O Instituto de Ciências Exatas (IE) por meio do Departamento de Matemática (MAT) promove, nesta quarta e quinta-feira (21 e 22), o Seminário Mulheres na Ciência, que tem como objetivo principal discutir as questões relacionadas a gênero na área e em outros campos. O evento faz parte do ciclo de debates Matemática substantivo feminino, que promove discussões em universidades do país e pretende repensar o gênero na comunidade matemática brasileira.
Palestrante no evento, Liliane Maia há 36 anos leciona no Departamento de Matemática, onde atualmente é a única professora titular, representando 12,5% das vagas ocupadas. Do total de 73 docentes do MAT, entre professores das categorias de associado a titular, apenas 19 são mulheres– o que corresponde 25% das cadeiras.
Entre 2012 e 2014, quando atuou como Diretora do Programa de Pós-Graduação em Matemática (PPG/MAT), o curso obteve conceito máximo na avaliação da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes). “Eu só colhi o fruto de outros que vieram antes de mim; outras mulheres, inclusive. Uma delas coordenou o programa por mais de dez anos”, conta a pesquisadora da área de análise.
O seminário terá palestrantes de outros estados e áreas da ciência, com participação de 15 mulheres falando sobre suas percepções e o feminino na ciência. “Queremos unir as diferentes visões sobre a questão: da minha parte, trago a vivência de ser a única professora titular do MAT. Outras cientistas podem trazer o olhar de quem pesquisa sobre gênero”, comenta Liliane.
A professora do Departamento de Antropologia (DAN), Lia Zanotta instigará o público a questionar o processo de formação do paradigma da escolha de carreiras pela perspectiva de vivência de gênero, bem como a leitura que o mundo do trabalho faz sobre as carreiras.
Para Lia, além da vivência de gênero, o ensino das disciplinas durante a vida escolar também ajuda a reproduzir características estereotipadas. “Uma menina que é boa em matemática é esforçada. Se for menino, um gênio”, diz.
O pensamento holístico é uma estratégia para abordar o máximo de frentes dentro da questão. “É importante que seja pensado em várias áreas do conhecimento porque o estereótipo de gênero atravessa todas as disciplinas, então também precisa ser discutido transversalmente”, defende a docente do DAN.
Liliane Maia, complementa o pensamento de Lia com aspectos vivenciais. “Busco sempre colocar as questões e gerar oportunidades para meus alunos, homens ou mulheres. É necessário criar a cultura de que elas precisam ser agarradas e tento ser esse exemplo diariamente", finaliza.
O seminário acontece na Faculdade de Tecnologia, no campus Darcy Ribeiro. As inscrições podem ser feitas na página do evento.
Veja também:
>>UnB por Elas: série especial sobre cenários institucionais e trajetórias femininas na Universidade