloca a semente hoje na terra sem saber se a colheita amanhã terá preço ou produção.
Muitos deles, nesta empreita pelo bem da sociedade, perdem as lavouras da noite para o dia, saem da vida comum e caem na miséria com suas famílias. Nós sabemos que lavouras ou criações não têm apólice de seguro, como carros ou casas urbanas.
Assim, é preciso sementes geneticamente modificadas, fertilizantes para repor o que a colheita tirou do solo, assim como defensivos animais e vegetais para se defender dos inimigos como bactérias, fungos, vírus, ervas daninhas, insetos, ácaros e até moluscos.
Apenas 8,4% [72 milhões de ha] de todo território nacional são plantados. De todas espécies animais do planeta, 80% são só os insetos devendo ser controlados para os humanos sobreviverem. Estudos mostram que pragas e moléstias destroem 7,7% de toda produção nacional ou U$ 28 bilhões por ano. Sem comida, nós morreremos. Já tivemos pragas terríveis que destruíram a economia, como ferrugem [café e soja], Helicoverpa [algodão e soja]; vassoura de bruxa [cacau], bicudo [algodão], traça [tomate], sigatoga [bananeira] ou mal-das-folhas [seringueira].
Só em uma parte da Bahia, em 2014, foi perdido U$ 1 bilhão. Nos últimos 10 anos, 35 novas pragas apareceram nas lavouras do Brasil. O Brasil é um dos mais eficientes do mundo em baixa demanda em defensivos. Ou seja, para cada U$ 1.00 usado em defensivos, nós colhemos 142 kg de alimentos, Estados Unidos 94 Kg e Japão apenas 8 kg.
Para tanto, existe um exército de profissionais dos governos, academias, indústria, comércio e agentes financeiros como soldados para nos defender destes patógenos que se tornam mais resistentes e vorazes.
Aqui no Brasil e no mundo existem pessoas e instituições trabalhando em laboratórios, sistemas de segurança alimentar, associações com até 10 anos trabalhando nos defensivos para criar, testar, regular, aprovar, aplicar e criar segurança das criações, lavouras e consumidores.
Caso houvesse um insano que proibisse o uso de defensivos animais ou vegetais, estaria decretado o genocídio da humanidade pela falta de alimento. O mesmo seria com os humanos se farmácias, drogarias e hospitais fossem fechados, a população morreria também.
Para isto existe a Lei Federal nº 7.802, de julho de 1989, entre outras que regulam esta matéria. Os defensivos são controlados em rígidos padrões como NR 31 [Norma Regulamentadora]; RA [Receituário Agronômico]; LMR [Limite Máximo de Resíduos]; IDA [Ingestão Diária Aceitável]; DL50 [Dose Média Letal] ou EPI [Equipamentos de Proteção individual]. Além de órgãos como ANVISA; SBDA; ANDEF; DSV/MAPA; CIPV; ORPFS; CONFEA; CNA; MAPA, IBAMA, CONAMA ou Secretarias de Agricultura.
Podemos dormir tranquilos que nossas lavouras e os 204 milhões de brasileiros estão bem defendidos.
Nós, profissionais da agronomia, da veterinária, da zootecnia e das ciências agrárias, que trabalhamos para produzir alimentos saudáveis, combater pragas e moléstias, suportamos às vezes a incompreensão de alguns desconhecedores da realidade do campo.
Assim, nos sentimos satisfeitos com o dever cumprido ao ser um dos alicerces da segurança alimentar e da economia do Brasil.