O pesquisador e servidor técnico-administrativo da Universidade de Brasília Daniel Moreira foi agraciado com o Inspirational and Resilience Award, da Biochemical Society. A premiação é dada por destaques na área de Bioquímica, apesar de dificuldades logísticas ou de financiamento. Daniel atua como biólogo na Faculdade de Medicina (FM/UnB).
Fundada em 1911, a Biochemical Society, que tem sede no Reino Unido, é uma das mais tradicionais sociedades científicas internacionais. Entre os critérios de elegibilidade utilizados para conceder a honraria, estão a necessidade de demonstrar o comprometimento em construir e apoiar futuros talentos, estar em começo ou em meio de carreira, e ter conquistado notáveis avanços na área apesar de recursos limitados ou falta de oportunidades.
“Fiquei muito feliz. Sempre é bom ter o nosso trabalho reconhecido. Ainda mais porque é um prêmio pelo conjunto da obra da minha pesquisa. E sendo um pesquisador em início de carreira, é bom ter visibilidade não só para mim, mas para a linha de pesquisa na qual atuo. Ainda não temos a estrutura ideal de pesquisa aqui, mas momentos como este reforçam a importância da carreira científica”, compartilha Daniel.
O vencedor recebe um troféu, uma bolsa para participar de curso ou evento científico, a oportunidade de realizar uma palestra na Biochemical Society e a chance de ser mentorado por um dos editores da associação, entre outras premiações.
Para o professor José Roberto Leite, da Faculdade de Medicina, Daniel é um destaque. Um jovem pesquisador com muita vocação para fazer ciência, que divide sua experiência com quem está ainda na graduação e na pós-graduação, por meio do trabalho no laboratório.
“Essa premiação do Daniel reflete muito a importância da Universidade de Brasília no contexto de dar a oportunidade para os servidores técnico-administrativos se capacitarem, fazerem mestrado e doutorado, e serem integrados em núcleos de pesquisa de relevância”, declara o docente.
INOVAÇÃO E PESQUISA – Daniel Moreira realizou a maior parte de seus estudos acadêmicos na UnB: bacharelado e licenciatura em Ciências Biológicas, mestrado em Bioquímica e doutorado em Biologia Molecular. Atualmente, participa do Núcleo de Pesquisa Morfologia e Imunologia Aplicada (Nupmia/FM).
Entre suas pesquisas, criou uma técnica para aplicar o Método de Bradford (usado para analisar a quantidade de proteína em uma amostra) em imagens feitas por celular. Antes, era sempre necessário usar um aparelho de custo elevado chamado espectrofotômetro. A ideia foi divulgada na edição nº 29 da revista Darcy.
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Atualmente, sua principal linha de pesquisa é na área de Bioquímica Comparada. O estudo busca entender como diferentes animais se adaptam a diferentes ambientes extremos. “Existem animais que sobrevivem em condições muito inóspitas a um ser humano. Alguns toleram congelamento, outros toleram a seca extrema, existem os que toleram calor extremo e até mesmo desidratação", contextualiza.
"E eles fazem isso usando o mesmo arcabouço bioquímico que nós. Usam as mesmas vias metabólicas e estão sujeitos às mesmas regras biofísicas. Nada muito diferente de nós seres humanos, mas enfrentam situações extremas”, explica. Entre os animais já pesquisados estão caramujos, borboletas da lagarta do girassol e sapinhos da Caatinga.