PESQUISA

Pesquisa pode baratear em até dez vezes o custo de tecnologia importada

Pesquisa da Faculdade UnB Gama objetiva adaptar software para tornar câmeras de medição de temperatura corporal ferramenta para combate à Covid-19. Foto: Ross Harmses/Flickr

 

Grupo transdisciplinar de pesquisadores da Faculdade UnB Gama (FGA) estuda algoritmos de software existente em câmeras de medição de temperatura, muito usadas em sistemas de vigilância. O objetivo da pesquisa é adaptar esse equipamento para aferição de temperatura corporal em massa, uma estratégia para auxiliar na identificação de pessoas que possam estar com o novo coronavírus.

 

“Como parte da resposta ao combate do espalhamento da Covid-19, essas câmeras realizam essa triagem térmica da pele humana com a possibilidade de detectar sintomas de febre. Essa tecnologia é mais rápida do que os termômetros de curto alcance”, observa o professor Gerardo Antonio Idrobo Pizo, que coordena a equipe de pesquisa formada por mais dois professores e três estudantes.

 

TESTES EM BRASÍLIA – Desde que surgiu a pandemia, alguns fabricantes internacionais desenvolveram esses softwares para distinguir um corpo do outro e medir a temperatura isoladamente. O que elevou o preço das câmeras térmicas no mercado mundial. “Nossa pesquisa pode ter um resultado capaz de economizar em até dez vezes o valor desses equipamentos”, destaca o professor.

 

Com recursos do Fundo de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF), o projeto intitulado Desenvolvimento de um sistema de triagem térmica usando câmeras infravermelhas para identificar sintomas de febre está em etapa de adaptação desse software.

 

Ainda sem o repasse de recursos da pesquisa, o grupo não adquiriu as câmeras térmicas, de procedência da China ou dos Estados Unidos. Quando o instrumento chegar a Brasília, será adequado ao software da equipe da FGA para os primeiros testes no Distrito Federal.

Estudo pode baratear o valor do software em até dez vezes. Foto: Fredrik T/ Wikimedia Commons

 

Nesse momento, a equipe de pesquisa trabalha em cima de imagens de repositórios, com estudos e testes dos algoritmos. Essas imagens precisam ser segmentadas e filtradas de forma a distinguir objetos desejados e indesejados, assinalando as posições desses corpos e suas respectivas temperaturas. O grupo desenvolve, portanto, um software próprio na parte do processamento da imagem adquirida, permitindo a distinção dos corpos envolvidos e identificação pontual de temperatura.

 

Essa tecnologia pode se desdobrar em outras pesquisas na área do meio ambiente, por exemplo, como monitoramento de poluentes na atmosfera e detecção e controle no combate a queimadas.

 

COMBATE À COVID – A pesquisa realizada pela equipe do professor Gerardo Pizo é um dos 115 projetos com foco no combate à Covid-19 aprovados em chamada pública realizada pelo Decanato de Pesquisa e Inovação (DPI), pelo Decanato de Extensão (DEX) e pelo Comitê de Pesquisa, Inovação e Extensão de combate à Covid-19 (Copei) da Universidade de Brasília.

 

No final de abril, foi lançado um segundo edital, em fluxo contínuo, para selecionar outras propostas contra a pandemia e suas consequências.

 

>> Confira o edital

 

O QUE MUDA COM AS CÂMERAS TÉRMICAS – Como um dos sintomas centrais, a temperatura corporal é um dos indicadores decisivos para triagem e exames complementares de detecção da Covid-19. Portanto, a identificação de pessoas em estado febril acima de 37,8°C e fora de isolamento social é uma das estratégias cruciais para barrar a circulação do vírus.

 

Em algumas cidades brasileiras, as blitzes no trânsito fazem essa medição de temperatura pessoa por pessoa. Com o uso da câmera térmica comercial com software adaptado ao cenário da Covid-19, pode-se medir até mil pessoas em uma única imagem. Já usada em países como a China, essa avaliação pode passar a ocorrer em massa com o projeto da UnB.

 

No final de abril, o município paulista São Sebastião virou notícia nacional com o uso de um drone com câmera térmica acoplada. Assim que detectava alguma pessoa circulando em estado febril, o equipamento mandava um sinal de geolocalização para uma equipe médica se deslocar ao local exato onde o indivíduo se encontrava, melhorando o controle e o tempo de resposta contra a potencial disseminação do novo coronavírus.

 

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