A Universidade de Brasília vai pagar 15% a menos pelas refeições do Restaurante Universitário (RU). Uma negociação da administração com a empresa terceirizada responsável pelo serviço levou à redução, que deve passar a valer a partir dos próximos dias. A expectativa é que, com o termo aditivo, haja economia de cerca de R$ 3 milhões até dezembro – e sem demissão de funcionários.
Além disso, a partir do próximo semestre (2º/2017), os estudantes que ingressarem na UnB por cotas sociais e tiverem renda familiar inferior a um salário mínimo e meio poderão comer de graça no RU desde o primeiro dia de aula. “Esta é uma das formas de garantirmos que esses alunos permaneçam na Universidade, atingindo seus objetivos acadêmicos”, diz a reitora Márcia Abrahão.
Até então, os estudantes precisavam ingressar com um pedido junto à Diretoria de Desenvolvimento Social (DDS). “Eles já passam por rigorosas etapas de seleção e de comprovação de sua condição socioeconômica para entrar na UnB; não fazia sentido repetirmos esse processo”, acrescenta a reitora.
O decano de Assuntos Comunitários, André Reis, afirma que a mudança melhorará o fluxo de trabalho na DDS. “A equipe continuará tendo atuação importante na agilização dos processos e poderá se dedicar mais a outras demandas da nossa comunidade, que é bastante diversa”, destaca. As solicitações para auxílios moradia, pecúnia, socioeconômico e emergencial seguem sendo feitas pela diretoria.
NEGOCIAÇÃO – A diretoria do RU realizou ampla pesquisa de mercado para avaliar preços praticados pelas empresas, características de cardápio e custo de vida em diversas universidades do país. “A empresa atualmente contratada pela UnB se adequou ao novo termo de referência. Também pedimos que a qualidade dos serviços e os funcionários fossem preservados”, detalha a diretora, Cristiane Moreira. O Restaurante Universitário continuará funcionando todos os dias, para café da manhã, almoço e jantar.
A economia de 15% do valor do contrato (veja arte) virá a partir de adequações no cardápio. O café da manhã passará a ser composto por dois pães com margarina, café com leite, fruta, achocolatado e uma fonte proteica (queijo, ovo, entre outros) – houve a redução de um pão, e o suco, o iogurte e o chá deixarão de ser servidos. “Em boa parte das universidades que pesquisamos, há apenas a oferta do pão, do café com leite e da fruta”, explica Cristiane. Segundo ela, a média de consumo dos usuários era de 2,1 pães no desjejum. “Pagávamos por algo que não era consumido”, diz.
No almoço, haverá adequação na fonte proteica, para mais ou para menos, dependendo do tipo de alimento. Também está prevista a inclusão de carne de costela, rabo de boi, linguiça e hambúrguer nos cardápios – todos não industrializados, com ficha técnica de preparo no próprio RU. “O ajuste da fonte proteica deve ser imperceptível para o usuário final – até porque o nosso aporte continuará acima do necessário”, ressalta Cristiane. “Não haverá qualquer prejuízo nutricional”, reforça.
Outra mudança prevista no termo aditivo é a possibilidade de cardápios diferenciados para cada unidade do RU. “O pessoal da Fazenda Água Limpa, por exemplo, prefere preparos com caldos e tubérculos. Agora, poderemos atendê-los, sem obrigatoriedade de servir a mesma coisa em todos os restaurantes”, esclarece Cristiane. Ela destaca que foram mantidas as opções vegetarianas em todas as refeições.
O ajuste no contrato do RU é uma das medidas tomadas pela administração da UnB em decorrência da crise orçamentária da instituição. Para este ano, as despesas de manutenção – que incluem contratos de água, luz, telefone, limpeza e o RU, entre outras – somam R$ 230 milhões para uma verba de custeio, liberada pelo Ministério da Educação, de R$ 136 milhões. “Estamos passando um pente fino em todos os contratos da Universidade. Novas medidas que nos ajudem a sair do déficit ainda estão em análise”, lembrou a reitora.