INTERNACIONALIZAÇÃO

UnB e Universidade de Agricultura da China iniciaram parceria em bioinsumos e maquinários para pequenos agricultores

A reitora Márcia Abrahão reafirmou o compromisso da UnB com o combate à fome e com a produção sustentável de alimentos. Foto: Beto Monteiro/Ascom GRE

 

A relação Brasil-China completa 50 anos em 2024. Na Universidade de Brasília, a cooperação com a Universidade de Agricultura da China (UCA) tem se fortalecido desde meados de 2023, com a visita do embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao; com a assinatura do memorando de entendimento entre as instituições em setembro; e com a visita da reitora Márcia Abrahão à China no final do ano. Nesta segunda-feira (29), foi a vez da delegação chinesa conhecer a UnB.

Os pesquisadores da UCA passaram a manhã na Fazenda Água Limpa (FAL) da UnB, acompanhados do vice-reitor Enrique Huelva e de pesquisadores da Universidade. Logo depois, foram recebidos pela reitora no prédio da Reitoria e, à tarde, conheceram o Laboratório de Energia e Ambiente da Faculdade de Tecnologia (LEA/FT) da Universidade.

A visita dos chineses ocorre no contexto do fortalecimento das relações entre os países em agricultura familiar, com um projeto iniciado no Rio Grande do Norte. No encontro com a reitora, estiveram presentes o ministro do Desenvolvimento Social e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo.

“Um dos pilares dessa nova era está na agricultura. Combater a fome e produzir alimentos saudáveis de maneira sustentável são objetivos fundamentais em que nossos países estão comprometidos a cooperar. Além de evoluir em sua sustentabilidade ambiental, a agricultura também tem o desafio de superar as desigualdades sociais”, disse a reitora Márcia Abrahão.

O decano da Faculdade de Engenharia da CAU, Song Zhengue, lembrou que pesquisadores das duas universidades têm realizado reuniões on-line e elogiou a visita detalhada à FAL. “Acredito que a parceria prática entre as nossas instituições pode começar pela mecanização e bioinsumos. Vamos insistir na integração da educação, indústria e tecnologia”, sugeriu.

O decano da Faculdade de Engenharia da CAU, Song Zhengue, avaliou que a parceria entre as duas universidades pode começar pela mecanização. Foto: Beto Monteiro/Ascom GRE

 

A UnB e a UCA pretendem inaugurar neste ano o Centro Brasil-China de Pesquisa, Desenvolvimento e Promoção da Ciência e Tecnologia para Agricultura Familiar. A parceria entre os dois países tem foco em agricultura familiar, produção de bioinsumos e maquinário para pequenos agricultores.

“Nós estamos juntos com o Consórcio do Nordeste, a governadora do Rio Grande do Norte e o MST [Movimento Sem Terra] inaugurando essa experiência no próximo sábado (3). Essa experiência será muito importante se acompanhada da disposição de produzir essas máquinas no Brasil”, disse o ministro Paulo Teixeira.

No Rio Grande do Norte, empresas chinesas levaram pequenas máquinas para auxiliar os agricultores. De acordo com o ministro, cerca de 70% dos agricultores brasileiros não têm maquinários. “Nossos países, que são parte do G20 e dos BRICS, têm que assumir o tema central que é uma aliança global para o combate à fome e à pobreza.”

O ministro Márcio Macêdo pontuou que a iniciativa é inédita e muito significativa, porque envolve dois países, uma instituição de formulação de saber e o movimento social em um tema fundamental. “Espero que esse projeto seja o início de uma grande colaboração, que culmine na produção dessas máquinas no Brasil.”

A representante do Movimento Sem Terra Bárbara Loureiro concordou que a produção de bioinsumos e das máquinas agrícolas são centrais para o fortalecimento da agricultura. “Precisamos popularizar e democratizar o acesso às tecnologias que aumentam a produção de alimentos, com melhores condições de trabalho. O desenvolvimento da agroecologia não resolve apenas o problema da agricultura camponesa, mas da sociedade em geral.”