A Fiocruz Brasília realizou, no dia 9 de agosto, em parceria com a Universidade de Brasília, o seminário O sistema de avaliação da pós-graduação no Brasil: conquistas e perspectivas. O evento reuniu profissionais das duas instituições parceiras no auditório da Fiocruz Brasília. A necessidade de visitar as conquistas e, ao mesmo tempo, refletir o processo que permeia o sistema de avaliação da pós-graduação no Brasil foi destacada por todos os participantes do seminário.
O encontro teve como palestrantes e debatedores Rita Barradas Barata, diretora de Avaliação e Acompanhamento da Capes; Guilherme Werneck, coordenador geral da área de Saúde Coletiva da Capes; Naomar Almeida, reitor da Universidade Federal do Sul da Bahia; Mauricio Barreto, pesquisador da Fiocruz Bahia e Isaac Roitman, coordenador do Núcleo do Futuro da UnB.
Houve unanimidade em relação à necessidade de mudanças. Segundo Rita Barradas, “como, o quê e quando mudar” são pontos que devem estar na agenda permanente de reflexão. Ela observou a necessidade de rever o olhar sobre a produção de artigos e disse que a Capes ouve propostas e vislumbra a importância de responder a questões como “Quem estamos formando? Para quem? Onde estão inseridos? Em que medida estão contribuindo para o desenvolvimento social?”.
Guilherme Werneck, , coordenador geral da área de Saúde Coletiva da Capes, destacou desafios, dentre eles, o de superar as desigualdades regionais: hoje, a região Sudeste concentra 46% dos cursos na área de Saúde Coletiva, com 40 deles, enquanto as regiões Centro-Oeste e Norte têm apenas seis e três cursos, respectivamente. Ele informou, ainda, que a área de saúde coletiva vem tendo, relativamente, avanços significativos em suas proposições.
O reitor da Universidade Federal do Sul da Bahia, Naomar Almeida, disse que o sistema de avaliação da Capes e a Plataforma Lattes são patrimônios brasileiros a serem preservados, e destacou pontos críticos, como a separação entre graduação e pós-graduação (o isolamento da pós-graduação); a dicotomia entre mestrado profissional e mestrado acadêmico; a falta de articulação das esferas públicas com o setor econômico; a falta de interface com políticas sociais e com a sociedade. Ele ratificou que a pós-graduação não deve, sob nenhuma hipótese, descolar-se dos outros níveis de educação e chamou atenção para a responsabilidade das instituições formadoras em nível de pós-graduação com os demais níveis do sistema educacional.
Mauricio Barreto, da Fiocruz Bahia, disse que o Brasil, nos últimos 20 anos, deixou de ocupar uma posição secundária na produção científica, ocupando hoje o 13o lugar no ranking mundial. Ele destacou que a pós-graduação, que faz parte do sistema científico e tecnológico, teve avanços significativos. Em 1965, existiam no país 11 cursos de doutorado e 27 de mestrado e hoje são 2.157 de doutorado, 3.378 de mestrado e 733 de mestrado profissional. No entanto, Barreto destaca não ter ocorrido mudanças no sistema de avaliação da Capes nos últimos 30 anos. Ele defende uma mudança profunda e que a avaliação da produção científica vá além da Capes e passe a ser realizada por um conjunto de instituições de diversas áreas como agricultura, ciência e tecnologia, saúde, entre outras. A Capes deve manter o papel de monitorar e interiorizar a universidade, conforme observou. E destacou, por fim, que toda pesquisa deve reverter-se em bem social.
Gerson Penna, diretor da Fiocruz Brasília, e Jaime Santana, decano de Pesquisa e Pós-graduação da UnB, destacaram, na abertura do evento, que encontros como este são importantes insumos para pensar o processo de mudança. Na parte da tarde, os componentes da mesa, bem como a coordenadora-geral da Pós-graduação da Fiocruz, Cristina Guilam, e a professora Eduarda Cesse, pesquisadora do Aggeu Magalhães e coordenadora adjunta da área de Saúde Coletiva para o mestrado profissional na Capes, continuaram as discussões com os profissionais da Fiocruz Brasília.