CIÊNCIA

Financiamento é do Instituto Serrapilheira e da FAPDF. Professores do IB e do IG investigarão uso de vírus bacteriófagos e a relação de ruídos sísmicos com monitoramentos por imagem, respectivamente

 

Dois jovens professores da Universidade de Brasília estão entre pesquisadores selecionados para receber entre R$ 500 mil e R$ 700 mil da FAPDF e do Instituto Serrapilheira ao longo de cinco anos. Suas propostas foram selecionadas junto com outras 30, de um total de 249, em processo seletivo nacional nas áreas de ciências naturais, matemática e ciência da computação. O edital foi destinado a pesquisadores com menos de 40 anos.

O professor Daniel Ardisson-Araújo tem um histórico destacado de pesquisas na área da biologia. Foto: Arquivo Pessoal

 

Daniel Ardisson-Araújo, professor e pesquisador no Departamento de Biologia Celular do Instituto de Ciências Biológicas (CEL/IB), vai investigar como o uso de um vírus pode ajudar a controlar insetos-praga na agricultura de modo mais sustentável.

“Os vírus que infectam e matam as bactérias são chamados de bacteriófagos, ou fagos. Os fagos são as partículas virais mais abundantes do planeta e estão presentes em todos os ambientes, inclusive dentro da gente", contextualiza.

"Os fagos são amplamente usados para matar superbactérias humanas resistentes a antibióticos por meio da fagoterapia. Assim, o projeto proposto ao Serrapilheira visa encontrar fagos para destruir as bactérias do intestino de insetos-praga da agricultura e afetar sua sobrevivência. Os fagos são altamente específicos para bactérias de insetos e não causam mal para a saúde humana e nem de outros organismos”, explica Daniel.

Sobre a possível aplicação prática da pesquisa, ele diz que “os fagos poderão ser administrados diretamente nas plantações e funcionar como auxiliares de outras estratégias de controle já empregadas nas lavouras e assim afetar a sobrevivência e sensibilidade dos insetos-alvo".

"Essa abordagem poderá diminuir os custos de produção (uma vez que inseticidas e sementes de plantas transgênicas são caros para o produtor) e, mais importante, reduzir o uso de agrotóxicos nas lavouras, de modo a tornar ecologicamente sustentável a produção de alimentos saudáveis; saudáveis para quem os consome e para o ambiente, numa perspectiva de ‘saúde única’ (one health)”, acrescenta.

Já Susanne Maciel, professora de matemática no curso de Licenciatura em Educação do Campo da FUP e no Programa de Pós-Graduação em Geociências Aplicadas e Geodinâmica do Instituto de Geociências (PPGGAG/IG), vai investigar como a composição física do ruído sísmico ambiente afeta os métodos de monitoramento por imagem baseados em ruído ambiente.

“Pretendemos envolver os estudantes de graduação da Licenciatura em Educação do Campo na divulgação científica e também no monitoramento das estações que pretendemos instalar com os recursos do projeto”, indica a professora Susanne Maciel. Foto: Arquivo Pessoal

 

“O ruído sísmico ambiente é resultado das interações entre a Terra sólida e vários fatores, como ondas do mar, vento e ação humana. Esta porção do sinal sísmico, que chamamos de ruído, pode ser usada para extrair informações do subsolo”, conta Susanne.

“A ideia do projeto surgiu ao longo das nossas últimas pesquisas usando métodos de monitoramento baseado em ruído sísmico. Aqui no Observatório Sismológico da UnB, já publicamos trabalhos onde analisamos o campo sísmico ambiente para monitorar barragens, deslizamentos de terra e até a camada mais superficial da lua", detalha a pesquisadora.

"Estas aplicações são muito importantes. Porém, durante estes estudos, percebemos que existe uma lacuna teórica na aplicação destes métodos e pretendemos dar contribuições nesse sentido”, completa.

APOIO – O edital que selecionou os cientistas é resultado de uma parceria entre fundações de amparo à pesquisa estaduais e distrital com o instituto privado Serrapilheira, criado em 2017 para apoiar pesquisas e atividades de divulgação científica no Brasil.

O total oferecido pelas FAPs foi de cerca de R$ 13 milhões e pelo instituto, de R$ 9,1 milhões. A ideia, com esse edital, segundo o Instituto Serrapilheira, é valorizar projetos de pesquisa “arriscados”, partindo da premissa de que “a ciência avança mais quando assume riscos”.

 

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