Desenvolver nanossensores que detectam o nível de emissão de gases em diferentes ambientes. Esse foi o desafio de três estudantes do curso de Engenharia de Energia da Universidade de Brasília. O projeto foi base para os trabalhos de conclusão de curso de Priscila Gonçalves e dos irmãos Eduardo e Luiza Araújo.
A iniciativa foi desenvolvida sob orientação da professora peruana María del Pilar Hidalgo, na Faculdade UnB Gama (FGA). Com mais de dez anos de experiência na indústria petroquímica e depois de estudar o assunto durante o doutorado na Universidade de São Paulo (USP), foi ela quem trouxe a ideia para o campus.
O objetivo final do projeto é construir sensores mais avançados que os atuais equipamentos comerciais. Além de detectar o vazamento do gás no ambiente, a tecnologia seria capaz de informar o tipo de gás liberado e sua proporção no ambiente. O sensor também conseguiria detectar o vazamento com uma quantidade inferior de gás no ambiente e com tempo de resposta menor que os sensores convencionais, podendo ser emitida em menos de um segundo.
“São dispositivos que nos permitem, de maneira eficiente, detectar possíveis vazamentos ou emissões que prejudiquem o meio ambiente e a saúde do ser humano. Assim, é possível tomar medidas preventivas e corretivas imediatas”, explica a professora Maria Del Pilar.
Outra novidade seria desenvolver um dispositivo portátil que, entre outras funções, poderia ser utilizado por profissionais que fiscalizam o nível de poluição do ar. “Pode ajudar, por exemplo, um agente do Denatran, ao medir os gases expelidos por um carro, ou ainda por alguém que vai fiscalizar uma empresa que expele material poluente. Com esse sensor, ele poderá identificar o gás e sua proporção e assim verificar se está de acordo com a norma”, exemplifica Eduardo Araújo, que atualmente é aluno de mestrado na Faculdade de Tecnologia.
Para ele, a importância do aparelho é de revolucionar a área de sensoriamento de gases poluentes. “É você aperfeiçoar algo que já existe no mercado ou criar algo novo, como o dispositivo portátil. Portanto, é melhorar o controle da poluição, ter um gerenciamento mais rigoroso dos agentes poluidores e das emissões poluentes”.
“Além disso, é possível diminuir o desperdício e os acidentes causados pelo vazamento desses gases”, complementa a estudante Priscila Gonçalves, que ainda finaliza sua graduação.
FUNCIONAMENTO - Os nanossensores possuem partículas em escala nanométrica e são desenvolvidos em laboratório pelos próprios estudantes. Utilizando a metodologia conhecida como Método Pechini, eles sintetizam as nanopartículas, à base de dióxido de estanho. Em seguida, elas são dopadas com substâncias químicas, como nanotubos de carbono, cádmio, cobalto e outros agentes potencializadores.
Com os nanossensores, os estudantes testam a condutividade de diversos tipos de gases e em diferentes proporções e, com auxílio de um equipamento de caracterização elétrica, analisam o comportamento de cada um. Como cada gás possui uma resposta particular, conseguem definir a substância que está sendo vazada e a sua proporção.
No seu trabalho final de curso, Eduardo realizou a coleta de gases em uma estação de tratamento de esgoto e analisou um biogás proveniente de uma das etapas do tratamento. A amostra de gases da estudante Luiza Araújo foi retirada de uma indústria de bebidas, na qual ela estagiava na época. Já Priscila teve o gás natural como seu tema de análise.
O projeto contou com auxílio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e possui colaboração da USP, na utilização de equipamentos da instituição.