A estudante de 12 anos Beatriz Christina Galvão Wosiach foi a vencedora do concurso cultural Mais Meninas na Ciência, promovido pela Universidade de Brasília e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Brasília. A iniciativa, que premiou as melhores ilustrações e textos elaborados com o tema #Eu como cientista na UnB, busca incentivar jovens meninas de escolas públicas a ingressarem na área científica. A cerimônia de premiação ocorreu na tarde desta quarta-feira (27), na Reitoria da Universidade, e contou com uma mostra dos trabalhos selecionados no hall do prédio, além de roda de conversa com representantes da Universidade e da Fiocruz Brasília.
>> Confira as ilustrações e os textos das participantes do concurso
Aluna do sétimo ano do Colégio Militar de Brasília, Beatriz conta que quer cursar Medicina na UnB. “Eu gosto muito de ajudar as pessoas e tenho dois primos médicos, então eu me apaixonei pela Medicina”, afirma a estudante. “Sempre gostei muito de estudar. Não sou muito boa em História, minhas matérias preferidas são Matemática e Ciências”, completa a premiada.
Foi por intermédio de uma amiga que a mãe de Beatriz, Vilma Wosiach, soube do concurso e comentou com a filha. “Eu quis muito participar”, lembra a estudante.
Vilma acompanhou o evento e conta como foi o processo de produção do desenho e da redação que venceram o concurso: “A gente primeiro visualizou o que seria o desenho para depois trabalhar no texto. Ela começou a escrever, foi adaptando, melhorando, corrigindo algumas coisas, até que chegou na versão final e eu gostei muito, porque foi o primeiro texto que ela produziu sozinha”, lembra a mãe.
A segunda colocada foi a estudante Laís Oliveira Lima de Almeida, 14 anos, aluna do nono ano do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 26 de Ceilândia. Ao contrário de Beatriz, sua matéria preferida é História, enquanto Matemática e Ciências são as mais desafiadoras.
Laís conta que sua mãe é a principal figura feminina que a motiva e a incentiva a seguir os estudos. A estudante acredita que será uma boa cientista, porque está sempre buscando descobrir mais sobre os assuntos que chegam até ela. “Tem que questionar sempre, toda vez. Não tenha vergonha de ficar com dúvida, você tem que questionar tudo”, afirma a jovem.
A terceira colocada também foi uma estudante do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 26 de Ceilândia. Myllena Kynberle Magalhães de Assis, de 12 anos, está no sétimo ano e quer ser cientista na área de Neurobiologia, tal como a personagem Amy Farrah Fowler (interpretada pela atriz Mayim Hoya Bialik), da série The Big Bang Theory.
Myllena conta que se inspira em grandes cientistas, como a física Marie Curie, mas critica a falta de visibilidade de pesquisadoras contemporâneas. “Existem várias cientistas mulheres que não são tão conhecidas, principalmente hoje em dia. A gente nunca vê muitas brasileiras”, lamenta a estudante.
As três premiadas receberam kits da Fiocruz e tiveram os desenhos e redações expostos com destaque no hall da Reitoria da UnB.
CERIMÔNIA – Antes da premiação, os estudantes do CEF 26 de Ceilândia participaram da cerimônia de abertura da exposição, no auditório do prédio da Reitoria. Estiveram presentes a decana de Pesquisa e Inovação, Maria Emília Walter; a decana de Extensão, Olgamir Amancia; a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio; a coordenadora da Mulher da Diretoria da Diversidade, ligada ao Decanato de Assuntos Comunitários, Roberta Cantarela; a professora Adriana Ibaldo, do Instituto de Física da UnB; a editora da revista Darcy, Vanessa Vieira; e a professora Mariana Siqueira, do Centro de Ensino Fundamental 34 de Ceilândia. O debate foi mediado pela estudante de Medicina Veterinária Hosana Gomes, que faz estágio na Fiocruz Brasília.
Na roda de conversa, todas as convidadas contaram suas trajetórias profissionais e responderam às perguntas feitas pelas estudantes do CEF 26. Elas sanaram dúvidas sobre a adaptação na UnB quando chegaram à Universidade e qual a disciplina mais difícil que elas cursaram na graduação.
“Nossa intenção com essa chamada pública era que vocês se imaginassem como cientistas”, explicou a decana Maria Emília Walter. “É importante que as meninas entendam que elas podem. Elas podem e devem tomar decisões sobre suas próprias vidas e carreiras, em todos os sentidos”, completou.
Olgamir Amancia destacou que a Universidade também deve ser um espaço para estas estudantes, mesmo que elas ainda não sejam discentes. “Nosso esforço é para aproximar a Universidade da sociedade, de vocês estudantes, da comunidade, para que sintam que esse espaço também é de vocês”, afirmou a decana.
“Queremos que vocês estejam amanhã atuando na Universidade, entendendo como esse universo funciona para que a gente possa construí-lo juntas, tornando-o cada vez mais inclusivo”, concluiu.
PARCERIA – Diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio destacou que o concurso é resultado de uma parceria entre duas instituições históricas e que, pela primeira vez, são comandadas por mulheres: a reitora Márcia Abrahão e a pesquisadora Nísia Trindade, presidente da Fiocruz. “Ousem sonhar”, disse Fabiana. “Sonhem e lembrem de uma coisa: não basta ser cientista, é preciso seguirmos lutando pelo direito de sermos cientistas, gestoras e de seguir ocupando os espaços”, destacou a diretora.
“Vamos nos unir, vamos nos aquilombar, vamos construir redes, vamos pegar a educação do DF (que é nossa, nós que fazemos), vamos cursar nossos mestrados, nossos doutorados e voltar para a Ceilândia mostrando coisas que são possíveis”, arrematou a professora Mariana Siqueira.
Ao final da roda de conversa, todas as participantes do concurso receberam certificados da decana Maria Emília. Encerrada a premiação, as produções foram expostas ao público no prédio da Reitoria.
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