RECONHECIMENTO

Evento marca centenário do ex-senador, professor da Faculdade de Comunicação e jornalista Pompeu de Sousa

 

Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado

 

O Senado homenageou, nesta segunda-feira (13), o centenário de nascimento do ex-senador, professor e jornalista Pompeu de Sousa (1914-1991) em sessão especial no Plenário. Requerida e presidida pelo senador Cristovam Buarque (PPS-DF), a sessão reuniu parentes e amigos do homenageado, que ressaltaram a palavra liberdade para descrever as ações e o caráter de Pompeu de Sousa.


O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) afirmou que a biografia de Pompeu de Sousa valia por uma verdadeira aula de história. Para Raupp, Pompeu revolucionou a imprensa e a política. Ele afirmou que o ex-senador foi uma das “raríssimas unanimidades da vida pública”.


"Quando morreu, em 1991, aos 77 anos, era dessas raríssimas unanimidades da vida pública, um homem sem desafetos, amado por seus amigos e por sua família e admirado por todos nós. Deixou uma imensa lacuna na política, no magistério e no jornalismo do nosso país", afirmou.


Cristovam citou várias palavras que o faziam lembrar Pompeu de Sousa, como "alegria", "jovialidade", "jornal", "professor" e "Brasília". O senador ressaltou a importância do político e jornalista para a autonomia do Distrito Federal e para a liberdade de imprensa. No Senado, Cristovam o qualificou como um democrata, que ele faz falta para os dias atuais em que os políticos perderam a capacidade de agregar e de levar o país para o futuro.


"Hoje Pompeu faria falta, porque nós políticos perdemos a capacidade destas duas forças: nem estamos conseguindo agregar, nem estamos demonstrando um projeto motor de para onde levar o Brasil nos próximos 50 anos. Hoje a gente não tem perspectiva de cinco meses adiante. Essa é uma falha do momento que nos deixa em uma situação constrangedora".

 


Reitor da Universidade de Brasília, Ivan Camargo destacou a palavra "liberdade", muito repetida no vídeo exibido durante a sessão sobre a vida de Pompeu de Sousa, produzido pelo Centro de Produção Cultural e Educativa da UnB (CPCE).

 

"Como é importante ouvir isso na nossa Universidade de Brasília. É esse conceito que eu queria realçar da personalidade do nosso homenageado de hoje e clamar para todos nós continuarmos repetindo. Com autoritarismo não vamos a lugar nenhum".


Ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Carlos Fernando Mathias relembrou vários episódios da vida de seu amigo Pompeu de Sousa. Em especial no tempo em que este trabalhou na prefeitura do Distrito Federal. Já o professor Fernando Oliveira Paulino, diretor da Faculdade de Comunicação da UnB, mencionou a importância de Pompeu de Sousa na intervenção para a exibição do filme Rio 40 graus, de Nelson Pereira dos Santos, que havia sido censurado nos anos 1950; na edição das regras de redação do Diário Carioca, que provocou uma reforma no jornalismo brasileiro e na Constituição de 1988, quando contribuiu para a criação do Conselho de Comunicação e do conceito de comunicação pública.


"Que saibamos manter esse amor, essa paixão, esse entusiasmo. Viva Pompeu!", disse Paulino.


Estavam na sessão a viúva de Pompeu de Sousa, Othília Pompeu de Sousa Brasil, e a filha dele, Ana Lúcia Pompeu de Sousa Brasil.


POMPEU DE SOUSA – Nascido em 1914, em Redenção (CE), Roberto Pompeu de Sousa Brasil diplomou-se em Sociologia e Psicologia. Foi para o Rio de Janeiro em 1931 e inicialmente trabalhou em jornais da cidade. Foi responsável por inovações importantes no Jornalismo. Introduziu o lead no Diário Carioca (1950), a técnica da pirâmide invertida (estruturação de texto com a informação mais importante no início) e o primeiro manual de redação da imprensa brasileira.


Foi secretário de imprensa de Tancredo Neves (1910-1985), quando este foi primeiro ministro (1961-1962). A convite de Darcy Ribeiro (1922-1997), ajudou na criação da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB), da qual foi professor. Demitido da Universidade após o golpe militar de 1964, retornou para a redação. Foi diretor da Editora Abril, responsável pela sucursal da revista Veja entre 1968 e 1978.


Assumiu em 1985 a Secretaria de Educação e Cultura do Governo do Distrito Federal. Foi senador constituinte pelo PMDB, no mandato de 1987 a 1991, sendo autor de parágrafo do artigo 220 da Constituição Federal que prevê a liberdade de imprensa. Faleceu aos 77 anos, em 11 de junho de 1991.

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