MULHERES NA CIÊNCIA

Iniciativa busca dar visibilidade à produção científica feminina e promover a equidade de gênero na ciência

O ministro da Educação Camilo Santana (à esquerda), a professora do Departamento de Estatística da UnB Ana Maria Nogales, a presidente da Capes, Denise Carvalho, e a doutora em Psicologia Social Jéssica Farias, na cerimônia de premiação em Brasília. Foto: Júlia Prado/Capes

 

A professora do Departamento de Estatística (EST/IE/UnB) Ana Maria Nogales e a doutora em Psicologia Social pela UnB Jéssica Esther Farias acabam de receber o Prêmio Capes Elsevier 2024 Mulheres na Ciência nas áreas Médicas e Humanas, respectivamente, representando a região Centro-Oeste. O prêmio foi entregue em 6 de novembro, em cerimônia realizada na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em Brasília.

 

A iniciativa busca dar visibilidade à produção científica feminina e promover a equidade de gênero na ciência. Os artigos foram selecionados com base no índice de citação ponderado pela disciplina, que mede o impacto de um trabalho em comparação com outros do mesmo formato, na mesma disciplina e ano de publicação, extraído da plataforma de métricas de produção científica da editora acadêmica Elsevier. 

 

“Fiquei feliz com o reconhecimento e a cerimônia foi um momento de celebração”, diz Jéssica, que destaca a importância do prêmio como estímulo para outras mulheres seguirem no mundo da pesquisa. “Até mesmo em cursos em que as mulheres ocupam grande parte das vagas, como na graduação em Psicologia, quando você analisa o número de professores universitários, a maior parte são homens”, observa. “É algo bem discrepante como a porcentagem de mulheres vai diminuindo no decorrer do tempo. Você tem que dedicar muito tempo para fazer um mestrado, um doutorado e depois fazer um concurso para se tornar professor, o que exige, muitas vezes, conciliar tarefas domésticas e cuidar de filhos com a carreira acadêmica, que é muito competitiva.”

 

Graduada em Comunicação Social, Jéssica pesquisou corrupção e comportamento desonesto na pós-graduação. Durante a pandemia de covid-19 e o isolamento social, ela estudou também a influência das crenças conspiratórias na adesão às medidas preventivas. “Esses foram os artigos que tiveram o maior impacto”, acredita.

 

Para a professora Ana Maria Nogales, o prêmio, além de valorizar as mulheres nas ciências exatas, reconhece os anos que dedicou à pesquisa, ao ensino e à extensão na UnB onde estuda, principalmente, a qualidade das estatísticas de nascimentos e óbitos no país “fundamentais para conhecermos as condições de saúde da população e os desafios ainda a serem enfrentados”.

 

O prêmio, ressalta ela, representa, por isso, um incentivo a mais para a produção de indicadores necessários à avaliação e ao monitoramento de políticas públicas no Brasil. “Na grande maioria dos municípios brasileiros, são mulheres que fazem o trabalho cotidiano de coleta e qualificação de dados. Esse prêmio lança luz sobre esse trabalho muitas vezes pouco valorizado na gestão pública no nosso país”, destaca.

 

De acordo com o último relatório sobre equidade de gênero na pesquisa Progress Toward Gender Equality in Research & Innovation 2024 publicado pela Elsevier, o Brasil é o terceiro país com maior participação feminina na pesquisa atrás apenas da Argentina e de Portugal. A edição deste ano reconheceu os trabalhos de 15 pesquisadoras, sendo três de cada região do país e, por área, cinco em Exatas, cinco em Médicas e cinco em Humanas.

 

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