GESTÃO

Ações para acolhimento da diversidade e maior amparo institucional ao campus de Planaltina foram alguns dos tópicos abordados

Representantes da administração superior estiveram na FUP para discutir temas de interesse da comunidade acadêmica. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB


Na última sexta-feira (16), a reitora da Universidade de Brasília, Márcia Abrahão, esteve em reunião com diretores, professores e outros membros da administração superior na Faculdade UnB Planaltina (FUP). No encontro, os participantes puderam discutir a diversidade na Universidade, contratação de plano de saúde, retorno presencial e política de integração entre ensino, assuntos comunitários e extensão.

As visitas, que são parte de uma iniciativa contínua, visam fortalecer o diálogo sobre questões singulares das unidades acadêmicas ao permitir a confraternização entre a comunidade e a comunicação direta de sugestões, críticas e demandas.

A professora e ex-vice-diretora da FUP Elizabeth Costa, mais conhecida como Betinha, apresentou angústia com a dificuldade de retomada das atividades presenciais nos campi. Ela afirmou que se preocupa com o montante de alunos que não retornaram ou abandonaram a instituição.

Além disso, Betinha refletiu a respeito da mudança de cenário dentro das universidades. De acordo com ela, cada vez mais a UnB está condizente com o que é a sociedade de fato, mais plural e diversa. É necessário, assim, que a Universidade esteja preparada para o acolhimento de questões que surgem a partir disso.

“Existem questões que agora ganham uma amplitude muito maior na UnB. São questões com que precisamos estar preparados para lidar. É necessário que olhemos para a assistência estudantil, por exemplo. Há quinze anos, a Universidade possuía um contingente muito pequeno de estudantes vulneráveis socioeconomicamente. Hoje, o cenário é outro, e isso nos exige ações diferentes”, disse.

Eliene Novaes, professora na FUP e presidente da Associação dos Docentes da UnB, abordou como as dificuldades enfrentadas hoje pelas universidades públicas afetam diretamente os docentes. “O sindicato realizou um estudo que indicou a perda de 42% do poder de compra de professores ao longo dos últimos oito anos. Isso é importante, pois a precarização das condições de trabalho dos professores é uma forma de privatização, uma forma de expulsão dos professores do serviço público, algo que lutamos contra.”

Também foi destacada a exigência de planos de saúde. Segundo Eliene, a associação considera necessária a concessão de planos de saúde pela Universidade, devido à precarização do sistema de saúde e o preço exorbitante dos planos privados, principalmente quando se consideram os docentes aposentados.

Já o professor e coordenador do curso de Licenciatura em Educação do Campo, Felipe Canova, reivindicou a necessidade de aumentar a articulação e a parceria contínua com a administração superior, para que ações realizadas pela FUP tenham amparo institucional. Ele considera essencial uma melhora no diálogo, para que, por exemplo, sejam elaboradas com mais eficiência políticas de acesso do povo quilombola à Universidade e construção de creches e atendimento das mães por ações institucionais.

ADMINISTRAÇÃO RESPONDE – Em resposta a Felipe Canova, a reitora reafirmou a necessidade de a Universidade ter uma política de integração entre graduação, extensão e assuntos comunitários. A respeito da discussão sobre a dificuldade de retomada das atividades presenciais, Márcia disse que é de fato um desafio preocupante, que precisa ser superado.

“Acredito que isso tenha a ver com um novo entendimento do ensino e também um pouco de medo do retorno ainda. Mas é muito importante a presencialidade, o estarmos juntos. Mesmo com as novas metodologias de ensino e aprendizagem, nada substitui o contato presencial.”

Márcia Abrahão concordou com Betinha quanto ao fato de as instituições precisarem estar preparadas para acolher as diversidades que crescem cada vez mais no ambiente universitário. Para isso, ressaltou a criação da Câmara e da Secretaria de Direitos Humanos e também de uma futura política de combate ao assédio moral, que está no Conselho de Administração (CAD). “Temos trabalhado para enraizar na UnB a concepção de um local mais inclusivo e diverso, que saiba lidar com essas questões.”

Decano de Ensino de Graduação, Diêgo Madureira (dir.) destacou a diversidade como estratégica para as universidades. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB


Para o vice-reitor Enrique Huelva, as universidades estão cada vez mais próximas do que é a sociedade e isso incomoda, “o que significa que estamos no caminho certo, pois a Universidade deve e é feita para incomodar”. O vice-reitor também defendeu que é necessário estarmos muito atentos às falsas dicotomias, como presencialidade e tecnologia.

Já o decano de Ensino de Graduação da UnB, Diêgo Madureira, confessou ter se emocionado com as palavras da ex-vice-diretora da FUP. “Há pouco tempo, em uma entrevista sobre a Lei de Cotas, foi-me questionado quais são as vantagens dessa lei. Para sair do óbvio, de que é uma questão de justiça social e que traz um benefício enorme para a sociedade, levei a conversa para outro lado.”

De acordo com o decano, para uma instituição de ensino, pesquisa e vanguarda, a diversidade é estratégica. É dela que advêm a criatividade e a inovação. Somente representando bem a sociedade será possível elaborar soluções para problemas reais do mundo. Para ele, a diversidade é o que dá sentido às universidades.

No que tange à concessão de plano de saúde, a reitora respondeu que se trata de questão bastante complexa na UnB. Na primeira quinzena de setembro, uma reunião com a comissão criada em 2017 para a implementação dos planos discutiu perspectivas e dificuldades. A reitoria espera avançar nessa questão, com a divulgação de edital de licitação até o fim deste ano.

 

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