OPINIÃO

Ivan Marques de Toledo Camargo é graduado em Engenharia Elétrica pela UnB, mestre e doutor em Génie Electrique - Institut National Politechnique de Grenoble (França). Professor do Departamento de Engenharia Elétrica. Foi reitor da Universidade de Brasília, decano de Ensino de Graduação/UnB, superintendente de Regulação do Serviço de Distribuição e assessor da Diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), presidente da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético e editor da Revista Brasileira de Energia.

Ivan Camargo

 

Há 54 anos um sonho revolucionário se realizava. A história registra que foi no Auditório Dois Candangos repleto de expectativas que, em um 21 de abril, uma universidade diferente de todas as outras começava a marcar a história do país. Idealizada por educadores que enxergavam muito além de seu tempo, a Universidade de Brasília surgia como centro de vanguarda e respeito à diversidade, uma esperança de integração mais eficiente entre a academia e a sociedade.

 

As cinco décadas seguintes à geração pioneira são de uma história rica, mas que, em muitos aspectos, escapa às projeções iniciais. A UnB coleciona em sua trajetória o enfretamento de duras crises políticas e econômicas. Nenhuma barreira, entretanto, foi capaz de freá-la. Com a força de sua comunidade atuante, a universidade pública da capital se notabiliza pela superação e segue como referência para a construção de um futuro mais próspero e justo.


E é outra vez pela invocação do trabalho que a UnB está suplantando mais um grave momento nacional. Apesar das incertezas no cenário político e dos constantes cortes orçamentários, a instituição tem colecionado bons resultados. Um dos mais recentes está no do Índice Geral de Cursos. A avaliação realizada anualmente pelo Ministério da Educação concedeu nota máxima à UnB, invertendo uma curva de declínio que se apresentava no início da década.


Rankings universitários como o britânico QS também atestam essa evolução acadêmica. Em 2015, a UnB foi apontada pelo instituto europeu como uma das dez melhores instituições de ensino superior da América Latina (era a 25ª há três anos). O desempenho destacado leva ainda o selo de levantamento da Folha de S. Paulo, que posiciona a UnB na nona colocação nacional, e do Guia do Estudante da Editora Abril, responsável por conceder estrelas a 59 cursos de graduação e apontar a Universidade como a melhor do Centro-Oeste.


Soma-se a esses indicadores a notória presença de pesquisas locais em importantes publicações de ciência. Também tem sido cada vez mais constante a presença de prata da casa em cargos importantes no Brasil e no exterior. Entre os quadros formados na UnB, estão o cientista-chefe da Microsoft Research, Henrique Malvar, e o diretor-geral da OMC, Roberto Azevedo.  


Para se adequar às atuais circunstâncias sem perder de vista a excelência, a Universidade tem adotado medidas rigorosas para reduzir e otimizar gastos. Nos últimos três anos, a instituição vem substituindo, por exemplo, contratos terceirizados voltados para a mão de obra por contratos de serviços. Essa mudança busca agilizar processos e tornar os atendimentos mais eficientes. Bons resultados já têm sido alcançados, por exemplo, nos Restaurantes Universitários - agora presentes em todos os campi - na limpeza e na conservação prediais.


A implantação em curso de sistema eletrônico de tramitação de documentos e a regularização da força de trabalho são outras medidas que têm contribuído para racionalizar o uso dos recursos públicos. Esses encaminhamentos são indispensáveis para superar as dificuldades econômicas que, ao que tudo indica, devem impor corte na ordem de 50% nos investimentos deste ano, assim como foi em 2015.


A questão orçamentária é atenuada pela capacidade da instituição de gerar receitas próprias. É preciso, aliás, repensar a utilização de imóveis, incluindo terrenos vazios que hoje não geram qualquer tipo de riqueza para a Universidade. Há potencial significativo para transformar esse patrimônio ocioso em fonte de recurso permanente para investimento acadêmico.


A Universidade tem enfrentado as crises, mas espera que em breve se encontre um horizonte mais favorável e estável. É necessário deixar de conviver com as turbulências para avançar mais. Esta Universidade nasceu com a vocação de ser grande e transformadora e, por isso, almeja ir mais longe. As conquistas realizadas mesmo em dias difíceis provam que a comunidade universitária unida pode fazer da UnB a melhor do Brasil.


É com confiança no poder do trabalho e com otimismo que a Universidade de Brasília celebra o aniversário de sua fundação. Que a dedicação observada diariamente nos campi seja replicada em nível nacional para o enfrentamento das crises. Parabéns aos alunos e ex-alunos, aos professores e técnicos em atividade e aposentados. Parabéns a todos os que amam e lutam pela UnB. Parabéns, Brasília.

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