Com olhares atentos, calouros lotaram o auditório do Memorial Darcy Ribeiro, o Beijódromo, na tarde desta terça-feira (15), para conferir o bate-papo com os medalhistas olímpicos Ketleyn Quadros e Caio Bonfim. O evento marcou o início do semestre letivo.
A judoca Ketleyn Quadros (37) e o multicampeão na marcha atlética Caio Bonfim (33) dividiram suas experiências no esporte com os estudantes que acabam de ingressar na Universidade de Brasília, interessados em saber como é a rotina de preparação dos atletas e como eles lidam com adversidades e sentimentos, como ansiedade e frustração.
Ambos nascidos no Distrito Federal (DF), Ketleyn e Caio acabam de voltar dos Jogos Olímpicos de Paris com medalhas no peito.
A história de Ketleyn no judô iniciou ainda criança, no Sesi de Ceilândia, até se tornar a primeira brasileira a conquistar uma medalha olímpica em modalidades individuais com o bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Agora, em julho, ela também conquistou o bronze por equipe mista, nos jogos de Paris 2024.
"É um prazer estar aqui compartilhando a nossa jornada esportiva com vocês", disse Ketleyn que, hoje, treina no Rio Grande do Sul. "Quando você decide ir para o alto rendimento, acabou a diversão, fazer só o que quer, o que gosta, só o que está bom. Então você precisa fazer escolhas difíceis todos os dias, porque precisa fazer o que precisa ser feito, não o que gostaria de fazer todas as vezes", citou. "É muita decisão e muita escolha, a primeira coisa que você abre mão é o convívio familiar, principalmente aqui em Brasília, onde não tem um clube que proporcione toda essa estrutura para o atleta."
E como lidar com as frustrações? Ficar de fora de uma competição, uma lesão? Curioso, o público fez perguntas neste sentido. "A gente aprende a reconhecer que alguém foi melhor que você naquele dia. Isso acontece constantemente. Cada um é um ser único, então procure desenvolver o seu melhor. Isso livra você de trezentas mil frustrações porque você continua com o pé no chão, pronto para trabalhar e desenvolver o seu melhor", disse Ketleyn.
Caio Bonfim permanece treinando nas pistas de Sobradinho e no Lago Oeste. Até a prata olímpica em Paris, foram muitas as adversidades. Ainda na infância, teve que superar a meningite e enfrentar uma cirurgia para tratar um arqueamento nas pernas.
"O esporte é uma aprendizagem que a gente leva pra vida. Não existe caminhada perfeita, vão ter obstáculos e momentos de aprendizado, e a gente tem que aprender a ressignificar tudo isso para que sirva de experiência", disse Caio, que vem de uma família envolvida com a modalidade que pratica. "Meu pai é treinador e minha mãe é atleta, eu cresci nesse ambiente."
Para lidar com a derrota, que faz parte do processo esportivo, Caio aconselha a "não se comparar". Quando a gente faz comparação, se limita muito, porque cada um tem sua velocidade. Não é o seu tempo ainda", disse. "Eu já estava pronto para viver sem a medalha olímpica porque, às vezes, você não consegue."
A dica é entregar o seu melhor. "Quero passar a linha de chegada, olhar pra trás e pensar: eu entreguei tudo o que podia entregar, e aí essa frustração tem um significado diferente. Você percebe: 'eu entendi até onde eu chego'."
IMPACTO POSITIVO – A caloura de Ciências Sociais Júlia Campos (20) contou um pouco sobre suas expectativas para os próximos quatro anos. "Tenho muito interesse em como as pessoas se relacionam, principalmente quando a gente fala da Antropologia, mas a área que mais me interessa são as Ciências Políticas, então minhas expectativas são que eu consiga me especializar nessa área", disse.
Ela diz ter gostado bastante do bate-papo com os atletas. "Achei muito bom poder vê-los de perto, eu assisti às Olimpíadas e foi bastante inspirador para mim, eles conseguiram responder muitas das ansiedades que nós como calouros temos", comentou.
"Estou muito feliz que vocês ingressaram na UnB. Como eu que sou ex-aluna da UnB, vocês vão carregar no peito esse amor pela Universidade pelo resto da vida", disse a reitora Márcia Abrahão.
O decano de Ensino de Graduação, Diêgo Madureira, destacou o papel da Universidade não só na formação dos futuros profissionais, mas na promoção de mudanças. "É nossa responsabilidade transformar o mundo. Lembrem-se de que não se faz isso só na sala de aula, mas na pesquisa, na extensão, na arte, no esporte, no convívio, na política", pontuou.
Confira a mensagem da Reitoria e o informe do Decanato de Ensino de Graduação para o 2º semestre de 2024.
Transmitida pela UnBTV, a abertura do 2º semestre/2024 pode ser vista na íntegra: