Palestras com especialistas renomados de diferentes áreas, minicursos, exposição de equipamentos e produtos agropecuários do Distrito Federal (DF) e da Região Integrada de Desenvolvimento do DF e Entorno (RIDE) e venda de produtos frescos fizeram parte da programação que reuniu, de 26 a 28 de setembro, estudantes, professores, produtores, expositores, profissionais da área e visitantes. Ao final de cada dia da 3ª Feira do Produtor Rural, na Fazenda Água Limpa (FAL/UnB), o público ainda pôde conferir shows de música.
Crianças de escolas públicas de Brasília foram até o Núcleo Rural Vargem Bonita e puderam aprender como cuidar de animais e conhecer uma série de projetos em curso na fazenda, como o Se eu fosse um peixinho, do grupo de pesquisa em Aquicultura AcquaUnB, coordenado pelo professor Rodrigo Navarro, da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV/UnB). “Eles mostraram um sistema em que os peixes alimentam as plantas que limpam a água”, resume a estudante do 1º ano do ensino médio da rede pública do DF Ana Clara Lima, 16 anos.
O projeto estuda formas de cultivo de vegetais, legumes e verduras e a produção de peixes, rãs e camarões, por exemplo, em um sistema que filtra e limpa a água que circula no sistema juntamente com nutrientes. “É um sistema orgânico que não utiliza aditivos químicos, como agrotóxicos, não desperdiça água e otimiza o espaço”, destaca o estudante do 7º semestre de Medicina Veterinária Gustavo Soares, 25 anos. “É uma alternativa que cresce cada vez mais no mundo. O mundo inteiro já está trabalhando com aquaponia, porque hoje a questão ambiental está em pauta em todos os lugares”, observa.
A estudante do 1º ano do ensino médio da rede pública do DF Giovanna Souza, 16 anos, conta que gostou muito do contato com os animais e da diversidade de expositores. “Tem muitas áreas que você pode explorar e conhecer mais. Tenho interesse em fazer Veterinária, por isso achei a feira bem interessante”, disse.
“Primeira vez que venho aqui e achei a feira maravilhosa, muito legal. Acho que pode ser mais divulgada. Os produtos estão bem interessantes e achei a feira bem organizada e aprazível. Os expositores são muito educados, muito dispostos a explicar como é cada produto e como é produzido”, disse Teresinha Batista, 65 anos, do polo Águas Claras da Uniser, a Universidade do Envelhecer, programa de extensão da UnB voltado a atividades educativas e integrativas para envelhecimento saudável.
Já o expositor Gleino Oliveira, da Vargem Bonita, levou produtos feitos de substrato de cogumelos, como adubo orgânico, vasos de cerâmica e até café de shitake. “É um material não muito difundido, porque dá trabalho e outros processos de produção são mais difundidos, mas o benefício de um vaso feito do substrato de cogumelo é muito maior, porque ele é biodegradável, quando ele bate no solo, vira adubo, diferente de um vaso de barro, de cimento, plástico”, comentou.
Na abertura do evento, o diretor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da UnB, José Ricardo Peixoto, destacou a evolução da feira desde a sua criação.
“Quando cheguei aqui, em 1996, tínhamos um galpão e máquinas velhas e foi feito um leilão na época que a Emater não buscou”, brincou, para em seguida elogiar a melhoria da estrutura da Feira do Produtor em relação às edições anteriores. “Isso significa que estamos dando uma resposta à sociedade e mostrando maior inserção social, com ensino, pesquisa e extensão caminhando juntos”, disse.
A professora e decana de Extensão, Olgamir Amância, representando a reitora Márcia Abrahão, destacou a importância do diálogo entre os diferentes segmentos, governo, academia e parlamento. “Foi a capacidade de interlocução que permitiu à gestão da professora Márcia enfrentar contextos adversos, como corte de recursos orçamentários e a pandemia de covid-19, permitindo que a Universidade avançasse e continuasse sendo reconhecida como de excelência.”
Aberto para visitantes, o evento, gratuito, foi organizado pelos grupos de estudos em Horticultura (Gehorti) e em Pecuária (Gepec) e pelo Laboratório de Mecanização Agrícola (Lamagri) da Faculdade de Medicina Veterinária e Agronomia. O professor Cássio Silva (FAV), coordenador do Gepec e um dos organizadores da feira, considera a realização um importante momento de devolver à sociedade o que é investido na Universidade, “fazendo aquilo que sabemos fazer de melhor, que é promoção de cursos de capacitação gratuitamente e de qualidade para toda a comunidade”. Nesta edição, foram oferecidos mais de 30 minicursos, segundo o professor.
A coordenadora do Gehorti e também organizadora do evento, professora Michelle Vilela (FAV), destacou a importância desse tipo de evento não só para a troca de conhecimento e experiência entre produtores, empresas, academia e comunidade, mas também como espaço de divulgação do trabalho realizado pela UnB. “Gostaria de agradecer a todos e dizer a vocês que é importante que estejam aqui e mostrar tudo o que a nossa Universidade pode oferecer”, disse.
O coordenador do Lamagri e também organizador, Tiago Correia (FAV), agradeceu o apoio dos parceiros públicos e privados, estudantes e equipe técnica. “É uma satisfação enorme receber tanta gente.”
Durante os três dias de evento, a feira, que contou com a presença de aproximadamente 50 expositores e 20 empresas e instituições parceiras, recebeu mais de 500 alunos das escolas públicas do DF e cerca de 1.500 pessoas da comunidade.
Estiveram presentes na abertura os deputados Reginaldo Veras e Jaqueline Silva; o secretário de Agricultura do DF, Rafael Bueno; o diretor da FAL, Reginaldo Pereira; entre outros.
Com o tema Apoiando a mulher no campo, a feira contou com apoio da Secretaria de Estado da Mulher do Distrito Federal. A Feira do Produtor é um evento de extensão criado por alunos de graduação e pós, professores e técnicos da FAV com apoio da Fazenda Água Limpa com o objetivo de compartilhar conhecimentos técnicos e científicos da Universidade com profissionais, produtores, empresas e comunidade em geral.