RECONHECIMENTO

Daniel Ardisson-Araújo (IB) e Luiz Antônio Ribeiro Junior (IF) assumem, em setembro, cadeiras de membros afiliados

UnB tem dois novos representantes afiliados na ABC, um do Instituto de Física e um do Instituto de Ciências Biológicas (prédio na imagem). O IB já possui uma docente entre os membros titulares da entidade. Foto: Beatriz Ferraz/Secom UnB

 

Dois professores da Universidade de Brasília integrarão o time de novos membros afiliados da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Daniel Ardisson-Araújo, do Instituto de Ciências Biológicas (IB), e Luiz Antônio Ribeiro Junior, do Instituto de Física (IF), foram eleitos em Assembleia Geral Ordinária da entidade para representar a região de Minas Gerais e Centro-Oeste. Os docentes serão diplomados em setembro de 2024.

A definição dos novos membros da ABC nas diferentes categorias se dá por indicação e, depois, por escolha pelos membros titulares. O processo eleitoral para titulares e correspondentes é feito com uma votação ampla; já para afiliados, após a indicação, uma comissão é estabelecida para escolha dos membros entre os indicados, por região do país.

Desta vez, 15 pesquisadores foram apontados para assumir como afiliados de Minas Gerais e Centro-Oeste. Sônia Báo, professora do IB e membra titular da ABC desde 2020, participou da comissão para escolha dos membros desta região e lista os requisitos para deliberação.

“Os pesquisadores, para serem indicados como membros afiliados, devem possuir menos de 40 anos de idade, com produção técnico-científica de destaque na sua área de atuação, formação de recursos humanos, independência em suas pesquisas envolvendo financiamento e liderança”, detalha, ressaltando que os professores da UnB atenderam aos parâmetros.

A seguir, conheça mais sobre os dois novos membros da ABC.

VÍRUS EM FOCO – Docente na UnB desde 2021, Daniel Ardisson-Araújo é mestre e doutor em Biologia Molecular pela Universidade, onde também graduou-se em Ciências Biológicas e fez estágio pós-doutoral. No doutorado, fez período sanduíche na Universidade do Kansas, nos Estados Unidos. Em 2016, foi vencedor do Prêmio Capes de Teses em Ciências Biológicas e do Prêmio UnB de Dissertação e Tese.

Como docente do IB, Daniel Ardisson-Araújo tem se projetado por pesquisas sobre a evolução dos vírus de insetos e o uso no controle de pragas agrícolas. Foto: Wanessa Montoril

 

Daniel iniciou a carreira docente naquele mesmo ano, na Universidade Federal de Santa Maria (UFMS), de onde é membro do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica Toxicológica. Na UnB, leciona a disciplina de Citologia para os cursos de Ciências Biológicas e Medicina Veterinária e é orientador do Programa de Pós-Graduação em Patologia Molecular da UnB, a nível de mestrado e doutorado.

É também bolsista de produtividade em pesquisa nível 2 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), na área de Microbiologia, e membro da Sociedade Brasileira de Virologia, da Society for Invertebrate Pathology e da American Society for Virology.

O docente do IB tem se destacado em pesquisas envolvendo a evolução de vírus de insetos e de outros organismos. Nessa perspectiva, incluem-se vírus que podem ser utilizados como controladores biológicos de pragas agrícolas, vírus geneticamente modificados que produzem proteínas de interesse médico e também aqueles que são vetorados por mosquitos para humanos, como é o caso da dengue, da zyka e da chikungunya.

“Dedico também minhas pesquisas à interação vírus-hospedeiro no contexto de infecções assintomáticas ou persistentes, o que inclui vírus de invertebrado e de plantas. Além disso, trabalho no uso de fagoterapia [tratamento que usa vírus para curar infecções] para modulação da microbiota de insetos de interesse agronômico, a fim de desenvolver ferramentas de controle biológico de praga para uma agricultura sustentável”, enumera Daniel.

Em 2023, o professor teve um projeto selecionado, dentro desta última temática, para receber fomento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) e do Instituto Serrapilheira.

