MARCO

Decisão histórica e pioneira de reservar vagas para negros e negras em seleções da instituição é de 2003 e começou a ser aplicada no ano seguinte

O seminário 20 anos de Cotas + Chegamos recebeu educadores de todo o mundo para debater a política de cotas nesses anos e no futuro. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Há 20 anos, a Universidade de Brasília foi a primeira instituição federal de ensino superior a adotar o sistema de cotas raciais em processos seletivos de graduação. A última terça-feira (6) deu o pontapé inicial para as comemorações relativas ao marco. Foi nessa data, em 2003, que o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) aprovou o Plano de Metas para a Integração Social, Étnica e Racial, documento que definiu as regras para a formulação da ação, com efeitos práticos a partir do primeiro vestibular de 2004. Desde então, 38.042 estudantes ingressaram pelo sistema de cotas raciais em todos os cursos de graduação da Universidade.

 

"No Brasil, falar hoje de cotas no ensino superior é falar da UnB. A decisão do Cepe em 2003 foi o precedente para que se mudasse o entendimento sobre as ações afirmativas e as cotas propriamente ditas no país. Um marco de luta do movimento negro brasileiro, que congregou estudantes, professores, políticos e ativistas antirracistas naquele ano de 2003. Um marco, pois foi após a adoção das cotas na UnB que as políticas de direitos humanos tomaram um novo rumo na instituição", analisa a secretária de Direitos Humanos da UnB, professora Deborah Santos.

 

Ao longo do mês de junho, está em curso a programação Junho dos 20 anos das Cotas na UnB, com uma série de atividades voltadas para reflexão e debate do sistema de diversificação racial no ensino superior. Estão acontecendo mesas-redondas, discussões, lançamentos de livros e exposições.

 

Em 6 e 7 de junho, o seminário internacional 20 anos de Cotas + CHEGAMOS recebeu convidados de diversas instituições de ensino, nacionais e internacionais, para fomentar o debate sobre proposta de cotas para negros e indígenas em bolsas de pesquisa de graduação e pós do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O seminário foi organizado pelo Instituto de Inclusão no Ensino Superior e Pesquisa (INCT).

 

No dia 16, às 19h, o público participa da aula aberta Interseccionalidade e políticas públicas: para além da tese, no Bloco de Salas de Aula Norte (Bsan). No dia 29, a mesa A Lei de Cotas para o Ensino Superior reúne representantes dos governos distrital e federal para em debate às 14h, no auditório da Reitoria.

Seminário no auditório da Reitoria, em 7 de junho, fez parte da programação. Foto: Anastácia Vaz/Secom UnB

 

A Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da UnB organiza a programação temática, por meio da suas coordenações da Questão Negra (Coquen) e da Questão Indígena (Coquei), em parceria com o Ministério da Igualdade Racial (MIR), a Faculdade de Comunicação (FAC), a Comissão Permanente Acompanhamento das Ações Afirmativas (Copeaa/Cepe), o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab/Ceam), o Grupo de Estudos e Pesquisa em História, Educação das Relações Étnico-raciais e Gênero (Geppherg - FE/UnB), a Associação dos Docentes da UnB (ADUnB) e a Associação dos Acadêmicos Indígenas da UnB (AAIUnB).

 

A secretária Deborah Santos comenta as expectativas para a agenda. "A ideia é trazer reflexões sobre a implantação das cotas 20 anos depois. Refletir sobre como a Universidade está étnico-racialmente diferente, passadas essas duas décadas. É importante constatar como as previsões negativas não se concretizaram, como a diminuição do nível acadêmico, e analisarmos como esse novo público discente mudou as políticas de atendimento estudantil, psicossociais e psicopedagógicas, e mesmo o ensino, a pesquisa e a extensão."

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