O projeto de extensão Empoderando Mobilidade e Autonomia (EMA), da Universidade de Brasília, participou da terceira edição do Cybathlon – as Olimpíadas Biônicas – em Zurique, Suíça. A EMA pesquisa e desenvolve tecnologias para pessoas com deficiência motora e tem suporte financeiro do Fundo de Apoio à Pesquisa (FAPDF). A competição ocorreu entre 25 e 27 de outubro de 2024.
Coordenada pelo professor da Faculdade de Ciências e Tecnologias em Engenharia (FCTE) – campus UnB Gama Roberto Baptista, a equipe ficou em sexto lugar na categoria Corrida de Bicicleta com Eletroestimulação Funcional.
O projeto enfrentou dificuldades financeiras entre 2019 e 2023, pois, segundo Baptista, não recebeu orçamento para alunos bolsistas ou para troca de equipamentos. O coordenador colocou como destaque positivo a equipe ter conseguido ir à competição, com apoio da UnB e FAPDF.
A tecnologia aplicada funciona a partir de impulsos elétricos de baixa energia aplicados em eletrodos superficiais na pele, que permitem a estimulação do músculo. O projeto possibilitou ao piloto (como são chamados os competidores do Cybathlon) da equipe, Estevão Lopes, pedalar.
Lopes ficou paraplégico após ser atingido por uma bala perdida em 2012. Três anos depois, entrou para equipe do EMA e competiu nas três edições do Cybathlon. A prova consiste no uso da tecnologia por pessoas com deficiência motora para movimentação das pernas para pedalar um triciclo, ela tem duração de oito minutos ou dois quilômetros, o que se der primeiro.
O piloto brasileiro realizou o percurso em 7 minutos e 44 segundos. “A gente teve um desempenho de igual para igual com grandes centros de pesquisa”, afirmou o coordenador do EMA.
Em atividade desde 2015, o projeto é composto por 16 alunos de graduação e pós-graduação das áreas de fisioterapia, engenharia e educação física, além de cinco voluntários com lesão medular, sendo quatro mulheres. Sobre representação feminina, Baptista considera problema sério e crítico a falta de alunas no EMA: “acho que na próxima rodada do processo seletivo, vou colocar cotas para garantir que a gente tenha participação feminina”.
Além da preparação para o Cybathlon 2028, o coordenador destacou três aspectos para o futuro do EMA: “Inovação tecnológica, atendimento à comunidade externa e desenvolvimento científico”.
O projeto de extensão busca integrar outros centros de pesquisa e instituições de saúde à iniciativa com objetivo de melhorar o desenvolvimento tecnológico nacional, para que funcione como tratamento a pessoas com lesão na medula. “O projeto EMA está sendo desenvolvido para oferecer esta tecnologia para outras pessoas com deficiência”, afirmou Lopes.
Assista à prova Corrida de Bicicleta com Eletroestimulação Funcional do projeto EMA: