A Universidade de Brasília ofertou a disciplina Bitcoin – aspectos técnicos e implementação do protocolo no segundo semestre de 2024. A matéria lecionada pelo professor do Departamento de Engenharia Elétrica (ENE/FT) Edil Medeiros acontece às quintas e sextas-feiras, com carga horária de 60h. É oferecida de forma conjunta para os cursos de Engenharia Elétrica, Engenharia da Computação, Engenharia de Redes, Engenharia Mecatrônica e Ciências da Computação.
Bitcoin é uma moeda digital (criptomoeda) que não depende de intermediários financeiros, como bancos. “As pessoas tendem a achar que o Bitcoin é composto por um conjunto de regras imutáveis, mas a realidade é que se trata de um protocolo em constante transformação e desenvolvido pelos mais brilhantes engenheiros, programadores e matemáticos vivos”, afirmou Medeiros.
A ideia da disciplina surgiu após Medeiros perceber demanda por formação de profissionais em Bitcoin. Ele realizou parceria com a Vinteum, organização não governamental (ONG) brasileira que financia desenvolvedores atuantes em tempo integral em projetos open source (programas de software aberto) de Bitcoin. Enquanto Medeiros auxilia no desenvolvimento do programa Bitcoin Dev Launchpad da ONG para programadores profissionais, a Vinteum promove apoio técnico no desenvolvimento da disciplina para graduação.
Em três tópicos, o professor aborda soluções de problemas que a tecnologia Bitcoin resolve: “Criar e gerenciar chaves criptográficas; identificar transações recebidas e gerenciar o saldo monetário do usuário; assinar e propagar transações”.
A recepção dos estudantes acerca da disciplina é positiva. De acordo com Medeiros, ele nunca teve uma turma que perguntasse tanto em sala de aula, e alunos da matéria fundaram o grupo de estudo Clube Bitcoin UnB, que terá início em 2025. Além disso, o professor orienta cinco trabalhos de conclusão de curso (TCC) com foco em Bitcoin. “Tudo isso indica que o tema foi bem recepcionado pelos estudantes, mas ainda é muito cedo para avaliar o real impacto dessa iniciativa”, afirmou.
O professor destacou como dificuldade da disciplina a falta de bom livro-texto como material de apoio. Para solucionar esse problema, Medeiros pretende escrever o material a partir das gravações das aulas do segundo semestre de 2024.
Em relação a conhecimentos prévios da temática, alguns estudantes tinham noção superficial a partir de vídeos de investimento e tecnologia disponíveis na plataforma YouTube, mas a maioria não entendia como o Bitcoin funcionava.
O docente comentou que ajustes foram necessários para superar as dificuldades dos alunos: “Alguns assuntos que me pareciam mais fáceis são percebidos como difíceis e outros que eu achava que seriam mais difíceis são facilmente assimilados pelos estudantes”. Além disso, ele ressaltou a importância das devolutivas de alunos que irão participar de projetos de software aberto ou trabalhar em locais que utilizem o Bitcoin para entender futuras mudanças na disciplina.
Por se tratar de informação bancária, o professor encoraja os alunos a não divulgar se utilizam a criptomoeda. “A disciplina não tem como objetivo estimulá-los a usar Bitcoin como forma de investimento ou meio de pagamento”, frisou. Segundo Medeiros, a intenção é que a matéria seja oferecida de forma anual, mas depende das demandas do departamento. A primeira turma conta com 58 alunos e terá fim em fevereiro.
*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB.