DESAFIOS

Documento marca comemoração do Dia Internacional dos Migrantes

Da esquerda para a direita: Zakia Hachem (ICS/UnB), Leonardo Cavalcanti (ELA/UnB), Jonatas Pabi (MJSP) e Tânia Tonhati (ICS/UnB). Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

Em comemoração ao Dia Internacional dos Migrantes, o Observatório das Migrações Internacionais (Obmigra) lançou nesta terça-feira (17), no auditório Tancredo Neves do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), em Brasília, seu 11º relatório: As dinâmicas migratórias nas macrorregiões do Brasil. A Organização das Nações Unidas (ONU) homenageia os migrantes em 18 de dezembro. 

 

>> Confira aqui o relatório completo

 

Na ocasião, os pesquisadores do Obmigra apresentaram um panorama geral das migrações nas cinco regiões do país entre o ano de 2022 e o 1º semestre de 2024. A mediação foi do coordenador-geral de Imigração Laboral do MJSP, Jonatas Pabis.

 

OBSERVATÓRIO – Desenvolvido pela UnB em parceria com o MJSP, o Obmigra é um projeto de pesquisa e inovação responsável pela produção e disseminação de dados oficiais sobre migração no Brasil com o objetivo de subsidiar pesquisas e políticas públicas sobre o tema.

Professora Zakia Hachem (ICS/UnB) destacou que os dados do Cadastro Único indicam um aumento ostensivo do grupo de imigrantes refugiados na região centro-oeste. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

Além da UnB e MJSP, o relatório contou com os esforços e bases de dados do Ministério das Relações Exteriores, Ministério do Trabalho e Emprego, Polícia Federal e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Fontes como o sistema de tráfego internacional e o cadastro geral de empregados e desempregados foram utilizadas. O Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) também foi usado para analisar o acesso de imigrantes a benefícios sociais.

 

“O Brasil hoje no globo é um oásis em termos de monitoramento estatístico”, disse o professor do Departamento de Estudos Latinoamericanos (ELA/ICS/UnB) e coordenador científico do Obmigra Leonardo Cavalcanti.

Tânia Tonhati (ICS/UnB) observa que a porta de entrada dos migrantes para o Brasil é a região norte, mas se estabelecem na região sul. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

“A gente consegue monitorar mensalmente todos os registros, as movimentações de fronteira, e não só fazer esse monitoramento interno, mas trabalhar com transparência ativa e colocar esses dados à disposição da comunidade de forma mais criativa e intuitiva”, ressaltou.

 

Este ano, por exemplo, o relatório traz infográficos para facilitar a leitura dos dados.

 

>> Leia na Darcy nº 17: Dia 18 de dezembro, data promulgada pela ONU em homenagem aos migrantes

 

PANORAMA MIGRATÓRIO – Divulgado nesta semana, o relatório indica que a forma de acolhimento a imigrantes no país precisa levar em consideração diferenças regionais. “Parecem cinco países diferentes”, pontuou o professor Leonardo Cavalcanti. O documento mostra, por exemplo, que o número de trabalhadores venezuelanos que chegam ao Brasil superou o de haitianos.

 

“Os dados do Cadastro Único indicam um aumento ostensivo do grupo de imigrantes refugiados na região centro-oeste, o que denota também que, além dessa diversificação do grupo, a gente tem um aumento de pessoas em situação de vulnerabilidade que demandam ainda mais do Estado brasileiro e das políticas públicas para a sua efetiva integração e inclusão”, ressaltou a professora Zakia Hachem, do Instituto de Ciências Sociais (ICS/UnB).

 

A professora do Departamento de Sociologia (Sol/ICS) Tânia Tonhati observa que, no sul do país, o fluxo migratório fronteiriço é, hoje, naturalmente dominado por argentinos, paraguaios e uruguaios, porém as solicitações de refúgio são feitas por cubanos e venezuelanos, nacionais de países que não fazem fronteira com a região. “A porta de entrada é a região norte, mas onde os migrantes se estabelecem é no sul”, disse, ao apontar que, no sul, esses trabalhadores têm o menor rendimento médio. 

 

Leonardo Cavalcanti destacou o menor volume de imigração no nordeste, o maior incremento da China e os investimentos expressivos de estrangeiros em imóveis e em atividades produtivas na região. “Como a gente pode construir políticas para monitorar esses investimentos econômicos? É preciso ver no longo prazo se esses investimentos estão gerando empregos”, observou.

 

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.