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Em abertura do 1º/2024, no Instituto de Letras, professora portuguesa traçou paralelo histórico analisando o feminismo como um humanismo

A escritora e docente Lídia Jorge (esq.) revistou momentos-chave para os feminismos, como a luta pelos direitos das mulheres nos anos 1970 e 1980. Ao longo da conversa, ela citou poemas, filmes e livros para auditório lotado. Foto: Mozaniel Silva/Secom UnB

 

Na última quarta-feira (20), o Instituto de Letras (IL/UnB) recebeu a consagrada escritora e docente portuguesa Lídia Jorge, que comandou com excelência a aula inaugural do instituto. A palestra orbitou o tema O feminismo é um humanismo, em diálogo com a programação #8M UnB 2024 – Promoção da Igualdade de Gênero nas Universidades – ODS5, lançada em março em razão do Dia Internacional das Mulheres. Participaram do evento estudantes, professores e convidados.

 

Lídia Jorge é renomada romancista e contista. Foi professora convidada da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e é reconhecida por ser ativista da igualdade de oportunidades entre gêneros. Ao longo da palestra, traçou um panorama da história das mulheres, em que destacou aspectos culturais e religiosos que resultaram na construção do tratamento feminino atual.

Lídia Jorge foi recebida por grande comitiva, da UnB, da Embaixada de Portugal no Brasil, do Instituto Camões e da UFG. Foto: Mozaniel Silva/Secom UnB

 

“Nos dias atuais é necessário debater e pensar sobre os casos dos homens que matam as mulheres, dos feminicídios. Entender e pensar, como sociedade, o simbolismo desse tipo de crime. E refletir sobre as diferenças mentais, culturais e comportamentais entre os homens e as mulheres que nos trouxeram aqui”, citou. A romancista crê que a compreensão dessa construção pode guiar a sociedade a melhorias.

 

Ao falar sobre voto feminino, relembrou a trajetória de seu próprio país. Portugal teve o direito ao voto das mulheres proposto ainda em 1822, porém, somente em 1931 foi introduzido. A restrição de voto baseada no sexo só foi completamente abolida em 1974.

 

“Portugal sempre foi considerado um dos países mais avançados da Europa, mas esse direito só foi concedido às mulheres e aos analfabetos em 1974. Com mais de um século de distância desde o início do debate. E é bom para nós pensarmos nisso. Relembrar o passado para mudarmos as leis do momento em que vivemos e, principalmente, mudarmos nossos hábitos machistas que estão enraizados”, ressaltou.

 

A conversa foi momento importante para os estudantes, dado que foi oportunidade de ouvir e conhecer um grande nome da literatura falando sobre um assunto extremamente atual. “Eu vim participar a convite do meu professor e gostei muito. É um tema essencial e algo de que precisamos falar. Ainda mais com o número alto de casos de feminicídio que estamos tendo no Brasil. É um debate muito atual e de extrema importância para nós mulheres”, avaliou Giovanna Vagas, estudante do 2º semestre de Letras Português (Licenciatura).

Giovanna Vagas, estudante do IL, aprovou a oportunidade de iniciar o semestre debatendo feminismos. Para ela, “a participação na aula inaugural valeu muito a pena”. Foto: Mozaniel Silva/Secom UnB

 

PARCERIA INTERNACIONAL – A realização da aula se deu via Cátedra Agostinho da Silva, da qual a Universidade de Brasília faz parte. O evento foi realizado em parceria com a Embaixada de Portugal no Brasil; o Instituto Camões; o Departamento de Teoria Literária e Literaturas (IL/UnB); o IL e a Cátedra Camões Lídia Jorge, da Universidade Federal de Goiás (UFG).

 

O vice-reitor da UnB, Enrique Huelva, participou da mesa de abertura destacando a importância da cooperação para a Universidade. “Agradeço a todos os participantes e colaboradores que realizaram e participaram desse momento tão importante para nós. Ficamos felizes em ver a celebração e o debate de uma universidade mais diversa. Tem sido um esforço proporcionar essa acessibilidade plural e trazer debates como o de hoje”, destacou.

 

O embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, também ressaltou a importância da parceria entre as instituições. “Sempre é um prazer estar aqui na UnB. Este tipo de parceria tem sido importante para nós, pois estreita os laços entre os nossos países e celebra ambas as nossas literaturas”, disse.

 

Ana Paula Fernandes, presidente do Instituto Camões, manifestou alegria com a ilustre presença de Lídia Jorge. “Hoje não é só um evento, é uma partilha e diálogo sobre o tema aqui debatido. Para nós, portugueses, é uma honra não só poder contar com uma escritora como Lídia Jorge, mas, também, tê-la aqui conosco para conversar sobre o assunto. A história é fundamental para construir a nossa identidade, por isso é tão importante falarmos sobre o feminismo. Para a nossa própria construção.”

  

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