GÊNERO

Organizado por alunas da graduação, semana temática promove reflexão sobre presença feminina em ambiente tradicionalmente frequentado por homens

 


Professora da FD, Alejandra Pascual abriu a I Semana das Mulheres na Engenharia abordando as violências reproduzidas no cotidiano. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Mecânica, Elétrica, Mecatrônica, Aeroespacial, de Softwares, Automotiva. Além de integrarem a Engenharia, esses cursos têm em comum o fato de, historicamente, possuírem mais homens do que mulheres em suas salas de aula. Sendo assim, como se sentem as garotas em um ambiente de predominância masculina? Como o dia a dia da Engenharia é visto pela ótica feminina? Até o fim desta semana, questões deste tipo estão sendo debatidas na Faculdade de Tecnologia da UnB.

 

Nesta segunda-feira (9), a abertura da I Semana das Mulheres na Engenharia trouxe à discussão as violências invisíveis pelas quais passa este público. Assédio de colegas e professores, comentários inapropriados em relação a gênero e outros “pequenos incômodos”, como relata a aluna de Mecatrônica Rafaella Reis, fazem parte da rotina das mulheres que decidem seguir carreira na área.

 

"Como mulheres, enfrentamos barreiras invisíveis todos os dias e assuntos como esses não costumam ser muito discutidos em nosso meio", diz a estudante, que é uma das organizadoras do evento. A palestra inaugural foi proferida pela docente da Faculdade de Direito (FD) da UnB Alejandra Pascual. Para a professora, a pior violência é aquela repetida como parte dos costumes.

 

“Os homens perpetram essas violências invisíveis, mas nós também, ao reproduzirmos comentários machistas. Precisamos ter a responsabilidade de repensar nosso comportamento automático”, enfatizou. Alejandra Pascual apresentou uma explicação histórica sobre a cultura ocidental. “Nossa lógica social está diretamente ligada à ideia europeia, católica, de que a mulher foi feita de uma costela do homem para ser sua companheira, e isso nos nega um papel central”, expôs.

 

Ainda sobre contextos culturais e sociais, ela exemplificou: “Não tenho coragem de dar uma boneca como presente ao filho de um amigo, porque sei que perderia a amizade. Mas, se um dia ele pode vir a ser pai, qual o problema de exercer um papel de cuidador?”

 

Boa parte do público presente demonstrou concordância com os relatos. “As mulheres realmente precisam provar mais, se preparar mais”, opinou Rafaella Reis, que já está no oitavo semestre e acredita que não terá as mesmas chances que os colegas homens quando entrar no mercado de trabalho.

As alunas Aline Mendes, Rafaella Reis, Vitória Carolina e Danielle Almeida organizam o evento. Foto: Thaíse Torres/Secom UnB

 

PROGRAMAÇÃO  As atividades da iniciativa promovida pelo grupo Women In Engineering, formado por alunas da graduação em engenharias, seguem até sexta-feira (13). 

 

A ideia de realizar o evento em abril é justamente chamar a atenção de que todo momento é adequado para pensar sobre o tema. "Nosso ponto de partida foi março, o mês da mulher, mas achamos que a discussão é atemporal", afirmou Rafaella.

 

Na terça (10), será exibido o filme Estrelas Além do Tempo, que fala do protagonismo feminino na área espacial e foi indicado a três Oscars. Na quarta (11), o assunto é assédio. Todas as atividades são gratuitas e acontecem no auditório da Faculdade de Tecnologia, no horário de almoço, exceto a doação de sangue, marcada para sexta (13), às 13h45, no Hemocentro de Brasília. Acesse programação aqui.

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.