A presidente afastada Dilma Rousseff foi convidada de honra para o lançamento do livro A Resistência ao Golpe de 2016, nesta segunda-feira (30), no auditório do Memorial Darcy Ribeiro. Estavam presentes mais de 250 pessoas, entre jornalistas, professores, estudantes, autores, parlamentares e representantes de movimentos sociais. Do lado de fora do auditório, foi montado um palco para transmitir o evento.
Dilma comentou sobre o impacto do atual processo político para as mulheres, especialmente, em face à formação do alto escalão do governo interino composto por “homens, brancos, velhos, ricos e machistas”, disse. A presidente afastada mencionou os áudios, recentemente veiculados pela mídia, de conversas entre o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, investigado pela operação Lava Jato, com políticos, que indicariam motivação meramente política para o afastamento da presidente.
Rousseff afirmou que o impeachment tem interesse de paralisar as ações da investigação Lava Jato. Além disso, declarou que o afastamento ocorreu com a intenção de enfraquecer programas sociais de repasse de renda e de inclusão. A presidente afastada comentou ainda sobre a importância da Petrobras e do pré-sal para a soberania do país, e, por fim, criticou os rumos da política externa brasileira com a nomeação de José Serra para o Ministério das Relações Exteriores.
APOIO – A atriz brasiliense e egressa da UnB Camila Márdila, intérprete da personagem Jéssica no filme Que Horas Ela Volta, de Anna Muylaert, foi chamada ao palco por Dilma. “A Camila representou a igualdade, a postura de luta e de força das Jéssicas e Jéssicos do Brasil”.
Além de Dilma, participaram do lançamento a professora Beatriz Vargas Ramos, da Faculdade de Direito (FD), e uma das organizadoras do evento; o professor e ex-reitor da UnB José Geraldo de Souza Junior; o professor da FD e ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão e o ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo.
Na plateia do auditório estavam o jornalista Paulo Moreira Leite, o ex-presidente da OAB nacional Marcelo Lavernère, os senadores Gleisi Hoffmann (PT/PR), Angela Portela (PT/RR), Fátima Bezerra (PT/RN), Lindbergh Farias (PT/RJ) e Humberto Costa (PT/PE), os deputados federais Erika Kokay (PT/DF) e Paulo Pimenta (PT/RS) e a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) Carina Vitral.
Beatriz Vargas, coautora de dois artigos do livro, afirmou que a obra atende ao “dever de contribuir com a finalidade de desmascarar o processo sem substância que querem chamar de impeachment, mas que chamamos de golpe”. Segundo ela, o objetivo da publicação é de “influenciar, de forma legítima, a decisão do Senado”. Durante a cerimônia, Vargas leu um Manifesto das Mulheres da UnB contra o Golpe e pela Democracia, assinado por alunas e servidoras docentes e técnicas da Universidade, contra o “sexismo, misoginia, violência de gênero e objetificação vivenciados na sociedade”.
A RESISTÊNCIA AO GOLPE DE 2016 - A obra é composta por 103 artigos, de autoria de professores, cientistas políticos, jornalistas e parlamentares, brasileiros e estrangeiros. Organizado por Carol Proner; Gisele Cittadino; Márcio Tenenbaum e Wilson Ramos Filho, o livro reúne textos publicados pela imprensa, ao longo do período da crise política.