
A Universidade de Brasília está prestes a instituir uma comissão interna para tratar do marco regulatório da equidade de gênero na instituição. O anúncio foi feito pela reitora Rozana Naves durante a abertura do #8M 2025 e reafirmado nesta quarta-feira (12) na cerimônia de entrega do 1º Prêmio Mulheres e Ciência, promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O evento, realizado no auditório do CNPq, em Brasília, homenageou pesquisadoras que contribuem para a ciência e a igualdade de gênero, entre elas, a professora da Faculdade de Direito (FD/UnB) Debora Diniz.
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A reitora destacou a importância da nova comissão para a construção de uma universidade mais inclusiva. "Estamos muito contentes e, junto com a professora Debora e outras mulheres da nossa comunidade, como a doutora Ela Wiecko (PPGD/FD/UnB), estamos planejando constituir uma comissão para trabalhar o marco regulatório da igualdade de gênero nas instituições de educação superior, com foco específico na Universidade de Brasília", afirmou Rozana Naves.
A iniciativa integra a programação da campanha #8M, promovida pela UnB em alusão ao Mês da Mulher, e contará com a participação de pesquisadoras na área. Debora Diniz pontuou a relevância da UnB como referência nacional na formulação de políticas de equidade de gênero. "A Universidade de Brasília tem um corpo docente de pesquisadores dos mais sólidos do país neste tema. Ela será não apenas uma força de referência sobre modos de implementação de políticas de equidade de gênero nas universidades públicas, mas também sobre como fazer isso da melhor maneira", disse.
RECONHECIMENTO – Uma das ganhadoras do 1º Prêmio Mulheres e Ciência, a docente Debora Diniz foi condecorada na categoria Trajetória, na grande área de conhecimento em Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes. Referência internacional em bioética, direitos humanos e gênero, ela acumula mais de 30 livros publicados e 180 artigos acadêmicos, além de colaborações com organizações como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). "Se essa é uma vitória das mulheres, é também uma vitória da pesquisa sobre as mulheres, para as mulheres", celebrou a professora.
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Debora Diniz também está à frente da elaboração de um curso gratuito para a comunidade externa sobre o protocolo "Não é Não", em parceria com o Ministério das Mulheres. A iniciativa visa combater e prevenir a violência contra a mulher em espaços onde há venda de bebidas alcoólicas, como casas noturnas e espetáculos musicais. "A UnB, junto ao Ministério das Mulheres, está assumindo esse compromisso", explicou.
A docente da FD fez questão de dedicar seu prêmio a uma jovem pesquisadora que enfrentou desafios significativos para ingressar no meio acadêmico: Iasmin Baima. Ex-interna do sistema socioeducativo, Iasmin realizou um projeto de iniciação científica da UnB, orientada por Debora Diniz, ainda durante sua internação. Aos 15 anos, saiu do sistema correcional e, aos 19, ingressou no curso de Serviço Social na Universidade de Brasília. "Hoje, ela está formada e segue trabalhando comigo há quase uma década", relatou emocionada a professora.
MULHERES NA CIÊNCIA – Durante o evento, a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação Luciana Santos ressaltou a importância da valorização das mulheres na ciência. "Precisamos garantir que a inovação das mulheres seja reconhecida, valorizada e incentivada", afirmou a ministra. Ela lembrou que a participação feminina na ciência tem aumentado, no entanto, somente cerca de 35% das mulheres alcançam os níveis mais altos de bolsas de produtividade do CNPq.
O presidente do CNPq, Ricardo Galvão, reforçou a necessidade de ampliar o reconhecimento acadêmico das cientistas. "A sociedade precisa cada vez mais valorizar a contribuição das mulheres para o desenvolvimento científico do país", declarou.
O evento também foi um momento de reflexão sobre o papel das mulheres na ciência e na sociedade. A representante do Ministério das Mulheres e egressa da UnB Andreza Silva Xavier, defendeu a implementação de políticas públicas para garantir igualdade de oportunidades. "Essas mulheres constroem esse país. Elas acordam às 3h da manhã, vão dormir à meia-noite, acumulam jornadas de trabalho, tarefas domésticas e cuidado. Aquelas que receberam esse prêmio hoje representam todas essas mulheres e mostram que é possível ocupar espaços de decisão", disse.
PREMIAÇÃO – O prêmio foi dividido em três categorias. Na categoria Estímulo, cada vencedora recebeu R$ 20 mil, além de passagem aérea e até seis diárias para participação em congresso científico no Brasil ou no exterior. Na categoria Trajetória, a premiação foi de R$ 40 mil e uma missão ao Reino Unido para debater políticas de educação superior e ciência. Por fim, na categoria Mérito Institucional, as três instituições premiadas receberam R$ 50 mil para desenvolvimento de ações em prol da equidade de gênero.