Ser mulher negra é ser guerreira, é lutar contra a chibata do dia a dia. A maioria dos brancos tem medo de os negros tomarem o lugar deles. Mas tem espaço para todos. Devemos apoiar e nos sensibilizar pelos outros. A mulher branca não luta ao meu lado. Não luta a minha luta. Muitas mulheres brancas falam: “Eu tenho filho". Mas, quem conhece seu filho, de verdade, sou eu, a babá negra que cuida dele”. Eu não vejo mulher negra correndo atrás de pensão alimentícia, pois a gente enfrenta a maternidade sozinha. Cuida dos filhos dos brancos e ainda encontra tempo pra ser feliz.
Maria Amélia da Silva, 45 anos e quatro filhos. É prestadora de serviços gerais na UnB.
Ser mulher negra é ser independente e poder administrar o que se quer. É correr atrás dos objetivos e mostrar para os filhos que ser negro não é algo ruim. Cor a gente não escolhe. São características das nossas raças.
Sueli Bispo de Sousa, 39 anos e três filhos. É auxiliar de cozinha no Restaurante Universitário (RU).
Ser negra é sofrer discriminação todos os dias, seja por palavras, olhares e atitudes que demonstram o quanto o racismo não é abolido e sim, escondido. Apesar dos conflitos que passamos, somos fortes e resilientes para lutarmos pela igualdade nesse mundo tão desigual, que um dia, talvez, acabará com a injúria racial.
Maiara Gonçalves dos Santos, 24 anos. Trabalha na recepção do RU e mora em Santo Antônio do Descoberto (GO).
É uma luta contínua para superar a discriminação racial e toda forma de preconceito que rotule a mulher, que já é descriminada pelo machismo. A mulher negra busca sua visibilidade na sociedade. É evidente que atualmente vem conquistando seu espaço, porém, para atingir seu sucesso ela sempre deve se esforçar mais que as outras.
Silvia de Alcântara Bandeira, 58 anos e comerciante. Em 2016, formou-se em Serviço Social na UnB.
Muitas foram as barreiras e muitas ainda poderão vir, mas ser mulher negra é ser eu mesma, ainda que a sociedade diga que não sou. Mas eu sou filha, mãe, profissional e mulher negra, que conquistei e continuarei a conquistar a liberdade de ser eu mesma em uma sociedade que ainda é escrava do preconceito.
Ana Lígia Montalvão de Souza, 42 anos, mora em Formosa (GO). É Técnica em Nutrição e Técnica em Enfermagem. Trabalha na UnB desde 2003.
Quando me perguntaram o que era ser
busquei no que não sou pra dizer
que fui criança morena
sem cor
sou mulher mulata
sem raça
mesmo que a mim fique imposto
o nada
que me obriguem a ser
ser sem direito
sou calo em mãos e pés resistentes
a teimosia nas universidades excludentes
o compromisso da continuidade
da luta de um povo
sou a resistência ao não.
(Meimei Bastos)
Meimei Bastos, 25 anos, nasceu em Ceilândia. Estuda Artes Cênicas na UnB. É atriz, arte educadora e poeta. Publicou textos no livro Mulher Quebrada, coletânea que reúne poesias de mulheres da periferia do Distrito Federal.
Para outras informações sobre as condições das mulheres negras no Brasil, acesse: http://www.seppir.gov.br