Ex-aluna da UnB, a pesquisadora brasileira Fernanda Werneck é uma das três representantes da América Latina no International Rising Talents, programa desenvolvido por L’Oréal e Unesco para jovens cientistas. Seu projeto, que estuda os efeitos das mudanças climáticas globais na vida animal, foi um dos vencedores do Para Mulheres na Ciência de 2016 e foi indicado pelo júri para concorrer também ao prêmio internacional, que será entregue nesta terça-feira (21), em cerimônia em Paris, França.
Graduada em Ciências Biológicas e mestre em Ecologia pela UnB, Werneck cursou doutorado em Integrative Biology (Biologia Integrativa) na Brigham Young University (EUA). Atualmente, é pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
“A Universidade de Brasília foi essencial para toda a minha formação. Tive contribuição total para a minha carreira. É minha casa acadêmica no Brasil”, comenta Werneck. “Desde o início da graduação fui engajada em pesquisas. A própria forma em que o curso de Ciências Biológicas é preparado privilegia muito os estágios supervisionados. Desde que entrei, busquei estágios dentro do Departamento de Zoologia do Instituto de Ciências Biológicas (IB). Em 1999, comecei a atuar como estagiária de lá, trabalhando junto com o professor Guarino Colli. É uma pessoa com quem mantenho colaboração desde então”, conta.
"Foi quando comecei meus estudos em biodiversidade de evolução da herpertofauna do cerrado. Todo meu foco do mestrado e mesmo do doutorado, apesar de não ter sido feito na UnB, eu fiz em colaboração com o laboratório do doutor Guarino, que é curador da Coleção Herpetológica da UnB (CHUNB)."
Ainda sobre o professor Guarino, a pesquisadora não economiza agradecimentos. “Ele é uma pessoa que foi muito instrumental na minha formação, em termos de embasamento teórico, ético e muito do meu embasamento em ciência. Isso é diretamente refletido nas colaborações que temos até hoje. Temos uma interação muito rica e uma colaboração de longo prazo”, diz.
“Colaboro com ele em diversos projetos de pesquisas, inclusive esse que foi premiado pela L’Oréal, que se insere dentro de um grande projeto de pesquisa que eu, Guarino e um colega nosso, Ben-Hur, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), somos cocoordenadores”, detalha. Ao longo da carreira acadêmica, Werneck também foi gerente da CHUNB.
PESQUISA – O projeto vencedor é voltado para o estudo da biodiversidade do arco do desmatamento, que é a região de transição entre a Amazônia e o Cerrado. “Ela concentra as maiores taxas de desmatamento da Amazônia brasileira e coincide com o ecótono Amazônia-Cerrado. Nós temos esse projeto desde o início de 2015 e uma das vertentes, uma expansão do projeto, é investigar em nível molecular tanto a diversidade genética de anfíbios e répteis distribuídos na Amazônia e no Cerrado como também a questão dos potenciais adaptativos de espécies e populações frente às mudanças climáticas. Como subcomponente desse amplo projeto que a gente tem, existe o projeto premiado pela L’Oréal”, explica.
“A pesquisa que está sendo premiada é parte de um esforço colaborativo muito amplo que envolve tanto o INPA, que é a instituição onde estou hoje, a UnB, a Unemat e nossos parceiros no exterior, na Universidade da Califórnia, em Santa Cruz."
PRÊMIO – O objetivo do International Rising Talents é impulsionar o percurso de excelência de jovens e promissoras cientistas até se tornarem pesquisadoras internacionalmente reconhecidas. Essa premiação é concedida a 15 jovens cientistas por ano, três de cada região do mundo: África e Estados Árabes, Ásia e Pacífico, Europa, América Latina e América do Norte.
Para quem tem interesse em conquistar essa premiação, o primeiro passo é se inscrever no Para Mulheres na Ciência, que já está com inscrições abertas para a sua 12ª edição. No Brasil, o prêmio conta com a parceria da Academia Brasileira de Ciências. Todo ano, sete pesquisas são premiadas com uma bolsa-auxílio de R$ 50 mil cada. Os projetos podem ser inscritos para avaliação no site: paramulheresnaciencia.com.br.