
No mês em que celebramos o Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial, em 21 de março, a UnB apresenta a Cartilha Antirracismo, desenvolvida pelo Departamento de Artes Cênicas (CEN/IdA). O documento joga luz sobre letramento racial, com o intuito de combater o racismo no ambiente universitário, e convida a comunidade a refletir sobre o tema.
“A cartilha foi criada num longo processo, após sentirmos a necessidade de dar uma resposta a certas tensões dentro do departamento”, comenta a professora Giselle Brito (IdA), integrante da comissão de elaboração do material. “Com um trabalho de formiguinha, reunimos uma comissão de professores e estudantes para desenvolver o primeiro esboço”, conta a docente.

O texto foi oficialmente apresentado em novembro de 2024, por ocasião do Mês da Consciência Negra, e segue recebendo contribuições. De modo geral, a cartilha mostra o racismo gritante que ainda existe e apresenta as diferenças entre racismo, preconceito e discriminação; as formas de racismo, o que é branquitude, leis e muito mais.
Segundo Giselle, a cartilha está em constante atualização e vai seguir sendo aprimorada, pois não é um tema que se finda tão facilmente. “Nosso foco é que seja divulgada todo início de semestre para os calouros, com o objetivo de apresentar o tema e também manter o debate ativo na comunidade acadêmica”, explica.
“Já a distribuímos há três semestres e, nesse período, já passou por algumas revisões, desde o material aprovado pelo colegiado até a atualização da linguagem, que tornou o texto menos acadêmico e a linguagem mais dinâmica”, descreve a chefe do Departamento de Artes Cênicas (CEN/IdA) e também integrante da comissão de elaboração, professora Cyntia Santos. “Depois disso, ainda houve contribuições da equipe de design, que segue trabalhando na criação da identidade visual. Além de diversas revisões, como a mais recente sobre as cotas.”
As docentes reforçam a necessidade urgente do debate do tema para o fortalecimento da comunidade, não só com a cartilha, como também por meio de outras ações práticas. Como resultado do trabalho já desenvolvido, elas citam que conseguiram modificar a política dentro do departamento quanto a elaboração de editais para ter mais professores negros e ter um projeto de extensão com pessoas negras indo para as escolas.
“Essas mobilizações movimentaram o debate e a confrontação, num diálogo de ações. Nesse amadurecimento, os alunos aprendem a colocar suas demandas, sem embate e polarização”, comenta Giselle.
“O diálogo está sendo muito maior com os alunos e as questões chegam, uma coisa que não acontecia antes. Hoje, eles entendem a importância do diálogo imediato, da denúncia, e logo a questão é resolvida”, afirma Cyntia. “Nosso intuito é que a cartilha chegue ao maior número de pessoas, em todos os departamentos.”