Polo cultural do Distrito Federal, a UnB se faz presente em mais uma iniciativa da capital. Na volta presencial do Festival Cena Contemporânea, após duas edições virtuais por conta da pandemia de covid-19, os 60 anos de história da Universidade serão lembrados por meio dos emblemáticos Darcy Ribeiro, fundador da instituição e primeiro reitor, e Hugo Rodas, professor emérito do Instituto de Artes falecido em 2022.
Além da peça O Rinoceronte, último trabalho dirigido por Hugo Rodas, a programação do festival traz temas afeitos à sociedade brasileira e às pesquisas do antropólogo, indigenista, professor e escritor Darcy Ribeiro. A 23ª edição do Cena Contemporânea acontece entre 28 de junho e 10 de julho e contemplará espetáculos de artistas brasileiros, portugueses e argentinos, totalizando 21 apresentações de teatro e dança, um show, e 12 atividades formativas e educativas, como oficinas, encontros, lançamento de filme e exposição virtual.
Um dos destaques da programação é o espetáculo solo Eu e Você, com Denise Fraga, em comemoração os 35 anos de carreira da atriz. A apresentação ocorrerá nesta terça (28), quarta (29) e quinta-feira (30), às 20h, no Auditório da Associação dos Docentes da UnB (ADunB), no campus Darcy Ribeiro.
CONECTADO COM A UNIVERSIDADE – O Cena Contemporânea nasceu em 1995 para movimentar as artes cênicas na capital brasileira. “Ele surgiu por uma necessidade de seguir conectando a produção cultural e o público de Brasília com artistas e produções que de outra maneira não teríamos acesso”, afirma o coordenador-geral e curador do festival, Guilherme Reis.
Ele enfatiza que uma das inspirações para a concepção foi o Festival Latino-Americano de Arte e Cultura (Flaac), idealizado pela ex-professora Laís Aderne e realizado pela UnB em 1987 e 1989. “A Universidade de Brasília produziu e produz conhecimento, cultura, arte e ciência, formando gerações de brasilienses, influenciando fortemente a vida da comunidade”, acredita. Esse é um dos motivos para a homenagem desta edição. “ Ao celebrarmos os 60 anos da UnB, reafirmamos a necessidade urgente de valorização da educação e da cultura nesse país”, defende Guilherme.
O RINOCERONTE – Em cartaz na próxima sexta-feira (1º), a peça escrita pelo dramaturgo francês Eugène Ionesco foi o último trabalho que Hugo Rodas dirigiu à frente da companhia Agrupação Teatral Amacaca (ATA). Ela aborda a metáfora do efeito manada sobre a sociedade e critica o fascismo, a cegueira social e a manipulação das massas. Nela, os seres humanos, exceto o protagonista Berenger, são contagiados por uma gripe que os transforma em rinocerontes, um animal míope e caracterizado pela brutalidade.
Rosanna Viegas, única atriz do elenco do ATA a seguir desde a primeira formação da peça em 2003 e egressa do curso de Artes Cênicas da UnB, acredita que o espetáculo tem uma linha “muito hugo rodiana”. “Tem a estética corporal, a técnica do Hugo. Voltamos com ela em 2019 muito pelo contexto político em que o Brasil estava”, conta sobre a retomada das apresentações, pausadas no ano seguinte devido à pandemia. A primeira versão da peça, apresentada até 2006, ganhou 13 prêmios, incluindo Melhor Espetáculo do Sesc Candango.
“Essa homenagem é para dizer que a gente vai resistir, como o personagem Berenger [da peça] resistiu, ele não se rendeu. Assim como o teatro não vai se render a essa tentativa de acabar com a cultura no Brasil”, acrescenta, ao mencionar o contexto do país.
Ela acredita ainda que a apresentação da peça, que ocorrerá no Teatro Galpão, rebatizado recentemente com o nome do professor emérito, homenageia alguém que é a marca do teatro candango. “Todos passaram por Hugo como professor. Ele transformou o coletivo, tocou o teatro brasiliense. Tinha muito magnetismo. É difícil ensaiar sem o Hugo Rodas. Só a presença dele dava um estado de prontidão do ator. O Hugo exigia da gente sempre 100% em todos os ensaios. Ter que resolver sem o olho dele, é uma suadeira. Mas sentimos ele junto de nós”, lembra, emocionada, do diretor e dos desafios de levar a peça ao público sem a presença dele.
SERVIÇO – As apresentações do Cena Contemporânea ocorrerão em diferentes espaços teatrais do DF: Teatro Galpão Hugo Rodas e Sala Multiuso, ambos no Espaço Cultural Renato Russo (ECRR), na 508 Sul; Teatro Garagem, na Asa Sul; Auditório da ADunB, no campus Darcy Ribeiro; Teatro Oficina do Perdiz e Espaço Multicultural Casa dos Quatro, na Asa Norte; Teatro Paulo Autran do Sesc Taguatinga; Complexo Cultural de Planaltina; e Galpão Instrumento de Ver, na Vila Planalto.
Além disso, haverá um percurso poético pelo quadrilátero histórico de Brasília. Encontros e oficinas gratuitos se estenderão pelo ECRR e Centro de Dança. Os ingressos estarão à venda por meio da plataforma Sympla.
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