“Acredito que ter sido eleito membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências esteja relacionado especialmente à minha trajetória acadêmica, que é expressa na minha paixão pela construção do conhecimento científico e da formação de pessoas, como professor e pesquisador”, comenta Daniel.

FORMAÇÃO DE EXCELÊNCIA – Luiz Antônio Ribeiro Junior tem toda sua trajetória acadêmica ligada à UnB. Fez graduação, mestrado e doutorado em Física, além de pós-doutorado na instituição. O incentivo para seguir carreira na área veio dos pais, Luiz Ribeiro e Zilda Ribeiro, além do tio, Fábio Bretas, que atuava em empresa em soluções de investimento no mercado financeiro a partir de aplicações em física, matemática e ciência da computação.

A UnB teve impacto tanto na formação em Física quanto no reconhecimento alcançado pelo professor Luiz Antônio Ribeiro Junior ao ser escolhido membro da ABC. Foto: Arquivo pessoal

 

Na iniciação científica, sob orientação do professor Geraldo Magela e Silva, descobriu o gosto pela pesquisa e pela docência. “O professor Magela, meu orientador desde o Pibic até o doutorado, desempenhou um papel fundamental em minha formação, não apenas no meu campo de pesquisa, mas também no entendimento do que significa ser um cientista. Sua orientação, somada às aulas dos excelentes professores do Instituto de Física e do Departamento de Matemática, proporcionaram uma formação sólida”, ressalta Luiz Antônio.

Durante o doutorado, teve oportunidade de passar dois anos, entre 2012 e 2014, na Universidade de Linköping, na Suécia, e de atuar com Sven Stafström, renomado pesquisador na área de ciências computacionais. Em 2015, tornou-se professor do Instituto de Física da UnB e, atualmente, é coordenador do Programa de Pós-Graduação em Física.

Luiz Antônio tem conduzido projetos para o desenvolvimento de novas metodologias em modelagem e simulação de nanomateriais. “Minha pesquisa recente tem se concentrado no estudo teórico das propriedades físico-químicas de nanoestruturas, com ênfase em novos nanomateriais. O objetivo é propor nanomateriais mais eficientes para aplicações em conversão e armazenamento de energia. Dentre os problemas investigados, destacam-se as propriedades estruturais, mecânicas, padrões de fratura, transporte e recombinação de portadores de carga e degradação em atmosferas gasosas desses sistemas nas formas de monocamada, nanotubo e nanoscroll”, detalha.

“É uma verdadeira honra e responsabilidade ser eleito como membro afiliado da ABC, uma instituição de notável prestígio e relevância nacional, com mais de um século de história. Representar os jovens cientistas e os pesquisadores da UnB nesta categoria é também um grande privilégio”, comenta, sobre a eleição. Ele foi indicado pelo professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Douglas Galvão.

Luiz cita o papel da UnB nesse processo ao criar um cenário favorável de apoio à pesquisa que “atrai recursos humanos qualificados, contribuindo para a formação de um ambiente altamente produtivo e propício ao desenvolvimento de projetos de pesquisa de vanguarda”.

Membra titular da ABC desde 2020, Sônia Báo participou da comissão que elegeu os novos afiliados da Associação. Foto: Leonor Calasans/IEA USP


CONTRIBUIÇÕES NA ABC – Os eleitos para afiliados permanecem por cinco anos na associação. A professora Sônia Báo lembra que eles “possuem, de forma bastante significativa, o papel de divulgação científica para a sociedade, demonstrando o papel da ciência e da educação para o desenvolvimento social e econômico do país".

Os membros titulares atuam nos processos de internacionalização dos grupos de pesquisa e programas de pós-graduação. Os correspondentes, por sua vez, participam em comitês e comissões que ajudam a pensar o ecossistema de ciência, tecnologia e inovação no país e subsidiar políticas públicas.

“O papel da ABC está na articulação da comunidade científica com as esferas governamentais e a sociedade, desta forma atuando de forma organizada no ecossistema de ciência e tecnologia da país”, pontua a titular. “A atuação junto à entidade demonstra que você faz parte do sistema e tem o reconhecimento da sua contribuição na construção do conhecimento científico”, frisa.

 

 

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