A pandemia do novo coronavírus tem colocado em evidência o papel da ciência para a solução de problemas da coletividade, mas quais os desafios e as oportunidades que surgem diante do cenário de emergência na saúde? Para responder a essa pergunta, a Universidade de Brasília promoveu o webinário Ciência e futuro: os desafios no combate à Covid-19, na manhã desta quinta-feira (7).
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O evento foi transmitido no canal da UnBTV no YouTube e marcou a participação da Universidade na Marcha Virtual pela Ciência 2020, organizada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Debatedores das três grandes áreas do conhecimento (Vida, Humanas e Exatas) participaram da atividade: a professora do Instituto de Ciências Biológicas (IB/UnB) Mercedes Bustamante; o professor da Faculdade de Direito (FD/UnB) Fabiano Hartmann; a vice-reitora da Universidade Católica da América e pesquisadora associada da Nasa, Duília de Mello; e a vice-presidenta da SBPC e professora do Departamento de Sociologia da UnB, Fernanda Sobral. A conversa foi mediada pela reitora Márcia Abrahão.
"Os países mais bem preparados em termos científicos têm dado respostas mais rápidas à pandemia", lembrou a reitora, na abertura do webinário. "Esta crise também nos mostra a necessidade de comunicarmos melhor o que fazemos em ciência, até para prevenir a disseminação de notícias falsas", acrescentou.
INVESTIMENTO – A necessidade de se manter aplicação perene de recursos na área foi destacada por todos os participantes. "Eu sou fruto do investimento brasileiro na ciência. Durante a minha formação, sempre recebi bolsa de agências de fomento", comentou Duília, astrônoma responsável pela descoberta de uma estrela. "Precisamos aproveitar este momento para explicar às pessoas como a ciência é feita e que ela ocorre dentro das universidades. Se estamos aqui, falando pela internet, é porque o método científico funciona", frisou.
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A professora Mercedes, especialista em ecologia e integrante da Academia Brasileira de Ciências (ABC), defendeu que a crise provocada pelo novo coronavírus sirva como impulso para a reflexão sobre o que se pretende como sociedade. "O que significa adotarmos um modelo econômico que desconsidera vulnerabilidades e redes de proteção necessárias a um segmento expressivo da população?", questionou. Ela também fez um apelo para que a retomada econômica priorize as energias renováveis e a sustentabilidade. "Há uma falsa dicotomia entre ambiente e economia", disse.
HUMANIDADES – Os debatedores também se uniram na avaliação de que não há área do conhecimento mais importante que a outra. "As Ciências Humanas e Sociais podem fazer muito durante a pandemia, dando, por exemplo, subsídios para a elaboração de políticas públicas que garantam proteção aos mais vulneráveis", afirmou a professora Fernanda. "Toda ciência é humana".
O professor Fabiano, especialista no uso de inteligência artificial aplicada ao Direito, criticou a "sistemática desqualificação do colégio das humanidades". "Estabelecer investimentos unicamente para pesquisas com foco em tecnologia cria uma falsa hierarquia entre os colégios de conhecimento e uma narrativa de inferioridade que não existe. Afinal, estamos todos irmanados contra esta pandemia", finalizou.
Recentemente, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) divulgou novas regras para a concessão de bolsas de iniciação científica. Para serem contemplados, os projetos deveriam ter adesão obrigatória a áreas consideradas prioritárias pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. A restrição provocou indignação na comunidade científica, incluindo a UnB, que se manifestou por nota.
Assista à íntegra do evento:
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