Somando-se com protagonismo às demandas de uma sociedade com menor impacto ambiental, o projeto LabZero da Universidade de Brasília recebeu a quarta colocação em chamada nacional da Eletrobras que busca financiar a construção de edifícios sustentáveis. O projeto, que deve ser edificado em até dois anos após a assinatura do contrato e recebimento dos recursos, prevê laboratórios e grupos de pesquisa. O LabZero resulta de articulações entre diferentes áreas da Universidade, que trabalham juntas em prol da construção de um edifício de alta eficiência energética seguindo o conceito NZEB – Nearly Zero Energy Building, no original em inglês.
Com pouco mais de 200m², o projeto será edificado em um espaço do Parque Científico e Tecnológico da UnB (PCTec) e será espaço de co-working para grupos que trabalhem com eficiência energética e sustentabilidade de edifícios. "Construir o projeto em Brasília tem importância estratégica por sua excelente visibilidade e acesso para visitantes, uma vez que está previsto um plano de visitação ao público para disseminação do conhecimento científico", pontua a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) Joara Cronemberger.
As visitações devem acontecer nas modalidades educativa, para a sociedade em geral e técnica, com ênfase em estudantes e profissionais com interesse pelo tema de eficiência energética. Haverá ainda a possibilidade de conhecer o projeto por meio de tour virtual que será disponibilizado no site da Universidade de Brasília.
Entre as práticas que garantem sustentabilidade ao edifício estão: sistema de captação e aproveitamento da água das chuvas; estação de tratamento de água com uso de fossa ecológica, filtro biológico e unidade de desinfecção; e gestão de resíduos sólidos – pensado pelo projeto Recicla FUP, que estrutura o local para coleta seletiva, diagnóstico quali-quantitativo dos resíduos, identificação das fontes geradoras de resíduos e seleção de cooperativa de catadores para recebimento dos recicláveis.
Coordenado pelas professoras Joara Cronemberger e Cláudia Amorim, também da FAU, o projeto é resultado do esforço conjunto de docentes, estudantes de graduação e de pós-graduação e servidores de diversos setores da UnB: Faculdade de Tecnologia (FT), Instituto de Geociências (IG), Faculdade UnB Gama (FGA), Faculdade UnB Planaltina (FUP), Centro de Planejamento Oscar Niemeyer (Ceplan), Secretaria de Infraestrutura (Infra), Empresa do Parque Científico e Tecnológico da UnB (Quali-A/PCTec) e empresa júnior da Faculdade de Tecnologia (Concreta/FT).
ADEQUAÇÃO À REALIDADE LOCAL – O edifício pretende integrar-se de maneira orgânica ao ambiente onde será construído. Para tanto, a arquitetura foi pensada partindo-se de premissas ligadas ao clima, aproveitamento da luz natural e busca pela proteção solar otimizada e eficaz. "Além de pensar as melhores práticas de sustentabilidade, é necessário adequar o LabZero à nossa realidade local pensando, inclusive, tecnologias disponíveis e custos", explica a docente Cláudia Amorim.
Segundo o memorial do projeto e baseado em pesquisas anteriores do Laboratório de Controle Ambiental e Eficiência Energética (LACAM/UnB), edifícios de escritório na capital federal consomem, em média, 132kWh/m².ano. Já o LabZero pretende ter consumo de 34,29kWh/m².ano, uma economia de quase 75%.
"Além de gerar a própria energia, o excedente será utilizado para alimentação de bicicletas elétricas, que ajudarão na mobilidade pelo campus", explica o professor do Instituto de Geociências (IG) Edilson Bias, um dos docentes ligados ao projeto.
Entre as tecnologias utilizadas está a chaminé solar, recurso que intensifica a ventilação natural. Ela é combinada com o uso de cobogós, marca de Brasília, como técnica que resfriamento evaporativo. A adoção dessa estratégia minimiza a necessidade de ventilação mecânica e, como consequência, otimiza o gasto energético, como proposto pelo professor João Manoel Pimenta, do Departamento de Engenharia Mecânica (ENM/FT).
Há, também, a utilização da tecnologia IoT – Internet of Things, Internet das coisas, em tradução livre do inglês – em que um sistema monitora variáveis como conforto térmico e luminoso, controle de acesso e energia. "O edifício é uma vitrine de eficiência energética na UnB", detalha o professor do Departamento de Engenharia Elétrica (ENE/FT) Adolfo Bauchspiess, responsável pela área de automação do edifício.
"Introduzimos sistemas de refrigeração alternativos e inovadores, além de sistemas de geração fotovoltaica de dois tipos: conectado à rede e com uso de armazenamento" acrescenta o professor Marco Egito, do ENE/FT.
ENSINANDO NA PRÁTICA – Segundo a mesma lógica de edifício sustentável, além da alta eficiência energética, o LabZero prevê técnicas de reciclagem de água e gestão dos resíduos sólidos. A instalação do sistema de tratamento e reúso de água estará exposto para que seja possível mostrar a tecnologia por trás do projeto.
A gestão de resíduos será local e os pesquisadores buscam divulgar informações para que a população entenda o porquê da coleta seletiva. "Assim, o edifício difunde e reforça a prática do reúso da água e implantação da coleta seletiva, servindo de exemplo para a sociedade", explica a coordenadora do mestrado profissional em rede nacional em Gestão e Regulação em Recursos Hídricos (ProÁgua), Lucijane Monteiro.
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