INTERNACIONAL

Cooperação entre brasileiros e timorenses existe desde a independência do país asiático, em 2002. Resultados têm se intensificado nos últimos anos

 

Até esta quarta-feira (11), o Instituto de Ciências Sociais (ICS) da UnB sedia a 1ª Conferência da Associação de Estudos de Timor-Leste, seção Brasil (TLSA-BR). Com o tema Rupturas, Continuidades e Novas Sínteses, o encontro busca reunir estudantes e pesquisadores de várias áreas do conhecimento interessados em melhor compreender os processos sociais em curso em Timor-Leste, uma das nações mais jovens do mundo.

 

Além dos trabalhos científicos tradicionais, a conferência reúne apresentação de produções artísticas, fotográficas e audiovisuais, além de lançamento de livros. Cerca de 30 pesquisadores brasileiros e mais 30 internacionais participam da programação. O professor do Departamento de Antropologia (DAN) da UnB Daniel Simião é um dos organizadores do evento. Para ele, a pesquisa realizada na última década já apresenta resultados substanciais, que o evento pretende reunir.

 

Parte desse acúmulo de aprendizados é resultado de uma política de cooperação educacional empenhada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) entre os anos 2005 a 2015. No período de uma década, foram enviados ao Timor 50 professores brasileiros, a cada ano, para colaborar com a estruturação do sistema educacional timorense, em especial com o fortalecimento do ensino do português.

Professor do DAN, Daniel Simião é um dos organizadores da 1ª Conferência da Associação de Estudos de Timor-Leste, seção Brasil (TLSA-BR). Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

“Cada professor, desde que retornou, contribuiu para a difusão de aprendizados e conhecimentos sobre a cultura timorense”, destaca Simião.

 

Boa parte dos estudos sobre o país envolvem as áreas de estudos literários, linguística, ciência política, educação, história e direito. Desde 2014, a UnB envia estudantes de graduação e pós-graduação ao país para realizar pesquisas e intensificar o intercâmbio acadêmico, científico e cultural. Durante esse período, estudantes timorenses também estiveram na Universidade.

 

AFINIDADES Pesquisadores docentes e discentes envolvidos com o Timor-Leste apresentam seus trabalhos na conferência. Nesta terça-feira (10), o aluno Miguel dos Santos Filho, do mestrado do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do DAN, participa de mesa-redonda que discute questões de gênero. Desde a graduação, o pesquisador, orientado por Daniel Simião, estuda sobre estas relações em Timor e suas interfaces com as áreas de justiça e desenvolvimento.

 

Seu trabalho de conclusão de curso permitiu reconhecer o papel central das organizações não governamentais no processo de consolidação da noção de violência doméstica como um problema grave, que deveria ser tratado judicialmente. Com o trabalho, vieram dois prêmios, o primeiro da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e o segundo do próprio DAN.

 

Já na nova fase de pesquisa – em desenvolvimento agora no mestrado –, a ideia é compreender comparativamente as dinâmicas de aplicação das medidas judiciais de administração dos conflitos de violência doméstica. “Enquanto lá em Timor-Leste aplica-se a Lei Contra Violência Doméstica, aqui no Brasil tem se aplicado a Lei Maria da Penha, o que já é em si um cenário interessante para se comparar, visto que os dois países têm enfrentado desafios semelhantes na aplicação das legislações”, conta Miguel.

 

O estudante detalha que ambos países enfrentam dificuldades tanto no sistema judiciário, quanto na conscientização da população acerca do tema. Para conhecer mais sobre a pesquisa da UnB e de universidades parceiras em Timor-Leste, acesse UnBCiência.

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