Os estudantes do 9o semestre de Engenharia Aeroespacial da UnB Igor Kinoshita, Lucas Brasileiro e Sebastião Roni estão de malas prontas para um ano de estudos e estágio em um dos mais importantes centros de pesquisa do mundo na área aeroespacial, o Instituto Superior de Aeronáutica e do Espaço (ISAE), em Toulouse, na França.
“O ISAE Supaero faz parte do maior polo aeroespacial da Europa, sendo o segundo do mundo”, destacam os futuros engenheiros. “É mais uma conquista para o curso de Engenharia Aeroespacial da UnB. A responsabilidade de estar lá representando a Universidade é grande”, dizem.
Segundo eles, foram selecionados estudantes do mundo inteiro. O resultado da seleção saiu em maio. Igor e Sebastião viajam no final deste mês e Lucas, no início de agosto, quando termina a última sessão de radioterapia. “Soube que havia sido selecionado ainda no hospital”, conta o estudante, que luta para vencer um câncer descoberto em abril deste ano.
O intercâmbio faz parte de acordo de cooperação assinado em 2014 com o governo francês. No Brasil, a Agência Espacial Brasileira (AEB), a UnB e o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) participam do programa que envolve duas grandes empresas de fabricação de aviões e sistemas espaciais, a Airbus e a Astrium.
“O campo de atuação do engenheiro aeroespacial é amplo”, observa Lucas. O profissional desta área está preparado para projetar aviões e foguetes, por exemplo. “Também há engenheiros aeroespaciais na indústria automotiva e no mercado financeiro”, cita.
“Nosso sonho, no entanto, desde criança, é desbravar o espaço”, dizem em coro. Atingir esse objetivo, segundo eles, não é fácil. Até hoje, apenas um brasileiro conseguiu o feito, o astronauta Marcos Pontes. “Estamos dispostos a explorar o desconhecido. É desafiador.”
“Sempre soube que queria fazer Engenharia”, diz o paulista Igor Kinoshita, 21 anos. “Quando era criança, desmontava aparelhos e brinquedos, e pesquisava sobre a vida de piloto. Passava horas admirando as imagens de foguetes e planetas que via nas revistas que um tio trazia do Japão.” Igor pretende estudar sinais e sistemas no instituto francês.
O baiano Sebastião Roni, 24 anos, relata o mesmo fascínio. “Gostava de engenharia e tinha muita curiosidade sobre o espaço.” Ele aproveita a oportunidade na França para se especializar em mecânica dos fluidos.
Lucas Brasileiro, 27 anos, lembra dos aviões da Força Aérea Brasileira. “Meu pai é cirurgião dentista da FAB e lembro que eu ficava olhando as aeronaves quando ia visitá-lo no trabalho”, conta. Durante o programa, o brasiliense irá se concentrar no estudo de estruturas.
ENGENHARIA AEROESPACIAL – Criado em 2012, o curso de Engenharia Aeroespacial da UnB comemora realizações, como o lançamento de satélites e o acordo de cooperação com o polo espacial francês.
Com um corpo docente de jovens especialistas, dois terços dos professores são estrangeiros. Há ucranianos, italianos, um alemão, um sul-coreano e um francês pesquisando no campus da UnB no Gama.
Entre os pesquisadores brasileiros está o professor Sérgio Carneiro, que ajudou a desenvolver no Brasil a aeronave cargueira KC-390 da FAB. “Apesar de novo, o curso tem várias conquistas”, orgulha-se Igor Kinoshita.