CULTURA DE PAZ

Membros do Conselho Universitário aprovam nota de repúdio a ataque no ICC 

 

Nota de repúdio à violência foi aprovada por unanimidade no Consuni. Foto: Julio Minasi/Secom UnB

 

O Conselho Universitário da Universidade de Brasília (Consuni), em reunião do colegiado nesta sexta-feira (24), manifestou-se contra o ato de intolerância praticado no Instituto Central de Ciências (ICC) na semana passada. O Consuni é o órgão deliberativo máximo da instituição.

No início da reunião, a decana de Assuntos Comunitários, Thérèse Hofmann, apresentou aos conselheiros proposta de nota de repúdio à violência na UnB. O documento afirma que, na Universidade de Brasília, não há lugar para manifestações discriminatórias. O texto foi elaborado por comissão da comunidade acadêmica.

Representantes docentes, discentes e técnicos-administrativos fizeram observações ao conteúdo, sugerindo modificações para que o tom de severidade contra os ataques não fosse abrandado.

Diretora do Instituto de Geociências, Márcia Abrahão recomendou que a nota reiterasse o caráter premeditado do ato. A professora pediu que haja oferta de acompanhamento psicológico aos estudantes agredidos no ato.

Para o diretor da Faculdade de Tecnologia, Antônio César Brasil, o acontecimento representou mais que ofensas racistas e homofóbicas. “Foi um ataque ao nosso modelo de universidade livre e sem muros, ao nosso ambiente mais humano e colaborativo”, avaliou.

O docente se disse preocupado com a chance de repetição desses atos, mas pediu que a comunidade acadêmica esteja pronta para defender a diversidade de pensamento.

 

Vice-diretor do Instituto de Ciências Humanas, Perci Coelho leu a nota elaborada por sua unidade e parabenizou o Consuni pela atitude democrática de produzir uma manifestação coletiva. Ele foi um dos conselheiros que levaram a plenário a suspeita do uso de armas no ato.

 

O diretor da Faculdade de Comunicação, Fernando Paulino, sugeriu que a administração da UnB realize um 'trabalho integrado de inteligência', com finalidade de monitorar ameaças no ambiente da Internet e estabelecer ações preventivas.

Representantes de servidores técnico-administrativos cobraram ações práticas da administração, propondo inclusive reforço orçamentário à Diretoria de Diversidade (DIV/DAC), para que o combate à intolerância seja amplamente pautado na comunidade acadêmica.

Caio Oliveira, do Diretório Central dos Estudantes, também se manifestou. “O que aconteceu foi um absurdo. A liberdade de expressão jamais pode ser usada como pretexto para ações violentas”, afirmou.

Em resposta ao fato, a reitoria já solicitou reforço na segurança do campus e também tem contado com apoio da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. A administração também tem cooperado para o andamento das investigações junto aos órgãos competentes.

Após o acolhimento das propostas e a modificação do documento, o Conselho Universitário aprovou por aclamação a seguinte nota:

Nota sobre os episódios de intolerância ocorridos no Minhocão-UnB no dia 17 de junho


A Universidade de Brasília, por meio de seu Conselho Universitário, vem a público manifestar seu repúdio às agressões de um grupo, composto de pessoas estranhas ao corpo da Universidade, que, na noite do dia 17 de junho, entrou no Instituto Central de Ciências gritando insultos e palavras de ordem racistas e homofóbicas contra a comunidade acadêmica da UnB. Além dos xingamentos e impropérios proferidos, o grupo agrediu vários estudantes, em clara demonstração de intolerância em uma ação premeditada e, segundo relatos, com porte de armas. Tais atitudes são incompatíveis com o espírito de pluralidade e respeito às diferenças que caracterizam o convívio universitário.

A UnB nasceu sob o signo do ideário de uma universidade democrática, livre e vibrante, no qual não há lugar para manifestações de cunho excludente e discriminatório, em tom violento e fascista.

Lugar da diversidade e da produção de conhecimento, nossa Universidade tem entre os seus princípios o compromisso com a paz e com a defesa dos direitos humanos, e sempre se caracterizou por adotar medidas e decisões de vanguarda, seja na dimensão acadêmica, seja na seara dos valores e dos grandes debates nacionais.

Ao tempo em que esperamos que os órgãos de segurança apurem eventuais responsabilidades pelos excessos cometidos, identificando e punindo os envolvidos, expressamos nossa confiança de que a Universidade, por meio de seus milhares de alunos e servidores, docentes e técnicos, será capaz de levar adiante, sem medo e sem recuos, sua vocação de continuar sendo espaço estratégico vital de construção da cidadania e da democracia.

É bom lembrar que o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos de 1966, do qual o Brasil é signatário, dispõe ser proibida “qualquer apologia de ódio nacional, racial ou religioso, que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade ou à violência”. Nesse sentido, todo ato de incitação ao ódio e à violência será energicamente combatido pela comunidade acadêmica da UnB, venha ele de onde vier, virtualmente ou em particular, se praticado dentro dos espaços livres da própria Universidade.

 

Confira  notas de repúdio de institutos e faculdades da UnB: 

 

  1. Faculdade de Comunicação
  2. Câmara de Ensino e Graduação
  3. Conselho da Faculdade de Educação
  4. Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária
  5. Direção UnB Planaltina
  6. Instituto de Ciências Sociais
  7. Faculdade de Ceilândia
  8. Instituto de Ciência Política
  9. Departamento de Serviço Social
  10. Instituto de Ciências Humanas
  11. Instituto de Letras
  12. Câmara de Extensão
  13. Instituto de Psicologia