EXCELÊNCIA

Trabalhos desenvolvidos na UnB estão na lista de 49 premiados em seleção com mais de 1.500 inscritos. Pesquisa da Geologia recebe menção honrosa

 

Originalidade e relevância científica estão entre critérios de seleção no Prêmio Capes de Tese. Autores e orientadores recebem bolsas e valor em dinheiro. Foto: Murilo Abreu/Secom UnB

 

Dois trabalhos de conclusão de doutorado dos programas de pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS) e em Psicologia Clínica e Cultura (PPG-PsiCC) venceram o Prêmio Capes de Tese 2025. As teses defendidas no ano passado se destacaram em suas respectivas áreas, na seleção que contou com 1.543 inscrições. O resultado, anunciado neste semestre, garante aos autores bolsas de até um ano para estágio pós-doutoral no Brasil. Os orientadores recebem R$ 3 mil pelo prêmio. Originalidade, relevância para o desenvolvimento científico e qualidade da redação estiveram entre os critérios avaliados.

 

As teses premiadas da UnB são Give a Girl a Job. Reflections on Ethnography, Money and Suffering among South African Women e ConViver: grupos de convivência protetiva para crianças, adolescentes e suas famílias. A primeira é de autoria de Daniel Cruz, com orientação de Luís Roberto Cardoso de Oliveira, do PPGAS. A segunda foi defendida por Acileide Coelho e orientada no PPG-PsiCC por Maria Inês Gandolfo. Esses trabalhos e outros 47 vencedores em nível nacional ainda concorrem ao Grande Prêmio Capes de Tese, que vai apontar também este ano os melhores trabalhos dos grupos Ciências da Vida, Humanidades e Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar. 

Daniel Cruz (D) é orientado por Luís Roberto Cardoso de Oliveira desde o mestrado. Autor destaca tese feita "com o coração e a pele de um homem negro". Foto: Arquivo pessoal 

 

A pesquisa vencedora em antropologia analisa programa de transferência de renda da África do Sul, na perspectiva de mulheres que gestaram na adolescência e de filhos delas. “A tese expressa uma possibilidade de antropologia: aquela feita com o coração e a pele de um homem negro, o trabalho interdisciplinar e crítico, a orientação generosa e emancipatória de um mestre e sob os cuidados de Exu”, destaca o agora doutor Daniel Cruz. Recém-empossado analista do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), ele ressalta o ingresso no cargo por meio de política de cotas raciais e agradece as contribuições da família, da assistente, de profissionais de saúde e do orientador, a quem classifica como “erudito, generoso e comprometido com o conhecimento crítico e emancipatório”.

 

“A meu ver a originalidade do tema e de sua abordagem, somados à qualidade dos dados etnográficos e à densidade da discussão teórico-conceitual colocam a tese de Daniel em um patamar especial”, avalia Luís Roberto, que também orientou o autor durante o mestrado. Ele chama a atenção para a extensa pesquisa de campo e pelo desafio de produzir o trabalho em inglês. “Prêmios de orientação, como este, têm significado especial, pois enaltecem sua capacidade de produção e reprodução na área, colaborando para o futuro da disciplina”, comemora o professor, que, prestes a completar 39 anos de docência na UnB, diz sentir-se “intelectualmente mais jovem” com o reconhecimento. 

Alcileide Coelho (E) levou experiência no Sistema Único de Assistência Social à pesquisa. Maria Inês Gandolfo destaca impacto social do trabalho. Foto: Arquivo pessoal 

 

A autora do trabalho vencedor do PPG-PsiCC explica que a tese ”traz luz a uma forma de trabalho coletivo em política pública que busca prevenir desproteções relacionais e violências e criar espaços de convivência protetiva para crianças, adolescentes e suas famílias”. A pesquisa de Alcileide Coelho foi influenciada por seus 16 anos de atuação como psicóloga no Sistema Único de Assistência Social (SUAS). O trabalho aliou teoria e prática na busca pela compreensão de estratégias de enfrentamento de questões como violências, preconceitos e conflitos.

 

“Este prêmio traz ânimo para a continuidade do trabalho coletivo, com foco na promoção de espaços de convivência protetiva nos territórios”, comemora a pesquisadora, que conduz cursos sobre o tema a servidores do governo do Distrito Federal.

 

“O tema é, sem dúvida, de grande relevância e impacto social”, avalia a orientadora Maria Inês Gandolfo. “Em um país historicamente marcado por desigualdades estruturais e injustiças persistentes, são justamente as populações mais vulnerabilizadas que mais carecem de um olhar ético, sensível e comprometido da academia”, completa.

 

A professora classifica como “profundamente gratificante” a experiência na orientação e diz que, desde o princípio, entendia o estudo como promissor. A trajetória acadêmica e profissional, a originalidade da proposta e o “ímpeto incansável da autora” para aprimorar ofertas existentes e buscar respostas são qualidades atribuídas à tese pela docente.

 

UnB no Prêmio Capes de Tese 2025 teve dois trabalhos premiados e uma menção honrosa. Arte: João Paulo Parker/Secom UnB

 

MENÇÃO HONROSA A tese Os Depósitos de Jatobá e Onça Rosa, Província Mineral de Carajás, Brasil: discussões genéticas sobre mineralizações em sistemas IOCG ricos em Ni, de Yuri Tatiana Rodriguez, sob orientação de Maria Emília Schutesky, recebeu menção no prêmio promovido pela Capes. A pesquisa nasceu do interesse da autora por compreender como são formados os minerais.

Yuri Tatiana Rodriguez (E) e a orientadora Maria Emília Schutesky em trabalho de campo na Província Mineral de Carajás. Foto: Arquivo pessoal 

 

“Meu mineral favorito é a magnetita, que é o principal mineral de ferro dos depósitos IOCG (óxido de ferro, cobre e ouro) do Brasil. Eles me cativam porque representam a oportunidade de montar o quebra-cabeça da história mineralógica de um dos tipos de depósitos mais enigmáticos e únicos do mundo”, explica Yuri Tatiana, que é natural da Colômbia. A tese dela foi produzida sob cotutela dos professores Nigel Cook e Cristiana Ciobanu, da Universidade de Adelaide, na Austrália. Ela segue com as pesquisas pós-doutorais na Oceania.

 

“A abordagem científica que foi feita, com olhar de nanoescala, é algo inédito nesse contexto metalogenético [relativo a origem dos depósitos minerais] no Brasil”, afirma Maria Emília Schutesky, que também orientou a orientadora no mestrado. A riqueza da região de Carajás, local de interesse do trabalho, e a dedicação da autora são outros trunfos atribuídos ao trabalho.

 

A professora recebe a menção honrosa como um estímulo ao trabalho e à sequência de investimentos em pesquisas e na formação de recursos humanos de qualidade. “É um prazer muito grande trazer esse reconhecimento para a Universidade, que é a minha casa. Sou filha da UnB. Entrei em 2001 e estou aqui até hoje com o maior orgulho da minha instituição e de onde estou.”

 

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