MOMENTO DE TRANSFORMAÇÃO

Objetivo é desenvolver pesquisa científica e tecnológica em IA, prestar serviços técnicos especializados e promover educação continuada na área

Da esquerda para a dir.: diretor do IE, Ricardo Ruviaro; representante da FCTE Sandro Haddad; reitora Márcia Abrahão; diretor da FT, Edson Silva e diretor da Face, José Carvalho. Foto: Anastácia Vaz/Secom UnB  

 

O Centro Integrado de Pesquisa em Inteligência Artificial (CenIA) acaba de ser lançado na UnB. O objetivo é desenvolver pesquisa científica e tecnológica em IA, prestar serviços técnicos especializados e promover educação continuada na área e em temas relacionados. A cerimônia oficial aconteceu nesta segunda (11) no auditório da Reitoria, campus Darcy Ribeiro, Asa Norte.

 

A iniciativa é uma parceria entre o Instituto de Ciências Exatas (IE), a Faculdade de Tecnologia (FT), o Campus UnB Gama (FCTE) e a Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas (Face). 

 

Dezoito grupos de pesquisa e laboratórios da UnB já estão associados ao centro, entre eles o Laboratório de Aprendizado de Máquina em Finanças e Organizações, da Face; o Laboratório de Imagens, Sinais e Acústica, do IE; e o Grupo de Automação e Controle, da FT. As áreas de pesquisa envolvem agricultura de precisão, automação e atividades empresariais, direito e práticas jurídicas, educação, farmacologia, governança digital e administração pública, medicina, meio ambiente, clima e sustentabilidade. 

 

“Fico feliz com a ideia de criar a área de IA na UnB”, disse a reitora Márcia Abrahão, que citou a contribuição da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) na construção do Plano Brasileiro de IA (PBIA) e o empenho do governo federal no desenvolvimento da tecnologia. “É uma oportunidade de trabalhar de forma integrada, juntando diferentes áreas na UnB.” Em busca de protagonismo, o PBIA prevê mais de R$ 23 bilhões a serem investidos em IA até 2028.

 

O professor do Departamento de Ciências da Computação (CIC) Díbio Borges destacou a necessidade de professores e laboratórios trabalharem juntos em projetos que impactem a sociedade e lembrou que há mais de 30 anos a UnB pesquisa IA, tendo sido criado, no final dos anos 1980 e início dos 1990, o primeiro mestrado em IA do Brasil. “Os desafios vão ser grandes”, disse. “A ideia não é ser apenas mais um laboratório de IA no país, mas superar desafios nacionais.”

 

Ricardo Queiroz, também professor de Ciências da Computação, lembra que inteligência artificial não é exatamente uma novidade e a ideia de que vai substituir o ser humano também é antiga. Porém, as novas tecnologias e a computação massiva desenham um cenário disruptivo e de mudanças colossais. Ele cita que, até 2030, mais de 9% da energia estadunidense deve ser usada para alimentar data centers. “Sem querer assustar, deem uma olhada no que está acontecendo na Virgínia, em Ashburn.” No estado da Virgínia, EUA, 25% da energia é consumida por data centers, cada dia mais demandados com os avanços em IA. “Temos que achar o nosso nicho”, disse, ao citar projetos em andamento, como automatização em autarquias e tribunais e desfazimento do viés racial em reconhecimento facial. 

 

Representando o diretor do Campus UnB Gama, Sandro Haddad destacou que “essa é a primeira proposta, mas o centro não está fechado para as outras unidades”. “A IA está presente em todas as áreas do conhecimento. Sintam-se bem-vindos para participar e colaborar.”

 

José Márcio Carvalho, diretor da Face, destacou a importância de a academia trabalhar com governo e empresas nesse cenário de transformação da história e de mudança estrutural permanente. “A humanidade tem momentos de inflexão como a criação da escrita, o desenvolvimento da matemática, as grandes navegações e, mais recentemente, a aceleração do processo de globalização”, citou, ao lembrar também o surgimento da computação e da internet. “Estamos vivendo um desses momentos com a emergência da inteligência artificial”, disse. “Nossa missão é trazer essa discussão para Brasília e estabelecer redes de cooperação e diálogo com as empresas.”

 

O diretor da FT, Edson Paulo da Silva, enfatizou a gestão do centro. “É importante mobilizar diferentes competências para responder às temáticas estratégicas por meio de gestão compartilhada”, disse. “Grandes desafios, como IA e transição energética, demandam uma atuação transdisciplinar”, destacou. “O que nos levou a criar o centro foi a busca pela união em torno de um objetivo único que é a UnB ter um centro de excelência em IA”, reiterou o diretor do IE, Ricardo Ruviaro.

 

Presente no evento, a decana de Planejamento, Gestão e Avaliação Institucional, Denise Imbroisi, destacou o papel da UnB: “Vamos continuar trabalhando para que o centro tenha um espaço físico robusto, com supercomputadores, e que tenha também esse espaço de convívio e colaboração entre os nossos estudantes e pesquisadores. O nosso olhar de ciência e universidade é trabalharmos coletivamente pelo bem social e desenvolvimento de soluções para os problemas do país”.

 

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