CELEBRAÇÃO

Habilitação em Japonês completou duas décadas de fundação e homenageou a professora pioneira Alice Joko, primeira a lecionar a disciplina na Universidade

Professora Alice Tamie Joko recebe placa de homenagem do Instituto de Letras. Foto: Fausto Pinheiro Pereira/LET UnB

 

Era 1979. O professor José Carlos Azevedo era o reitor da Universidade de Brasília e iniciava os diálogos com a Embaixada do Japão para que o ensino da língua japonesa fosse introduzido na instituição. Dois anos depois, a professora Alice Joko começava a lecionar o curso, que iniciou como projeto de extensão.

 

“Nesse primeiro momento, vim de São Paulo, a convite da Fundação Japão, que era quem financiava a ideia, para oferecer as disciplinas como programa de extensão”, conta a docente. A ideia era que o projeto durasse três anos, mas em 1985, quando já estava no quarto ano, a então diretora do Instituto de Letras foi com Alice Joko até o gabinete do reitor, Cristovam Buarque, e demandou uma solução.

 

“O reitor concordou: ‘trato é trato, temos que cumprir. A senhora será contratada como professora visitante porque é a único tipo de vaga que temos no momento'”, relembra Alice Joko. Nesse meio-tempo, a professora já lecionava quatro disciplinas optativas de língua japonesa, mas os alunos demandavam mais. “Vocês têm me chamado de fundadora do curso, mas não consigo me ver assim. Eu tive muita sorte em ter pessoas que se organizaram e lutaram à minha volta, e estive presente enquanto tudo foi acontecendo”, defendeu ela na cerimônia de comemoração dos 20 anos do curso.

 

“Tudo que havia conseguido até o momento da minha contratação por meio de concurso público, em 1986, foi pela mobilização dos alunos, técnicos e professores, que lutaram muito para construir o que temos hoje”, reconheceu, após as homenagens. A professora recebeu presentes de alunos e colegas, uma placa de reconhecimento do instituto e até uma apresentação de coral dos alunos de Japonês da UnB Idiomas. “Só tenho a agradecer”, disse.

 

“Ela é como se fosse um motor de tudo”, afirma a professora Kyoko Sekino, coordenadora do curso de Japonês do programa Idioma Sem Fronteiras. “Graças a Alice, temos hoje 440 alunos estudando japonês na única instituição de ensino superior que oferece o curso no Centro-Oeste”, completa o professor Yuki Mukai, coordenador do curso no Instituto de Letras.

 

Durante a mesa de abertura de solenidade do aniversário do curso de Japonês, o representante da Embaixada do Japão, Shigeta Oeda, anunciou que, em julho, Alice Joko será condecorada com a Ordem do Sol Nascente Raios de Ouro com Roseta, segunda honraria mais importante daquele país, entregue em nome do imperador àqueles que prestaram longos e meritórios serviços ao Japão. “Ela não mede esforços para o desenvolvimento do curso e a promoção da língua e da cultura japonesa”, afirmou Oeda.

 

Mesa de solenidade. Sr. Shigeto Oeda de pé
O conselheiro da Embaixada do Japão agradece os esforços da professora Alice na divulgação do ensino e da cultura japonesa. Foto: Amália Gonçalves/Secom UnB

 

O vice-reitor da UnB e ex-diretor do Instituto de Letras, Enrique Huelva, parabenizou os aniversariantes. “Hoje temos um duplo motivo para celebrar nosso querido Instituto de Letras, que tem docentes altamente qualificados e produz qualidade acadêmica”, disse.

 

“O crescimento do nosso curso acontece numericamente e na eficiência e qualidade nos processos de ensino, pesquisa e extensão, fato esse confirmado em recentes e excelentes avaliações dadas pelo Ministério da Educação”, complementou o professor Yuki Mukai.

Professor Yuki Mukai
Professor Yuki Mukai, coordenador do curso de Japonês, agradeceu a colaboração da professora Alice na consolidação do ensino no Centro-Oeste. Foto: Amália Gonçalves/Secom UnB

 

55 ANOS DO IL – “Quando a UnB completa 55 anos, nós também completamos”, afirmou Ana Lúcia da Silva, coordenadora da Cátedra Agostinho da Silva, ligada ao Instituto de Letras. “Os dois nasceram juntos e o curso de Letras foi o primeiro a ser instituído na UnB”, lembrou. “É com grande esperança que vamos continuar a produzir com qualidade. Quem sabe essa é a transformação da educação?”, completou a vice-coordenadora da cátedra, Lúcia Helena Marques.

 

O instituto abriga hoje 16 cursos de graduação, sendo nove licenciaturas – incluindo uma a distância – e sete bacharelados, além de quatro programas de pós-graduação, e preza pela diversidade. “Temos estudantes intercambistas de diversos países e sempre buscamos nos enriquecer com a troca entre culturas”, frisou a diretora do IL, Rozana Naves. “Nosso instituto tem formação sólida e consolidada e nossa atuação em ensino, pesquisa e extensão nos orgulha”, acrescentou, sobre o maior instituto da Universidade de Brasília.

 

A servidora Lucinéia Gonçalves, que está na UnB desde 1977 e no IL desde que ele ainda era Instituto de Expressão e Comunicação, em 1981, também foi homenageada com uma placa comemorativa. "Todos construímos o IL que temos hoje", disse a diretora do instituto, ao quebrar o protocolo e abraçar a servidora.

 

Durante a mesa de homenagem, o idealizador e coordenador do projeto Escola da Ponte, professor José Pacheco, também prestou homenagens ao instituto aniversariante. O professor enviou ao IL um conjunto de suas obras, em que dialoga com diversas personalidades contemporâneas, entre as quais Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira e o próprio Agostinho. Em uma das cartas a Anísio, Pacheco diz em um diálogo fictício: “Assumindo as contradições da época em que viveste, defendias a aplicação do conhecimento científico na educação, mas consideravas ser a educação uma arte, algo mais complexo do que uma ciência”.

 

A citação, feita pela diretora do instituto, Rozana Naves, mostra o espírito de colaboração e diversidade encontrados na unidade que oferece matérias essenciais para quase todas as graduações. “Somos diversos. Meu muito obrigada e meus cumprimentos a todos e todas, os que construíram e construímos, diariamente o Instituto de Letras”, finalizou.

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