Com a retomada do calendário acadêmico da Universidade de Brasília marcada para 17 de agosto, a instituição vem se preparando para oferecer condições adequadas para o desempenho das atividades acadêmicas – que, no momento, ocorrerão de forma remota, por conta da pandemia da covid-19 – e ampliar o alcance a seus discentes a distância. Uma das soluções encontradas foi a abertura do edital de apoio à inclusão digital, da Diretoria de Desenvolvimento Social do Decanato de Assuntos Comunitários (DDS/DAC), cujo objetivo era garantir a conectividade de alunos em situação de vulnerabilidade social no retorno do semestre letivo.
Além da iniciativa, o decanato, por meio da DDS, viabilizou uma campanha on-line para que sociedade civil possa doar dispositivos eletrônicos, como computadores, tablets e notebooks. A ação pretende acolher os alunos que não têm acesso a essas ferramentas tecnológicas em casa, para que não haja prejuízo no acompanhamento das atividades acadêmicas remotas.
A necessidade de apoio aos discentes sem disponibilidade de recursos tecnológicos foi identificada em pesquisa recente realizada pelo Subcomitê de Pesquisa Social do Comitê de Coordenação das Ações de Recuperação (Ccar). O levantamento apontou que 6% dos estudantes da UnB não têm computador ou tablet em casa. Além disso, 30% dos alunos precisam de apoio para viabilizar acesso adequado à internet. Por isso, a relevância da publicação do edital de inclusão digital e da iniciativa para levantar donativos.
>> Pesquisa traça perfil socioeconômico inédito da comunidade universitária
Até o momento, a campanha já arrecadou 53 equipamentos doados e cerca de 450 aparelhos emprestados, como tablets, desktops e notebooks. Embora não haja uma meta preestabelecida, é fundamental a adesão da comunidade interna e externa à UnB, para que todos os estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica identificados no edital da DDS tenham garantida a participação nas atividades acadêmicas a distância neste momento. A arrecadação encerra-se nesta quinta-feira (30).
Segundo Ileno Izídio, decano de Assuntos Comunitários (DAC) e presidente do Comitê Gestor do Plano de Contingência em Saúde da Covid-19 (Coes) da UnB, a proposta feita pelo decanato, por meio da DDS, é “complexa, mais inclusiva e diferenciada do que as que a maioria das universidades fez, objetivando a maior inclusão que a Universidade consegue promover”.
As doações podem ser feitas por qualquer pessoa por meio do aplicativo Doarti, disponível para smartphones Android e IPhone. O passo a passo para quem quiser ajudar é simples. Basta baixar o aplicativo na Google Play Store ou na App Store, selecionar no app a campanha UnB Solidária e informar o equipamento que será doado. Por último, o doador não deve se esquecer de escolher um ponto de coleta para deixar a doação.
>> Iniciativa da UnB cria site e aplicativo para facilitar doações no DF
Os locais de recebimento estão distribuídos em três campi da UnB: no Darcy Ribeiro, a coleta é feita na sede da Associação dos Docentes da UnB (ADUnB) de 8h às 20h; já nas Faculdades UnB Gama (FGA) e Planaltina (FUP), a entrega dos aparelhos ocorre nos respectivos setores de Segurança, das 9h às 17h.
DEMANDA – O primeiro edital de apoio à inclusão digital recebeu 2.745 inscrições. Segundo Ileno Izídio o número de solicitações homologadas foi, no entanto, menor. “Com o tratamento dos dados, restaram 2.476 pedidos: 1.413 da assistência estudantil, 45 de indígenas ingressos por vestibular específico, 57 da pós-graduação e 961 de estudantes que entraram pelo sistema de cotas (recém-ingressos). Desses, 397 são de prováveis formandos.”
O prazo para participação encerrou-se em 19 de julho. Foram ofertadas cinco modalidades de auxílio: empréstimo de equipamento, doação de equipamento, auxílio complementar para acesso a equipamento eletrônico com funcionalidades de computador pessoal, auxílio para aquisição de chip para acesso à internet e inserção em pacote de dados móveis para acesso à internet – este último disponibilizado pelo Ministério da Educação (MEC/RNP).
Para maior inclusão de discentes, em especial os mais vulneráveis, como indígenas, quilombolas, residentes no interior do país e estudantes da Universidade Aberta do Brasil, foi aberta segunda chamada, de 21 a 24 de julho.
O decano do DAC enfatiza os esforços da instituição para ampliar ainda mais o acesso à educação em meio digital neste momento tão complexo: “Não desistiremos de nossos estudantes socioeconomicamente vulneráveis, e toda situação que se apresentar delicada ou difícil analisaremos com todo cuidado e atenção. Nosso objetivo é manter nossos estudantes vulneráveis na UnB para finalizarem seus cursos com êxito”.
Leia também:
>> Cepe aprova resolução para retomada de atividades não presenciais
>> Pesquisa traça perfil socioeconômico inédito da comunidade universitária
>> UnB expulsa estudantes que fraudaram sistema de cotas
>> Conselho de Administração aprova resolução sobre trabalho remoto
>> Universidade aprova retomada do calendário acadêmico, de maneira remota, para 17 de agosto
>> Cepe discute resolução sobre a retomada do calendário acadêmico